Volume 1

Capítulo 24: Chamas que Projetam Sombras

Colth respirou fundo, parecia que os seus pulmões não se enchiam de ar há muito tempo, engasgou e tossiu imediatamente. Finalmente estava acordado.

Ao observar confuso o seu arredor, o rapaz percebeu que estava deitado sobre o sofá no mesmo cômodo de antes. Os primeiros raios de Sol do dia atravessavam as frestas da janela do segundo andar do prédio do restaurante, isso o confundiu imensamente, não havia tido noção alguma da passagem de tempo.

— O que...

— Até que enfim você acordou, Colth. — Celina interrompeu as dúvidas. Do outro lado do quarto, a garota estava sentada ao chão e encostada na parede com os seus olhos inexpressivos de sempre.

— E-eu... — Pensou por um segundo, em seguida, quase como em um instinto de sobrevivência, Colth levou as suas mãos para a região da barriga, passou-as sob a sua camisa branca procurando por algo, mas não achou. — O quê? Eu tenho certeza de que havia levado um tiro. Como...

— Não. — A garota novamente interrompeu as palavras confusas do rapaz e se levantou escondendo o rosto na própria sombra. — Você não levou tiro nenhum.

— Não? — A bagunça na cabeça dele era notável nas suas expressões. Fechou os olhos para tentar resgatar as memórias, sua última lembrança era a de sentir uma dor imensa em conjunto a um frio cruel. — Não me lembro de muita coisa. Mas podia jurar que o Gerente me acertou com... O Gerente! Onde ele está? — Pulou do sofá e ficou em alerta.

— ... — Ela se calou.

— Celina, o que aconteceu?

— E-eu... Foi um tiro de raspão! — desembuchou a garota.

— Hã?

— Isso. E você desmaiou de susto.

— Eu, o quê?

— Espera. — Celina levantou a mão interrompendo Colth por uma terceira vez.

— Espera nada. Eu quero entender o que... — o rapaz exclamou com as mãos, mas foi inteiramente ignorado.

— Tá sentindo esse cheiro? — Ela mudou completamente o tom da conversa ao se concentrar no olfato.

— Cheiro?

— Parece algo queimando.

Dois segundos foi o necessário para ambos concordarem que o cheiro de madeira carbonizada no ar era evidente.

— Merda... — Colth não pensou uma segunda vez, seguiu para a única porta do cômodo e a escancarou.

Sua visão foi tomada por uma fina fumaça esbranquiçada que vinha das escadas para preencher parte do corredor enquanto o fedor de brasas se intensificava.

Era óbvio que o prédio, pelo menos o térreo dele, estava em chamas.

— Precisamos sair daqui! Agora! — Ordenou o rapaz.

— Isso é...

— Droga — disse ao sentir o calor vindo do final do corredor.

                A garota ao seu lado observava a fumaça pensativa e logo se anunciava:

— Ainda dá tempo de descer e sair pela porta da frente do restaurante. — Celina se fez ouvir com o seu olhar frio. A sua determinação era sútil, mas presente.

— Você tá brincando? Não, vamos pela janela.

— Não. — Deu um passo na direção dele. — Me escuta, a fumaça ainda é clara por causa da humidade, ela está pouco densa e há oxigênio nos limites.

—...quê?

— Ainda dá para enxergar e não morrer intoxicado pela fumaça se sairmos agora.

—... — A resposta do rapaz foi o engolir seco após fechar os olhos para se autoconvencer. — Tudo bem.

Colth se juntou a ideia, ambos se preparam para mergulhar na névoa do térreo do prédio. Seria uma corrida arriscada.

— Espera. — Colth segurou a largada e tomou a atenção de Celina antes do que estava por vir. — Eu não desmaiei de susto, né?

Celina se calou e voltou a focar na fumaça a frente, simplesmente fingiu não se importar.

— Eu sabia. — O rapaz se vangloriou. — Você é uma péssima mentirosa.

— Podemos ir agora?

— Claro. — Colth estranhou minimamente o sarcasmo vindo dela, mas se convenceu de que aquela não era hora para considerar aquilo, se apressou. — Vamos sair logo daqui.

O ar quente se acumulava junto com a fumaça mais escura enquanto as paredes rangiam à medida que eram consumidas pelas chamas incessante que se alastrava por boa parte do salão principal do restaurante.

Sem tempo para pensar. e muito menos para falar, os dois rapidamente correram através do pouco espaço que o fogo ainda não atingirá. Atravessaram a cozinha e o salão em poucos segundos enquanto tapavam o nariz e prendiam a respiração.

Celina tinha razão, a visão ainda não tinha sido comprometida, e a maior dificuldade encontrada foi o ar quente na região mais alta do ambiente, problema que foi contornado ao se esgueirarem agachados por todo o salão.

Colth se jogou na porta da entrada do estabelecimento para que ela abrisse de uma só vez. Deu certo, ele caiu sobre a calçada da praça das duas velhas árvores e rapidamente olhou para trás para acompanhar Celina saindo em meio as fuligens. Respirou fundo o ar fresco ao se assegurar que ela estava ao seu lado em bom estado.

— Droga... — Celina sussurrou o seu pensamento com os olhos tomados pela paisagem.

— Hã? — Colth seguiu o olhar da garota para observar todo o restante da praça.

Não pôde deixar de lembrar das palavras de Garta sobre as histórias de guerra vindas de Nyasan. Era como um pesadelo, um pesadelo real.

Pessoas corriam desesperadas pela praça comercial, algumas com sérios ferimentos, outras com baldes cheios da água. As chamas se alastravam não só pelo restaurante, mas por vários outros prédios ao redor. As duas grandes árvores que completavam a beleza da simpática praça, agora queimavam como enormes fogueiras, a tenda que um dia serviu de refúgio para os artistas de rua, agora estava ao chão sobre o entulho recém exposto.

O barulho de gritos, e de crianças chorando desesperadas, tomavam conta dos ouvidos dos dois que demoravam a ter qualquer reação que não fosse o arregalar dos olhos.

— O que está... — O rapaz não conseguia nem raciocinar uma pergunta plena para tudo aquilo.

Nesse momento, os barulhos de dois disparos foram ouvidos, em seguida, o chão tremeu e um barulho alto e grave, vindo da mesma direção de uma das laterais da praça, tomou a atenção deles.

— O que foi isso? — Celina se desvencilhou dos pensamentos quanto ao desastre na praça.

— Parece... um animal.

A resposta com o palpite de Colth foi seguido com olhares ao seu entorno mais uma vez, vislumbrou um grande vulto a sair de trás das árvores em chamas. Realmente assemelhava-se um animal, não só nos sons, mas em toda a sua forma física.

Uma criatura enorme perseguindo uma pessoa em meio a praça. E quando não teve sucesso na captura de sua presa, soltou uma espécie de rugido que ecoou por todo o bairro residencial.

— Aquele é o Edgar? — Celina forçou os olhos para reconhecer a pessoa fugitiva.

— Mas o que... — O rapaz respondeu em tom confuso poupando as palavras mais duras.

— E aquilo... é sem dúvidas uma criatura sombria — Celina pensou alto.

— Criatura sombria?

— É um contra-ataque — A garota chegou a sua conclusão antes mesmo de Colth entender a questão.

— Do que você está falando, Celina?

— Um contra-ataque do império — respondeu de imediato em tom calculista. — Uma retaliação após a tentativa de motim de ontem.

— Retaliação?... Droga! Temos que ajudá-lo.

— Ajudar? Ele tentou te matar.

— Não percebe? Ele está se fazendo de isca. Se não ajudarmos, essas pessoas serão as próximas a serem perseguidas.

Colth não mediu esforços, avançou mesmo sem convencer a garota. Ela, por sua vez, só pode acompanha-lo, mas não deixou de indaga-lo.

— Do que você está falando? Não temos nada a ver com isso. Devíamos fugir aproveitando a “isca”.

— Se quiser pode se esconder. Eu prefiro o meu plano.

— Plano? — perguntou ela sem receber a resposta.

Viu as costas do rapaz se distanciando em caminhada, pensou na possibilidade de apenas abandoná-lo e realmente se esconder, não o fez. Celina o seguiu mesmo em desavença.

Se aprofundaram na praça e, assim que chegaram mais perto de Edgar, puderam notar mais detalhes do animal monstruoso perseguidor.

Uma criatura bípede, com quase três metros de altura estava prestes a atacar o Gerente com força total em sua corrida.

Com os seus pequenos olhos negros que demonstrava apenas raiva ao focar sua presa, o ser evocava a aparência de vários animais em apenas um. Seu corpo era minimamente humanoide, mas seus músculos eram enormes como o de um touro. Suas mãos eram grandes e suas garras quase tocavam o chão em sua posição natural, eram como lâminas afiadas que poderiam se tornar ferramentas da morte a qualquer momento. Onde se esperava ver pés, se via cascos sólidos como o de bovídeos. Tudo isso era envolto em uma pelugem grossa e cinzenta que dava ainda mais volume a todo aquela forma ameaçadora.

Os prédios ao redor em chamas derrubavam mais destroços sobre o espaçoso calçamento da praça, uma grande parede de tijolos se soltou de uma das construções e por pouco não acertou em cheio Edgar.

O homem se assustou, mas não temeu. O grande problema foi aquele amontoado de pedras e escombros interromper a passagem dele em corrida. Ficou cercado, de um lado os escombros e os prédios em chamas, do outro a criatura que se aproximava veloz.

— Droga... — Odiou o destino certo.

Edgar virou o rosto esperando o pior, a criatura estava bem diante dele, se preparou para ser atingido pelas garras afiadas, mas antes que viesse a fechar os olhos em desistência total, algo chamou a atenção da monstruosidade.

Uma pedra arremessada pelas costas acertou em cheio a cabeça da criatura, mesmo sem consequência danosa, o animal se sentiu imediatamente provocado.

— Aqui! Sua coisa horrenda! — gritou Colth sem pensar em mais nada.

Ao notar a presença de mais pessoas, a criatura parou, se virou, e encarou com ódio o rapaz barulhento.

— Esse era o seu plano? — perguntou Celina desapontada ao lado de Colth.

Ambos se espantaram amedrontados, não só pela imponência do físico da criatura, mas também pela sua face desconfigurada. Os olhos eram pequenos e apertados, no lugar da boca e do nariz, havia um focinho longo que poderia ser confundido com uma pequena tromba de elefante e, se não bastasse, uma língua comprida saia dela de tempos em tempos para experimentar o gosto do ar a sua volta.

— O que é isso? — Colth fez a pergunta já sabendo parte da resposta.

Era óbvio que era uma criatura sombria. Mesmo nunca tendo avistado uma, o rapaz teve certeza no momento em que colocou os olhos naquilo.

— Vocês... — Edgar sussurrou desacreditado recuperando o fôlego perdido pela corrida.

Os prédios ao redor continuavam em chamas, assim como as duas únicas arvores ali, mas o que preocupava todos eles, era a criatura há alguns metros adiante.

Ela ficou agitada repentinamente, começou a socar o chão de pedras polidas da praça berrando a sua fúria. Colth aproveitou a oportunidade para buscar respostas na sua colega posicionada ao seu lado:

— O que fazemos agora?

— Por que está olhando para mim? — reagiu Celina em surpresa. — Foi você quem quis enfrentar a criatura.

— Eu achei que...

A criatura finalmente parou de socar o chão e interrompeu o rapaz, olhou para os dois adiante e ergueu uma das mãos com vários pedaços de escombros e pedras. Não pensou duas vezes, arremessou o que tinha na direção deles.

— Cuidado! — Colth segurou firme os ombros da garota e se jogou ao chão para desviar de qualquer pedaço de pedra.

Os escombros passaram zunindo pelo ar e acertaram o chão vazio.

—Merda — o rapaz expressou a sua tensão no chão ao lado de Celina. —Você está bem?

Ela se levantou acompanhando-o e respondendo positivamente com olhares. Alguns poucos arranhões passavam despercebidos, ou talvez, eram muito pequenos em relação aos que foram evitados.

— É um capelobus — disse Celina pouco ofegante.

— Cape... o quê?

— É uma criatura sombria. Droga, temos que...

A garota teve suas palavras cortadas por um forte rugido ensurdecedor vindo da criatura. O barulho poderoso da fera estremeceu o chão. Celina rapidamente puxou Colth pelas mãos e correu sem anúncios.

Uma rajada cortante de ar quente soprava onde os dois já não estavam. Uma velha carroça despedaçada ao fundo foi acertada de longe e escureceu de imediato criando brasas com o calor.

Celina havia salvado eles daquele mesmo destino.

— Como você... — Colth se impressionava.

— Temos que sair daqui! — respondeu interrompendo a surpresa do rapaz.

“Que poder absurdo...” Os pensamentos de Colth refletiam a sua sensação de incapacidade frente a uma força nunca antes vista por ele. Se tivesse sido acertado por aquela rajada de vento, teria sido queimado vivo.

No momento em que o rugido cessou, um disparo foi ouvido do outro lado da praça. A bala de chumbo veio do revólver de Edgar, acertou as costas cobertas de pelos da criatura, mas não pareceu fazer qualquer efeito, exceto, o de novamente roubar a atenção do monstro.

A fera se esqueceu de Colth e Celina, sua concentração era voltada a Edgar novamente.

— Como a gente para essa coisa? — Colth se aproveitou do segundo de paz para cessar a corrida e realizar a pergunta à Celina.

Ela já parecia estar pensativa quanto aquilo e não demorou para responder:

— Precisamos dar um jeito de atravessar aquela pele grossa. Se ao menos tivéssemos alguma...

Celina arregalou os olhos transparecendo se lembrar de algo. Imediatamente saiu em disparada na direção que a levaria para fora da praça, para longe do capelobus e de toda aquela confusão.

— Onde você vai!? — perguntou o rapaz novamente surpreendido ao perceber o debandar da garota.

— Eu tive uma ideia! Não fique parado quando o capelobus rugir! — gritou ela sem cessar a corrida em direção às ruas vazias do Norte.

— Péssima hora para bancar a garota misteriosa. — sussurrou Colth e voltou os olhos para a besta.

A criatura estava diante do outro homem, ele facilmente de desvencilhou de uma série de tentativas frustrados de golpes da criatura. Edgar correu em direção à Colth ao ganhar um mínimo de espaço da criatura mais lenta.

— Cadê a garota? — disse o mais velho.

— Boa pergunta.

— Você a deixou sair sozinha? Você sabe o quão ela é importante!?

— Ela não é uma simples peça de xadrez! — Colth se enojou com o tom e as palavras calculistas de Edgar. — Você é mesmo um babaca.

— Hã? Quanta ousadia. — respondeu o Gerente sem tirar os olhos da fera que se aproximava. — Aliás, não era para você estar morto?

— Esse morto aqui te salvou, deveria estar agradecido, isso sim.

— Como foi que você... Esquece. Aí vem ele! — Apontou para a criatura que iniciou uma corrida em direção aos alvos.

Ambos correram em direção opostas, desviaram do ataque do inimigo e deram a volta para se encontrarem novamente em meio a praça.

— Ela parece estar mais lenta — disse o Gerente.

— Você percebeu, é?

— Agora é uma ótima oportunidade para corrermos.

— O quê? Não mesmo — respondeu Colth observando a criatura dar meia volta para se focar novamente neles. — Temos que esperar. Enrolar a criatura. Não vai ser difícil agora com ela cansada.

— Que besteira! Para que serve isso? Não há mais nada a fazer aqui — disse Edgar afrontosamente.

— Droga — Colth se puniu. — E eu pensando que você estava se servindo de isca para manter as pessoas daqui seguras.

— Isca? — A pergunta de Edgar revelou que Colth havia realmente entendido errado as atitudes do homem.

— Diferente de você, eu penso nas pessoas que estão próximas daqui. Não podemos deixar essa besta sair dessa praça. — Colth já havia tomado a sua decisão. — Além disso, eu acredito na Celina — sussurrou ele.

— Bobagem!

— Engraçado, achei que você fosse bem mais amedrontador, mas é só um covarde valentão que se esconde atrás dos moradores daqui. — O rapaz não perdeu tempo, começou a caminhar em direção a fera.

Ainda com o olhar determinado e certo de si, Colth acreditou na garota e não deu chance para qualquer pensamento que confrontasse isso. Olhou para o céu acinzentado por um segundo buscando coragem e notou vários corvos sobrevoando e se aproximando da praça.

Por um segundo, imaginou que os pássaros estivessem sendo atraídos pelo fogo, mas tirou isso da cabeça e voltou a se focar na criatura.

— Vamos nos revezar para ganharmos tempo — propôs o Gerente ao alcançar o rapaz determinado que se surpreendeu. — Cansei de ser uma sombra.

Colth deu um leve sorriso para tirar a surpresa da cara. Aceitou o plano com os olhos corajosos.

— Se a criatura rugir, corra para longe. Pelo o que eu entendi, é o prenuncio daquele ataque de ar quente — comentou o rapaz enquanto Edgar se separava dele.

Definitivamente não era algo difícil, correr em círculos pela praça enquanto evitava um perseguidor lento e burro. Era como uma brincadeira de criança, a diferença é que se o perseguidor alcançasse o perseguido, fim de jogo e fim de vida. Colth se focou ao máximo tendo esse conceito em mente.

Dois minutos passaram e os corvos continuaram rondando a praça cercada por chamas e cinzas. Edgar era o alvo quando a criatura rugiu por uma segunda vez. Assim como foi dito, ele desviou da massa de ar quente repentina ao correr para perto de uma parede de tijolos no canto da praça. A fera continuou o perseguindo com os olhos focados em sua presa.

Era algo perigoso ficar encurralado daquele jeito, mas já tinha acontecido antes. A solução foi chamar a atenção da criatura jogando pedras em suas costas até ela trocar de alvo e desistir da vítima cercada. Havia funcionado anteriormente, Colth não teve dúvidas que funcionaria novamente. Ele então coletou pedras dos vários destroços espalhados pela praça e tacou sobre as costas da criatura mais uma vez.

A fera parou imediatamente, estava prestes a esquecer de Edgar e se focar em Colth novamente, mas algo inesperado aconteceu. Um dos vários corvos que sobrevoavam o céu por ali, pousou sobre uma janela logo acima da cabeça de Edgar, seria algo irrelevante e inofensivo, mas o pássaro começou a gruir efusivamente.

Edgar olhou para cima com estranheza e, observando de perto, percebeu que o pássaro não era um simples corvo, aquela era uma criatura sombria. O homem voltou a sua atenção a fera maior e a viu se voltando contra ele novamente.

Colth arregalou os olhos e se esforçou ainda mais com as pedras. Arremessou com toda a sua força acertando as costas da criatura, mas o corvo continuava a gruir e competir pela atenção do capelobus.

A criatura avançava a passos lentos para cima de Edgar encurralado entre as paredes de tijolos e o capelobus com fúria nos olhos.

— Droga...



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