Volume 2

Capítulo 78: O Passado que Assombra

— Por aqui! — Apressou Lashir, guiando os outros dois para a porta dos fundos do bar.

Colth e Mon saíram da taverna em corrida, alcançaram o exterior. A noite eterna com o céu morto sem brilho se destacava no apertado caminho de pedra. A mulher de olhos penetrantes fechou a porta para isolar a sombra perseguidora dentro do lugar.

Se viram na plataforma de pedra erguida sem qualquer apoio aparente do lado de fora. Observando o arredor, se via as linhas montanhosas preenchendo o horizonte. E a poucos passos dali uma queda mortal em direção as pontiagudas pedras nas profundezas da superfície de Nox.

— O que você está fazendo aqui, Lashir? — perguntou Colth com certa revolta.

— Continua sem me agradecer — respondeu ela sarcástica.

— Por que a Dilin está atrás de nós? Nos atacando? — interrompeu Mon, preocupado.

— O quê? — Lashir minimamente pasma. — Aquela sombra não tem nada a ver com a guardiã de Nox.

— Acho que o Mon vê aquela coisa com a aparência da Dilin — argumentou Colth.

— Espera, quem você chamou de guardiã de Lux? — perguntou o homem mais forte e foi completamente ignorado.

— Entendi, faz sentido ele enxergar a sombra dessa maneira — Lashir concluiu. — Afinal, ele não tem conhecimento nenhum de como é a aparência de uma corrupção. E isso faz com que sua consciência acabe substituindo a figura da sombra por algo ameaçador à altura. Talvez a coisa que mais lhe amedronte. Nesse caso, Dilin.

— Eu não acho Dilin ameaçadora — retrucou Mon.

— Pode mentir para nós. Pode mentir até para você mesmo, mas não para a sua consciência, Mon — resumiu Colth.

— Quê? Não entendi nada.

— Ah — suspirou Lashir coçando os olhos. — Eu havia me esquecido que você é completamente estúpido homem de músculos.

Mon irritou-se e estufou o peito em valentia:

— O que foi que você falou...

— Calma, Mon — apaziguou Colth. — O que queremos dizer, é que a Dilin que você viu na taverna, não é a verdadeira Dilin.

— Não é a verdadeira?

— Exatamente... é como se fosse a versão maligna da Dilin, algo que está no seu inconsciente. Mas eu estou aqui para te ajudar, não se preocupe.

— Quanta estupidez — reclamou Lashir.

Mon olhou para a mulher espantado pela amargura.

— Não liga para ela — interviu Colth. — Essa daí consegue ser insuportável até mesmo depois de morta. Aliás, Lashir, o que você está fazendo aqui?

A pergunta veio em tom zangado em direção a mulher de olhos rubis.

— Não é óbvio, não? — zombou ela antes de responder de fato: — Eu me mantive viva dentro de você, Colth. Esqueceu que você absorveu minha magia? Sou eu que impeço você de usar a magia de Rubrum.

— Como se eu quisesse usar uma magia terrível dessas.

— De qualquer forma, a consciência de Mon está repleta de magia de Rubrum, é quase como se eu pudesse me sentir viva aqui novamente.

— Espera — Colth finalmente se deu conta. — Foi você quem corrompeu o Mon. Você é a culpada por aquele ser de sombras.

A mulher não se importou nenhum pouco com a acusação. Ergueu o nariz sem nenhum arrependimento:

— Lashir machucou inocentes, corrompeu a mente de Mon e o utilizou como moeda de troca para ter a guardiã de Nox ao seu lado, etecétera e etecétera. Vamos pular essa parte, tá bom?

— Você é desprezível.

Lashir apenas elevou uma das sobrancelhas:

— Se eu estivesse viva, faria você engolir essas palavras, mas não é o caso. De qualquer maneira, precisamos dar um jeito naquela coisa de sombras, é o único jeito da consciência de Mon retornar. Vou ajuda-los, mas teremos apenas uma chance.

— E por que eu aceitaria ajuda sua? — perguntou Colth com todos os motivos para duvidar da mulher arrogante.

— Você não pode morrer aqui. Se acontecer, eu também acabo por desaparecer. Ainda preciso achar um jeito de tomar o seu corpo para mim e voltar viver de verdade.

— Q... quê? — gaguejou Colth com a sinceridade mórbida da resposta.

— Achou que eu tivesse te salvado por capricho? — perguntou perversa. — Bem, precisamos selar aquela corrupção para garantir a segurança dessa consciência.

— Selar? — Mon interrompeu.

— Isso. — Lashir levou seus olhos pretenciosos ao homem forte — Você tem alguma memória de algum lugar que possa servir para selar a corrupção?

— Memória?

A mulher respirou fundo impaciente:

— Lembra de algum lugar que pode ser usado para aprisionar a “Dilin maligna”? Algo como uma prisão.

— Ah. — Mon finalmente entendeu. — Eu acho que conheço um lugar...

No momento em que disse suas palavras, o mundo se dobrou e o lugar já era outro. Quando se deram conta, os três estavam em um quarto sereno.

O cômodo era caseiro com apenas uma porta e uma janela gradeada. Em cantos opostos, duas simples camas davam indícios de quem vivia ali.

— Isso não parece uma prisão — comentou Colth, olhando em volta para o quarto com poucas mordomias, mas que tinha um aconchego simples. — Que lugar é esse, Mon?

— É só um quarto.

— Eu percebi que é um quarto — retrucou sobre o óbvio o rapaz. — Não tinha um lugar melhor, não?

Lashir interferiu, examinando todos os cantos do cômodo:

— Não. Este lugar vai servir — disse ela confiante. — Colth, prepare um selo aprisionador com sua magia de Mutha. Vamos atrair a corrupção para cá e selá-la.

Colth estranhou de imediato:

— Espera. Eu não sei como preparar um selo. Eu não sei nem o que é isso.

— Você está falando sério? — Lashir apertou os olhos, julgando o rapaz. — Você mesmo quebrou o selo que aprisionava Tera, não foi?

— Selo é algo básico no uso de poder mágico — explicou Mon, tentando mediar a situação. — É uma das primeiras coisas que um guardião aprende. Na verdade, antes mesmo de nos tornarmos guardiões, aprendemos isso.

— Ah, desculpa se eu faltei as aulas do primeiro módulo de como se tornar um guardião — respondeu sarcástico Colth, disfarçando o seu constrangimento. — Se é tão fácil assim, por que vocês não preparam esse selo?

— Eu sou parte de você agora, esqueceu? — Lashir continuava impaciente. Encarou Colth explicando-se — Além disso, a magia de Rubrum corrompe, e não sela. Já o Mon aqui... bom, você já sabe.

— Já sabe? — perguntou o grandalhão sem entender. — Sabe o quê?

— Não é nada, não. Só é melhor você não usar magia por enquanto, tá bom? — disfarçou Colth e seguiu o assunto sem deixar espaço para novas dúvidas vindas do homem. — Se isso é algo tão simples, eu conseguiria aprender?

— Ah — Lashir suspirou furiosa. Totalmente contrária ao que estava prestes a dizer, mas teria de fazê-lo: — Tudo bem, vou te ensinar. Presta atenção, vou falar apenas uma vez.

Colth se assustou com a reação dela, mas não ousou em interrompe-la ou mostrar qualquer indício de desconcentração frente as palavras de ensinamento que estavam prestes a vir da mulher preponderante.

— Selos são como magia de longa duração. Alguns selos possuem o propósito de estar sempre ativados, alguns tem um vínculo mágico com o invocador, e outros apenas são ativados em condições específicas. Isso também depende da natureza de magia do portador.

— Depende da magia?

— Sim, é claro. A barreira que aprisionou Tera, por exemplo, só foi possível graças a magia de Mutha. Qualquer outra magia não seria tão resistente quanto ela.

— Eu destruí a barreira — argumentou Colth.

— E você usou a magia de Mutha para isso. É muito mais fácil queimar um selo com magia quando ela possui a mesma natureza mágica do próprio selo.

— Entendi.

— Chega de teoria, vamos colocar isso em prática. Preste atenção...

                                             ***

— Vão para a retaguarda da ilha! — gritou o guarda de armadura postado no pátio da fortaleza voadora enquanto civis corriam assustados com a explosão próxima dali.

Dilin avançou pelo pátio vinda do corredor principal. Ela estava furiosa, ofegante, raivosa. Avistou aquela cena de desespero e correria entre os seus servos que lhe infundiu ainda mais ira.

— Mestra Dilin — se dispôs o guarda, aliviado pela chegada da guardiã.

— Onde? — perguntou ela direta, caminhando a passos rápidos na direção oposta de onde os civis vinham.

O guarda teve de se adiantar para acompanhar a sua mestra e respondeu de imediato a indagação dela:

— Oficina número dois.

— E a sala do selo?

— Ordenei que todos os meus homens recuassem para guardar a sala central.

— Ótimo — finalizou ela. — Continue ajudando os outros, eu vou dar um jeito em quem nos atacou.

— Sim, mestra!

Sem cessar, Dilin avançou e deixou o pátio e o guarda para trás. Quando entrou pelo corredor, viu a destruição causada pela explosão. A tal oficina já não existia mais, ao invés disso, um buraco enorme na parede que revelava o exterior iluminado pelo sol do entardecer.

Dilin foi até a abertura e procurou pelo o que havia ocasionado aquilo. Ao colocar os olhos no ambiente externo, viu no alto a cidade capital de ponta cabeça e abaixo o infinito céu alaranjado, mas além disso, notou algo que jamais tinha testemunhado.

Uma máquina voadora. Como um simples barco para poucos tripulantes, mas que estava flutuando pelos céus graças a algum tipo de propulsão vindo de canhões de luz da parte inferior da máquina e que emitiam um brilho azul claro constante.

— Que porcaria é essa? — se perguntou Dilin, mas não perdeu tempo.

A bela garota de rosto angelical e temperamento incandescente se preparou para fazer uso de sua magia dando alguns passos para trás. Em seguida, correu na direção do rombo na parede e saltou por ele com bravura.

Agora do lado de fora, nada a separava de uma queda livre em direção ao céu e a uma morte iminente. No entanto, esse destino sombrio não a intimidava nem um pouco, especialmente por ser a guardiã de Nox.

Com as palmas das mãos apontadas para baixo, ela concentrou todo o seu poder mágico. Em vez de simplesmente cair, flutuou graciosamente pelo céu, movendo-se com a suavidade e a delicadeza de um beija-flor, mas com uma velocidade impressionante. Em questão de segundos, se aproximou o suficiente da estranha máquina voadora para perceber que havia apenas uma pessoa a bordo.

Era um homem solitário, navegando na pequena embarcação voadora no vasto céu e desafiando a ilha flutuante tão temida da guardiã de Nox.

— Pensei que não fosse aparecer — disse ele com a voz empostado para que suas palavras irônicas alcançassem a garota no céu.

— Quem é você? E o que quer? — rebateu Dilin ao sobrevoar a máquina. Em seguida, a guardiã pousou sobre a superfície da embarcação e fez questão de deixar evidente o seu rosto raivoso.

A máquina voadora era muito parecida com um simples barco de metal em uma pintura completamente cinza. Na parte traseira do que podia ser confundido com um convés de embarcação, havia uma área coberta, uma cabine especialmente projetada para abrigar os tripulantes em sua jornada pelos céus. Mais ao centro do convés, havia um conjunto de controles complexos, com botões, alavancas, um rádio, e mostradores que emanavam uma aura mágica. Esses controles permitiam que o piloto manobrasse a máquina, e era justamente onde o solitário tripulante se encontrava.

O homem de cabelos grisalhos, vestindo um elegante terno negro, exibia rugas de uma idade avançada em seu rosto, mas seus olhos permaneciam ocultos atrás de óculos escuros com lentes opacas presos à cabeça por elásticos.

— Quem sou eu? Ah, isso não importa. Receio de que você não se lembraria de mim. Meus dias de ser temido já estão no passado — delongou ele.

— Seja lá quem você for, vai se arrepender de atacar minha ilha.

— Onde está aquele bárbaro que sempre anda com você? Como era o nome dele mesmo? — perguntou o velho colocando a mão no bolso de sua calça refinada.

— Tsc. — A garota levou os dizeres como provocação. — Sabe de uma coisa? Não importa o que veio fazer aqui e nem quem você é. Eu não gostei de você, então vou lhe dar uma morte dolorida.

Dilin levantou uma de suas mãos, apontando a palma para o homem convencido do outro lado da máquina voadora.

— Jovens, sempre cometem o mesmo erro — disse ele ao ser alvo da garota guardiã.

O homem movimentou a mão dentro do bolso e, antes que Dilin utilizasse de sua magia, uma forte luz emanou do centro do convés da maquina voadora e tomou o céu com um brilho forte que era possível de ser visto a quilômetros dali.

Dilin perdeu completamente a noção de espaço, a luz provocou uma dor intensa nos seus olhos e a fez cambalear sem reação.

O brilho logo cessou e a guardiã de Nox retomou seu equilíbrio, viu o homem se aproximar caminhante até ela pelo convés.

Não perdeu tempo, esticou novamente o braço e aponto a palma da mão para o seu inimigo que nem hesitou. Não demonstrou, nem um pouco, o temor que geralmente os alvos de Dilin tinham antes de serem acertados pela magia de Nox.

A guardiã se esforçou, colocou toda a sua magia na palma da mão direita, pronta para aquele ataque. Seria tão poderoso que provavelmente o inimigo seria arremessado além dos céus para alguma outra cidade que não a Capital.

Não aconteceu. Nada.

— Mas o que... — se perguntou arregalando os olhos ao ver o inimigo tão perto e a sua magia anulada.

O homem sorriu com o canto da boca, como se tivesse acabado de vencer um combate que nem aconteceu.

— Sem magia, você não passa de uma garotinha perdida sem casa para onde voltar, não é?

— O quê... O que aconteceu? — se perguntou olhando para a palma das mãos sem entender o desaparecer de sua magia.

O homem ergueu a mão que estava no bolso de uma forma rápida e precisa. Acertou o rosto da guardiã com um único golpe. Um tapa com as costas da mão, tão forte, que a menina de corpo pequeno como uma boneca, caiu sentada ao chão do convés metálico.

— Não saía daí — disse o homem dando as costas para ela e caminhando até os controles do centro da máquina voadora.

Ele retirou seus óculos e alcançou o rádio ao lado das alavancas. Apertou um único botão e trouxe o microfone preso por um fio em espiral até a boca:

— Como está por aí?

O rádio respondeu em seguida:

Não me aprece, velho. — O som abafado vindo do alto falante da caixa metálica reverberou a voz masculina jovial do outro lado da comunicação via rádio.

Dilin permaneceu sentada ao chão do convés, ainda tentando entender o motivo de não conseguir utilizar sua magia. Pensou no que poderia fazer sem seus poderes, mas não encontrou muitas possibilidades.

— Eu estou com o alvo extra — disse o homem de preto ao microfone do rádio.

Aqui só tem a garota do chefe. Nada do nosso alvo.

— É óbvio que não seria tão fácil. Traz ela para cá, depois veremos o que vamos fazer — ordenou o homem.

Droga. — a voz no rádio pareceu decepcionado — Mas e se a...

— Não se preocupe com isso agora. Vamos achá-la. Eu tenho alguém que pode abrir a boca, bem aqui.

Enquanto o homem se mantinha atento ao rádio, Dilin lutava para se recuperar do golpe e da luz que a deixara atordoada. Aos poucos, sua visão se estabilizava e ela começava a sentir o retorno de parte de seus poderes. Com determinação, a guardiã de Nox se levantou cambaleante, pronta para enfrentar o homem que a havia capturado.

Ela esticou a mão novamente, concentrando a magia em sua palma. Desta vez, sentiu o poder mínimo fluindo através dela, restaurando uma parcela de sua força. Com um olhar determinado, Dilin apontou novamente a mão em direção ao homem de cabelos grisalhos, que não havia percebido a sua recuperação até então.

— Você vai se arrepender disso! — ela declarou.

O homem se virou pouco surpreso:

— O que você acha que está fazendo? A luz de Sathsai lhe acertou, ficará sem sua magia por mais algum tempo antes de...

Dilin não quis ouvir o resto. Determinada a recuperar o controle da situação, ignorou as palavras do homem e concentrou sua magia na palma da mão. No entanto, quando lançou o golpe na direção dele, algo saiu errado. A energia que emanou de suas mãos foi muito mais fraca do que o esperado, uma sombra do poder que ela normalmente comandava. Parecia um sopro suave, perto do furacão que planejava acertar.

Ela havia tentado utilizar sua magia para criar uma força gravitacional esmagadora, algo como um empurrão mágico que deveria jogar o homem para longe com uma intensa força direcional. Uma técnica que havia dominado completamente, no entanto, naquele momento, seus poderes pareciam completamente descontrolados e enfraquecidos. Ainda assim, a magia varreu parte do convés, mas com uma velocidade e força aquém da esperada.

O homem, surpreso, se esquivou facilmente da magia, se movendo com uma agilidade surpreendente. Em seguida, parou mostrando o seu rosto espantado para a garota:

— Como que você ainda consegue fazer isso?

— O que aconteceu com minha magia? — Dilin murmurou para si mesma, confusa e alarmada.

— Você é mesmo bem forte, não é?

O homem sorriu com um misto de surpresa e respeito em seus olhos, mas não perdeu tempo. Ele aproveitou a oportunidade para se aproximar de Dilin, movendo-se com uma agilidade que parecia contradizer a sua idade avançada.

Enquanto a garota tentava entender o que havia acontecido com seus poderes, o velho homem tentou um golpe rápido ao final de sua corrida em direção a ela.

Dilin, apesar de sua força mágica debilitada, não estava indefesa. Aproveitou sua velocidade e a vantagem de ter um corpo pequeno para se esquivar do ataque com passos leves para trás, mas acabou com as costas no final do convés da máquina voadora. Encurralada, mal teve tempo para respirar antes de o homem lançar mais um golpe habilidosos na sua direção.

Ele tentou um soco certeiro e rápido, claramente experiente na luta corpo a corpo, não permitiria tempo para a esquiva da guardiã. Mas a garota de Nox era surpreendente. Ela sabia que não o poderia vencer naquelas condições e que não teria agilidade suficiente nas pernas para se esquivar mais uma vez, então utilizou-se das mãos.

A sua magia havia demonstrado sinais de que estava debilitada e que não seria suficiente para empurrar o inimigo ou fazê-la levantar voo. Pensou em uma alternativa.

Apontou a palma da mão para o lado contrário ao que planejava se mover e utilizou de seu poder mágico. Novamente uma força rompeu o ar, mas o que importava era o contraponto daquilo. A garota deixou-se ser arremessada na direção oposta da força horizontal. Seu corpo pequeno deslizou para o lado e o soco do homem atingiu o vazio.

Havia conseguido se esquivar e se afastar do homem, mas ela tinha noção de que não era o fim.

Dilin se preparou para a luta que só havia começado. Sem todo o seu potencial mágico, ela se ajeitou e encarou o inimigo desconhecido com o rosto concentrado e determinado pelo o que estava por vir.

— Ah. — O homem, mesmo diante dessa reviravolta, não perdeu sua elegância e ajeitou o terno com tranquilidade. Virou-se com um sorriso sólido, mostrando respeito pela habilidade da garota. —  Impressionante. Mas não é o bastante, você vai me entregar a Garta, querendo ou não. Nem que eu tenha que derrubar esta ilha para resgatá-la.

— Eu não sei do que você está falando.

— Não se recorda da guardiã de Finn? Não me venha com essa — disse ele antes de elevar a sua voz com determinação: — Então farei você se lembrar!

O homem avançou pronto para mais uma sequência de golpes contra Dilin, que não teve tempo de pensar a respeito, e muito menos de responder.



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