Volume 9
Capítulo 7: E o Culpado Foi Revelado
— Não, sério, o que é isso...?
.....
O rosto de Masachika se contraiu ao encarar a cena absurda pela janela, logo na entrada da sala de aula. À sua frente, Alisa estava completamente sem palavras.
O que viram foi uma montanha de presentes — algo totalmente fora de lugar numa sala de aula. Estavam empilhados na janela, sobre a mesa de Alisa, somando cerca de vinte... Ou talvez até mais. Pelo menos, era isso que pareciam ser. O estranho, no entanto, era que alguns dos "presentes" não tinham embrulho nem fitas, o que tornava difícil saber se eram mesmo presentes ou apenas bugigangas aleatórias.
— Ah, droga.
— Parece que ela chegou.
— Aaah, parece que o tempo acabou, né~?
Vozes murmuravam ao redor. Quando Masachika e Alisa olharam para o lado, viram três alunos de pé junto ao quadro-negro, cada um segurando um giz colorido, escrevendo letras grandes e desenhando imagens. Pareciam estar desenhando festões, fitas e o que parecia ser um bolo inacabado. O texto grande que haviam escrito até agora dizia: "Feliz Anive—"
— Eh, isso é para mim? — murmurou Alisa, visivelmente surpresa com o gesto, enquanto olhava para a pilha de presentes em sua mesa e os desenhos e letras incompletos no quadro.
Ao ouvi-la, os três alunos no quadro — junto com o resto da turma — trocaram sorrisos sem graça, murmurando variações de "Opa..." e "Bom, que situação estranha...".
— Tipo, quando a gente entrou hoje de manhã, vimos esse monte de presente e um cartão de aniversário, então pensamos: "Vamos entrar na onda", sabe? — disse um dos alunos perto do quadro.
— É, é. Mas parece que não conseguimos terminar a tempo... — completou outro.
Um dos alunos que estava desenhando largou abruptamente o giz e começou a bater palmas.
— Feliz aniversário, Kujou-san! Parabéns!
A tentativa de contornar a situação embaraçosa com entusiasmo era óbvia. O restante da turma, apesar dos sorrisos constrangidos, começou a aplaudir também, e logo a sala estava tomada por aplausos.
— Feliz aniversário, Kujou-san!
— Feliz aniversário!
— Parabéns!
— Feliz aniversário!
— Parabéns! Embora eu nem saiba se é hoje mesmo!
— Hã, não é hoje? Mas agora já fomos longe demais, né...?
— Como é que ninguém sabe? Para constar, foi há dois dias! — Masachika soltou repentinamente.
— Parabéns! Então feliz aniversário atrasado!
— Só entusiasmo não vai te levar a lugar nenhum, Murayama!
(N/SLAG: Não confundir com Maruyama (Takeshi).)
Masachika interveio, notando a expressão incerta de Alisa, que claramente ponderava se deveria apontar que seu aniversário já havia passado. Decidiu poupá-la desse incômodo. Mesmo assim, o garoto que iniciou os aplausos apenas bateu palmas ainda mais alto, como se tentasse abafar o comentário de Masachika, o que provocou outra rodada de risadas na sala.
— Enfim, parabéns!
— Parabéns! É atrasado, mas é a intenção que vale!
Os aplausos só aumentavam. Alguém até assobiou no meio da celebração.
E assim, um turbilhão de comemorações tomou conta da Turma 1-B naquela manhã. No centro de tudo, Alisa — claramente desconcertada — forçou um sorriso ambíguo, mas inegavelmente feliz. Cobriu levemente a boca com a mão e disse.
— Obrigada... A todos vocês. Muito obrigada...
Ela estava, sem dúvida, completamente envergonhada — um contraste gritante com a expressão fria que normalmente carregava. Esse lado raramente visto de uma garota tão absurdamente bonita atingiu em cheio os corações de todos na sala, independentemente do gênero.
"""""!!"""""
Diante daquela cena, o volume dos aplausos e assobios aumentou ainda mais, e alunos de outras salas começaram a espiar pela porta, atraídos pelo barulho.
— Hm, é aniversário da Kujou-san?
— Uau, olha o tamanho daquela pilha de presentes!
— Isso é coisa de fã-clube, talvez...?
— Não sei o que está acontecendo, mas parabéns!
— Mas já faz dois dias!
Enquanto a agitação crescia, Masachika tentou mais uma vez acalmar os ânimos com outro comentário sarcástico. Mas com Alisa corando atrás dele, não havia chance de a confusão diminuir tão cedo. A roda de aplausos e felicitações só aumentava — até envolvendo gente que nem sabia o motivo da comemoração.
— O que está acontecendo aqui?
Nesse momento, uma voz cortou o caos, fazendo o ambiente silenciar um pouco. Era ninguém menos que Sayaka Taniyama, membro do comitê disciplinar do primeiro ano. Seus óculos brilharam sob a franja reta ao entrar na sala, com um olhar afiado que ignorava totalmente o alvoroço. Os alunos, tomados pela empolgação, passaram a exibir expressões culpadas e abaixaram as mãos.
— Alisa-san...? Bom dia. O que exatamente está acontecendo aqui?
— Bom dia, Sayaka-san. Eu também não sei... Acabei de entrar nisso tudo...
Seguindo o olhar de Alisa, Sayaka observou o quadro-negro e depois a pilha de presentes na mesa dela, ajustando os óculos.
— Presentes de aniversário...? Mas seu aniversário foi há dois dias. Por que agora?
— Bem, o dia mesmo caiu no fim de semana. Então acho que quem não pôde entregar antes deixou o presente hoje de manhã. E aí o resto da turma entrou na onda... — explicou Masachika, franzindo a testa em seguida. — Espera. Quem foi que colocou o primeiro presente aqui?
Ele voltou a encarar a enorme pilha de presentes. Não era como aquelas montanhas caricatas de caixas enormes que aparecem em mangás ou animes. Na verdade, havia apenas uma caixa grande, com o restante sendo pacotes finos ou caixinhas pequenas, do tamanho da palma da mão. Espalhados por cima e ao redor estavam coisas como lanches, bebidas e materiais escolares — claramente comprados recentemente.
— É... vocês definitivamente compraram isso agora há pouco... Olha só, os presentes são totalmente aleatórios — comentou Masachika, olhando em volta da sala.
Em resposta, a turma, que momentos antes estava mergulhada na empolgação, agora usava sorrisos sem graça — como se dissessem "fomos pegos, né?"
— Bom, os presentes estavam lá... Ia ser estranho ignorar e não fazer nada também...
— Desculpa, foi só algo que improvisei, mas achei que era melhor do que nada...
— Ah, não é nada disso. Na verdade, estou muito feliz. Me sinto mal por não poder retribuir nada agora, mas… Obrigada. Vou aceitar com prazer. Mas… Tem muito oshiruko aqui…
(N/SLAG: Shiruko (汁粉), ou oshiruko (お汁粉) é uma especialidade da culinária japonesa. Trata-se de uma sobremesa feita com feijão-azuqui cozido em água com açúcar e servida com moti.)
Ao olhar com uma expressão ligeiramente desconcertada para os mais de cinco potes de oshiruko, Alisa percebeu que toda a sala voltou os olhos para Masachika, como se esperassem que ele fizesse algo.
— Bem… De qualquer forma, vamos começar pegando as coisinhas menores… Isso, posso colocar algumas na minha mesa — disse Masachika, tossindo, um pouco sem jeito.
Ele arrastou sua mesa até a de Alisa e, juntos, começaram a organizar a pilha de lanches, bebidas e material de papelaria, separando tudo em montinhos distintos. O que restava eram vários presentes bem embrulhados, presumivelmente deixados por alguém que não era da turma.
Pegando um por um, Masachika examinou os fundos e as laterais, mas nenhum deles tinha mensagens, cartões ou qualquer pista sobre quem os havia deixado. A única coisa era um adesivo com um laço escrito "Feliz Aniversário!!", confirmando que eram presentes de aniversário, mas…
— Nenhum tem nome…
— Espera aí… Agora que parei pra pensar, não tem muita gente que sabe quando é seu aniversário, né? Tirando quem você convidou pra sua festinha outro dia… Mais alguém vem à cabeça?
— Ninguém que eu consiga lembrar.
Uma montanha de presentes de remetente(s) desconhecido(s), sem nenhuma pista de quem poderiam ser. Tomados por uma sensação crescente de desconforto, Masachika e Alisa hesitaram em mexer mais neles. Foi então que Sayaka, que observava tudo em silêncio, resolveu se pronunciar.
— Hm-hm… As coisas estão começando a parecer meio suspeitas, não acham? Que tal a gente, do comitê disciplinar, confiscar esses presentes por enquanto?
— Hã? Por quê?
— Trazer itens desnecessários como esses pra escola já é uma violação das regras. Então isso cai diretamente na jurisdição do comitê disciplinar. Além disso…
Sayaka deu uma olhada ao redor da sala e se aproximou um pouco mais de Alisa e Masachika, abaixando o tom de voz.
— (Também existe a possibilidade de isso ser algum tipo de sabotagem dos apoiadores da sua rival na eleição. Acho melhor abrir isso sob supervisão do comitê.)
— !!
Masachika se sobressaltou com a sugestão de Sayaka. Embora as eleições estudantis do colégio Seirei às vezes fossem acirradas, nunca haviam chegado ao ponto de sabotagem (tirando aquele evento durante o festival cultural, claro).
Ainda assim, o que Sayaka disse fazia sentido.
Ela tem razão… Não seria estranho se alguém recorresse a esse tipo de provocação agora que a eleição está chegando…
Se os presentes só tivessem tachinhas escondidas, seria só uma pegadinha inofensiva. Mas estamos falando da campanha eleitoral da Seirei. Não dava pra descartar a possibilidade de que os presentes tivessem escutas ou câmeras escondidas, permitindo ao responsável espionar e até chantagear Alisa.
Alguém como a Kiryuin teria coragem pra ir tão longe…
Pensando nisso, Masachika fez uma leve careta antes de assentir discretamente para Sayaka.
— (Valeu, Sayaka. Acho que fui descuidado porque as coisas estavam tranquilas demais ultimamente.)
Então, voltando-se para Alisa, ele falou alto o suficiente para que os outros ouvissem.
— Vamos fazer o que a Sayaka sugeriu. Vai que é presente de algum fã exagerado da Yuki.
— Tem razão. Entendi. Obrigada também, Sayaka.
— De nada. Vou chamar reforço.
Dizendo isso, Sayaka tirou um walkie-talkie do bolso.
— Hã? Um walkie-talkie?
Enquanto Alisa a encarava surpresa, Sayaka apertou o botão e falou no dispositivo.
— Aqui é a Taniyama do primeiro ano. Temos cerca de dez itens suspeitos na sala 1-B. Solicito reforço de três membros para transporte até a sala do comitê disciplinar. Aguardando resposta.
Depois de soltar o botão, houve uma breve pausa antes que as respostas começassem a chegar uma após a outra.
— Fukunaga do primeiro ano aqui. Chego em dez segundos. Câmbio.
— Pra que responder se vai chegar tão rápido!? — resmungou Masachika.
— Aqui é a Raposa. ETA um minuto. Câmbio.
— Ei, qual é desse codinome… — murmurou Masachika novamente.
— Maesawa do primeiro ano falando. Tô indo, mas ainda tenho que terminar o dever de casa da primeira aula. Câmbio.
— Nem vem! Prioriza o dever de casa primeiro!
As reclamações de Masachika ficaram sem resposta, já que Sayaka havia soltado o botão há tempos. Enquanto isso, os reforços começaram a chegar um por um, e o grupo de seis — Masachika, Sayaka, Alisa e mais três — dividiu os presentes entre si.
— Parece que sua popularidade está aumentando — comentou Sayaka, de repente, dirigindo-se a Alisa.
— Hã?
— Aquilo de antes. Até pouco tempo atrás, não era comum alguém comemorar seu aniversário assim, não é?
Alisa refletiu um instante sobre a observação calma de Sayaka, até que assentiu lentamente.
— É verdade… Mas acho que é algo bom. Ter todo mundo da sala me parabenizando assim…
À medida que a ficha caía, um sorriso suave surgiu no rosto de Alisa. Apesar de ser evidente que ela era tímida, aquele sorriso transmitia sinceridade.
— Fiquei muito, muito feliz.
— Entendo.
Sayaka respondeu com a expressão neutra de sempre, olhando de lado para Alisa antes de voltar o olhar para a frente e continuar.
— Tome cuidado. Quanto mais atenção e popularidade você conquistar, mais pessoas vão começar a te invejar.
— Você tem razão. Obrigada.
— Não foi nada.
Ao ver Sayaka agir de forma tão fria e objetiva, mas dando conselhos sinceros, Alisa sorriu com doçura. E, como se algo lhe tivesse vindo à mente, ela perguntou.
— A propósito, Sayaka-san… Os membros do comitê disciplinar andam sempre com walkie-talkies?
— Sim. Como você sabe, o uso de celulares é proibido na escola, exceto em emergências. Além disso, isso é mais eficiente para passar ordens a várias pessoas de uma vez.
— É, duvido nada que metade do motivo seja só pra se sentirem parte de alguma força especial… Aposto que vocês se acham de um esquadrão de elite. E além disso, não dava só pra usar uma sacola? Pra que chamar reforço? — comentou Masachika, interrompendo com sarcasmo e uma pergunta.
Em resposta, Sayaka levantou uma sobrancelha e o encarou.
— Está sugerindo que deveríamos simplesmente jogar esses presentes suspeitos numa sacola plástica qualquer? Suspeitos ou não, isso seria extremamente rude.
— É, acho que sim. Mas ainda poderíamos ter pedido ajuda a alguns colegas, né?
— Considerando a possibilidade de serem perigosos, é melhor evitar envolver pessoas de fora o máximo possível.
— Tanta preocupação só para parecer razoável… Você não queria apenas chamar ajuda para si mesma?
— Claro que não — Sayaka respondeu com um rosto calmo e composto.
— A propósito, Sayaka, você tem um codinome? — Masachika a encarou intensamente ao fazer a pergunta.
— ! N-Não, eu não tenho. Não tem como eu ter…
— Hmm?
— O que foi?
— Quer dizer, você hesitou um pouco.
— Isso porque você fez uma pergunta estranha do nada — Sayaka respondeu enquanto virava a cabeça, acelerando o passo em direção à sala do comitê disciplinar. Mas, assim que entraram na sala e colocaram os presentes na mesa longa, o garoto que se apresentou como "Fox" mais cedo sorriu para Sayaka.
— Missão cumprida, então? Noir.
— Parece que você tem um.
⋆⋅☆⋅⋆
— Certo, vamos começar a abrir os presentes.
— Sim!
Em resposta ao chamado de Chisaki, várias vozes fortes e afiadas responderam em uníssono. Era depois da escola. Masachika e Alisa haviam ido até a sala do comitê disciplinar, onde muitos de seus membros, incluindo o presidente e o vice-presidente, estavam reunidos.
— Uh, obrigado por se reunir aqui… Acho? Mas… Não estamos exagerando um pouco? Olha, tem mais gente aqui do que presentes, né? — comentou Masachika com um sorriso forçado.
Mesmo assim, Chisaki, a presidente do comitê disciplinar, olhou para ele com uma expressão confusa.
— Mas ninguém vai abrir eles, né? Eu vou ser a única a fazer o desembrulho — explicou ela.
— Como é? Uh, por que isso?
— Olha, só eu posso lidar com isso se algo perigoso aparecer.
— Perigoso…? Você está falando sério?
— Lidar com isso… como, exatamente?
Masachika e Alisa reagiram ceticamente à afirmação ousada de Chisaki. Mas ela apenas assentiu com seriedade e olhou para trás deles.
— Estou falando sério. Vocês devem ficar atrás daqueles três com os escudos, caso algo aconteça.
Seguindo o olhar dela, viram três outros membros equipados com escudos de choque transparentes e reforçados — aqueles que Masachika só tinha visto na TV, usados pela polícia. O rosto dele se contorceu em descrença.
— Isso não é uma equipe antibombas… Espera, por que o comitê disciplinar tem essas coisas?
— Controle de distúrbios, claro.
— Não tem absolutamente nenhuma necessidade disso aqui… Espera, não devo dizer isso depois de tudo o que aconteceu…
A expressão de Masachika se transformou em uma expressão confusa enquanto ele se lembrava do caos no recente festival cultural. Então ele olhou ao redor, inclinando a cabeça.
— Espera um pouco, se você é a única a abrir os presentes, o que esses caras estão fazendo aqui?
— O que estão fazendo? Hmm, não sabemos com o que estamos lidando, então é melhor ter o maior número possível de pessoas.
— Pessoas? O que exatamente você está esperando?
— Pior cenário? Kotoribako.
— SÉRIO, O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ ESPERANDO!?
— Bem, a Joia da Vitória Lótus do Sol não está reagindo a nada aqui, então acho que estamos seguros.
— Aí está. O misterioso equipamento de dungeons do final do jogo…
Masachika olhou para as contas de oração negras que estavam no pulso direito de Chisaki com um olhar distante. Ao olhar mais de perto, viu que as Quatro Irmãs das Estações, lideradas por Sumire, estavam armadas com as mesmas espadas réplicas que usaram no festival cultural. Outros na sala estavam equipados com socos ingleses, bastões e até talismãs. E Sayaka… espera, isso é um leque de guerra japonês que ela está segurando?
— Sério, o que vocês têm feito? Lutando secretamente contra ameaças de outro mundo depois da escola? — Masachika comentou com um toque de exasperação.
Mas, em resposta, todos os membros do comitê disciplinar, incluindo Chisaki, franziram a testa enquanto olhavam para o vazio.
— Não ajam como se o que eu disse fizesse algum sentido! Qual é a dessa cara de "Hã, é... acho que dá pra dizer que sim"!?
— O que exatamente está acontecendo nessa escola...? Estou começando a duvidar que eu consiga mesmo ser a melhor aluna daqui...
— Bem, quer dizer, a presidente está indo bem, então… — Masachika disse, mas parou no final quando um pensamento lhe ocorreu.
Aquele "outro lado" da escola pode realmente existir e pode ser totalmente gerenciado pela vice-presidente do conselho estudantil bem à sua frente. Ele fechou a boca.
— Acho que devemos ouvir o especialista.
— Certo, né?
A ignorância é uma bênção, afinal. Resignado com isso, Masachika e Alisa se retiraram silenciosamente para trás do escudo, se pressionando contra a parede. Confirmando que fizeram isso, Chisaki voltou a se concentrar nos presentes sobre a mesa.
— Certo, então, vamos começar a abrir.
— Estamos contando com você!!
Assustados pela resposta um pouco exagerada do comitê disciplinar, Masachika e Alisa observaram atentamente as ações de Chisaki enquanto ela imediatamente pegava a maior caixa de presente.
— Bem, primeiro temos esse grande aqui… Vou abrir agora, ok?
— Ah, sim. Por favor.
Após receber a permissão de Alisa, a destinatária do presente, Chisaki cuidadosamente retirou a fita adesiva sem rasgar o papel de embrulho.
— Uau, isso é incrível. Não é nada fácil.
— É, eu sei. Mesmo que você seja super cuidadoso, a fita sempre acaba rasgando a parte superior do papel, mostrando o lado branco.
— Entendi. Às vezes, eu quero guardar o papel de presente bonito e reutilizá-lo, mas sempre rasgo. Acabo jogando fora no final.
Enquanto refletiam sobre essas trivialidades, Chisaki dobrava o papel de embrulho removido.
— Só para avisar, a razão de eu estar abrindo isso tão cuidadosamente não é apenas porque pertence a outra pessoa. Estou sendo cautelosa aqui, caso haja alguma lâmina de barbear escondida no papel ou algo do tipo — explicou Chisaki.
— Ah, certo.
— Bem, eu já desenvolvi uma imunidade a lâminas de barbear há muito tempo, aliás.
— Há muito tempo, é?...
Enquanto os dois encaravam sem reação a explicação completamente sem graça de Chisaki, ela finalmente colocou as mãos na caixa.
— Ok, vou abrir agora.
Os membros da comissão disciplinar ao redor imediatamente se tensaram ao ouvir as palavras de Chisaki, fazendo Masachika e Alisa se encolherem mais uma vez.
— Um, dois, três!
Sério, que reações dramáticas são essas!?
Sentindo-se intimidado demais para falar em voz alta, Masachika fez um comentário sarcástico em sua mente. Abrindo a caixa com um estalo e espiando dentro, Chisaki então tirou de lá uma… Pelúcia feita à mão.
Tão branca e fofinha...
— Isso é... Uma cabra? Uma ovelha? Espera, não, um gato?
— Hum, não sei...
Masachika inclinou a cabeça junto com Alisa.
Ela não tinha chifres nem orelhas, e seu rosto estava tão fofinho que era difícil identificar o que realmente era. Ainda assim, tinha uma expressão tranquila, o que era estranhamente fofo... Ou pelo menos de longe. Não, na verdade, pode ser um pouco assustador. Quero dizer, olha só para os olhos vermelhos dela.
— Com certeza é feita à mão.
Virando o brinquedo de pelúcia nas mãos, Chisaki inspecionou-o cuidadosamente de todos os ângulos antes de voltar a mergulhar na caixa.
— Nenhuma mensagem. Sem nome também.
— !!
— Você não precisa reagir a isso...
Pelo que parecia ser a enésima vez naquele dia, Masachika não pôde deixar de intervir, zombando das reações dos membros da comissão disciplinar, que estavam nem um pouco contidos, ou então excessivamente bem treinados. Enquanto isso, Chisaki, que estava novamente examinando o brinquedo de pelúcia, congelou de repente.
Ela agarrou a pelúcia fofinha com força, sentindo-a com os dedos, antes de franzir a testa.
— Tem algo dentro.
— !!
Dessa vez, não apenas os membros da comissão disciplinar, mas as expressões de Masachika e Alisa mudaram abruptamente. A tensão na sala aumentou à medida que Chisaki continuava a explorar o interior da pelúcia com os dedos.
— Está duro... E é retangular? Não, é bem redondo nas pontas e... Tem o tamanho de uma palma...
Ela descreveu o que sentiu antes de soltar o brinquedo e se virar para Alisa.
— O que você quer fazer, Alya-chan? Podemos desmontá-lo e ver o que tem dentro, se você quiser...
Na pergunta de Chisaki, Alisa hesitou por alguns segundos, a expressão tensa, antes de balançar a cabeça.
— Não, isso é o último recurso. Vamos verificar os outros presentes primeiro e, se ainda não conseguirmos identificar quem está por trás disso... então, por favor.
— Certo, entendi.
Concordando seriamente com o pedido de Alisa, Chisaki pegou o próximo presente. Observando-a atentamente, Masachika tocou gentilmente o braço de Alisa.
— Você está bem?
— Sim, estou bem.
Tendo encontrado algo duro e não identificado dentro da pelúcia feita à mão, de um remetente desconhecido, Masachika pensou que Alisa ficaria ansiosa e talvez até assustada, especialmente porque ela estava diretamente envolvida em todo esse caos. No entanto, Alisa apenas deu uma confirmação resoluta com a cabeça, mantendo sua compostura. Impressionado com a força dela, Masachika sentiu a mão de Alisa sobre a sua enquanto ela sussurrava.
— Потому что ты здесь со мной.
(...Porque você está aqui comigo.)
— !
Pela primeira vez, Masachika não corou nem se sentiu embaraçado com o sentimento sincero de confiança de Alisa. Em vez disso, ele apenas fez uma promessa silenciosa de protegê-la a qualquer custo. Antes que qualquer um dos dois percebesse, as mãos deles estavam firmemente entrelaçadas. Enquanto os dois observavam, a abertura dos presentes continuou...
— Loção comprada em loja. Sem sinais de ter sido aberta antes.
Ao contrário da atmosfera tensa que havia preenchido a sala antes, os presentes em si eram relativamente tranquilos. Os itens incluíam lenços, acessórios e cosméticos — presentes típicos para uma garota. Além disso, o único outro item feito à mão era um lenço com as iniciais de Alisa bordadas nele.
Não havia guloseimas, o que na verdade seria mais comum como presente. Em vez disso, os presentes que checaram eram todos voltados para objetos que embelezavam ou adornavam a aparência. Embora isso fosse um pouco preocupante, considerando as circunstâncias, comida teria sido ainda mais assustador, então não era um grande problema.
O verdadeiro problema, no entanto, era...
— Nenhuma mensagem ou nome.
— !!
No final, nenhum item revelou algo que pudesse ajudar a identificar o remetente. Dado que isso acontecera, ficou claro que o remetente era provavelmente um grupo com um propósito compartilhado, ou mais provavelmente, um único indivíduo.
Está começando a cheirar muito mal... No pior dos cenários, teremos que simplesmente jogar tudo fora. Uma pena...
Enquanto Masachika pensava nisso, a mão de Alisa começou a se mover de forma inquieta, como se ela estivesse se sentindo desconfortável.
Hm? Será que apertei a mão dela muito forte?
Pensando que talvez estivesse segurando sua mão com muita força, Masachika afrouxou um pouco o aperto. Alisa então ajustou sua própria pegada e começou a traçar suavemente o polegar ao longo da palma de Masachika.
Hm? Ohhhh...
Percebendo que ela estava tentando se comunicar com o método de "flick de palma" que ele uma vez lhe ensinou, ele instintivamente começou a decifrar a mensagem.
"Me abraça."
Instantaneamente, Masachika imaginou Alisa sussurrando com lágrimas nos olhos: "Estou com medo... P-Pode me abraçar forte?" No entanto, ao olhar de lado, tudo o que viu foi uma expressão constrangida em seu rosto, com os lábios se contorcendo levemente de vergonha. Diante de um contraste tão grande, ele gritou por dentro.
Opaaaaaaaaaaaa!! Achou que poderia me enganar só porque fez isso de repente!? Não me subestimeee!!
Enquanto respirava pesadamente de frustração internamente, Masachika traçou seus dedos rígidos pela palma de Alisa para responder, fazendo-se de desentendido.
"O quê?"
Pelo canto do olho, Masachika viu os lábios de Alisa se curvarem em um sorriso maroto. Fingindo não perceber, ele ficou ali enquanto os dedos de Alisa começavam a traçar outra mensagem.
"Tire."
Sério, você realmente acha que vai sair impune com isso? Claro, é só uma diferença sutil no posicionamento dos dedos e um caractere errado, mas…
(N/SLAG: Alisa inicialmente digita (lembre-se, esse método de comunicação deles imita um teclado japonês de toque, frequentemente usado em telefones) "ハグして" (hagushite; significando "me abrace"). Na segunda vez, ela digita "外して" (hazushite; significando "remover" ou "tirar" neste contexto).)
Enquanto mentalmente formulava uma resposta sarcástica, Masachika respondeu com um leve movimento de dedo.
"O quê?"
"Fita."
Fita?
Lendo isso, Masachika instintivamente olhou para a fita amarrada no cabelo de Alisa.
Ela quer que eu desamarre isso? Mas ela disse "tire", então talvez...
Os olhos de Masachika então se deslocaram para outra fita — a que estava enfeitando a parte da frente de seu pescoço. No momento em que fez isso, Alisa lançou-lhe um olhar gélido.
— (O que diabos você está olhando?)
— (Eh, uhhh...)
— (Pervertido.)
Alisa murmurou em um tom baixo antes de se virar rapidamente.
Haaaah... Que injusto.
Masachika resmungou mentalmente, mas quando percebeu que Alisa estava rindo, simplesmente deu de ombros.
...Bom, contanto que o humor dela tenha melhorado.
Com esse pensamento, Masachika também virou seu olhar para a frente. Mas, naquele momento, Alisa olhou para o seu perfil e, tocando sua gravata com a mão, sussurrou de forma travessa.
— Хотите отменить действие?
(Quer desfazê-la?)
O sussurro sedutor reverberou em seus ouvidos, fazendo Masachika congelar no lugar. Alisa se inclinou mais perto, continuando em um tom doce e provocante.
— Я не против... если это будешь ты, ладно?
(Eu não me importo... Se for você, ok?)
Juro que te jogo no chão agora mesmo.
Masachika considerou isso por um momento enquanto mantinha o rosto impassível diante da força de suas palavras. Que pena que estavam na sala do comitê disciplinar — se estivessem sozinhos em casa, talvez ele tivesse feito algo.
(Shisuii: Que papinho desse cara…)
Completamente alheia ao quão perto Masachika estava de perder o controle, Alisa virou-se para frente com uma expressão satisfeita, exibindo seu típico olhar de "Ele não tem ideia do que estou dizendo~♪".
Quem não sabe de nada é você, sabia? Quer que eu te mostre o quão aterrorizante um adolescente pode ser?
A bochecha de Masachika estremeceu do lado oposto ao de Alisa. Enquanto mentalmente lançava-lhe um sorriso forçado, ele exalou e se recompôs. Agora não era hora de se deixar desestabilizar pelos comentários provocantes e casuais de Alisa.
Hmph. Sorte a sua que sou um cavalheiro!
Com mais esse comentário mental, Masachika redirecionou sua atenção para Chisaki. Parecia que ela já tinha aberto quase todos os presentes, com apenas dois pacotes finos restantes.
Ao abrir um deles, Chisaki retirou uma peça de roupa e—
— !
Um leve som de batida ecoou pela sala quando um envelope selado com um adesivo floral caiu no chão. As sobrancelhas de Chisaki se contraíram de surpresa. Finalmente, haviam encontrado algum tipo de cartão de mensagem, o que fez Masachika, Alisa e os outros presentes prenderem a respiração.
— Uau! — exclamou Chisaki de repente.
Ao seu grito, os olhos de todos se voltaram para o envelope para ver — um negligee vermelho brilhante. E não era qualquer negligee. Era tão minúsculo e fino; o tipo que era tão transparente que dava para ver através dele.
Olhando para aquela peça de vestuário tão ousada, que gritava as palavras "imoral" só pela sua existência, Chisaki murmurou seus pensamentos em voz alta involuntariamente.
— Será que o Touya gostaria desse tipo de coisa também?
— Onee-sama?
— Ah! Ahem! Hum, parece que não tem nada de estranho aqui... Nada de anormal.
Instigada pelos olhares impassíveis das Quatro Irmãs da Estação, Chisaki rapidamente olhou para o negligee antes de colocá-lo apressadamente sobre a mesa. Ela então endireitou sua expressão, respirou fundo e pegou o envelope com um olhar afiado e determinado.
— Eu vou abrir.
Com essas palavras, o alerta de todos aumentou mais uma vez. Uma carta da pessoa que havia enviado tal peça escandalosa — que tipo de mensagem ela conteria? Enquanto todos os olhares se concentravam, Chisaki abriu o envelope e retirou algumas folhas que pareciam ser uma carta...
— Isso é—!
— Irmãs das Quatro Estações, desembainhem!!
— Desembainhem!!
— Isso é rápido demais!!
O som sobreposto de quatro espadas sendo desembainhadas cortou a sala, e Masachika, meio em pânico, gritou em protesto. Mesmo assim, as Quatro Irmãs da Estação, já com suas espadas de imitação em mãos, não se moveram nem um centímetro. Chisaki as dispensou com um gesto de mão e se aproximou de Masachika e Alisa.
— Alya-chan. Não, Kuze-kun, na verdade.
— Hã, eu?
— Sim, vem cá um minuto.
Masachika folheou a carta que Chisaki lhe entregou, e seu rosto se contorceu de nojo.
— Ugh, caramba.
A carta estava cheia do que só podia ser descrito como as divagações de um stalker estereotípico; versos estranhos, quase como poesia, elogiando o cabelo de Alisa, sua pele, seus olhos e sua figura. Era uma enxurrada interminável de comentários sobre a aparência de Alisa, escritos de uma forma que fazia a pele de Masachika arrepiar. Apesar de ser toda em elogios floridos, o tom era profundamente perturbador. Era tão desconfortável que ele nem ousou ler em voz alta. Naturalmente, nenhum nome estava assinado no final, e em vez disso, estava fechado com algo como: "Esse traje cairia bem em alguém como você (claro, depois de ser parafraseado para soar mais apropriado)."
Que pervertido de primeira…
A imagem de um fã obcecado enviando roupas provocantes para seu idol favorita veio à mente, e Masachika fez uma careta.
— O quê? Qual o problema? — Alisa o pressionou, impaciente.
— Não, é só que…
Masachika hesitou, fechando a carta. Ele entendeu por que Chisaki lhe mostrara primeiro — isso definitivamente não era algo que você mostraria para a pessoa a quem era destinado. Mas esconder também não satisfaria Alisa.
Ngghhhhh!!
Após alguns segundos de deliberada dor, e trocando um olhar com Chisaki, Masachika entregou a carta para Alisa.
— Não force a barra lendo tudo. O começo já dá para entender o que é.
— Hm? Tá bom…
Com uma expressão confusa, Alisa aceitou a carta e começou a ler. Sua expressão rapidamente se contorceu de desgosto.
— O-que diabos…? Que nojo!
Ela jogou a carta para longe, como se tivesse tocado algo sujo. Pegando-a antes que caísse no chão, Masachika a entregou de volta a Chisaki, observando Alisa com preocupação.
— Alya… Tá tudo bem?
— E-Eu tô bem… Só fiquei com calafrios, só isso…
Raspando os braços, Alisa tremeu visivelmente. Chisaki olhou mais uma vez para a carta e a analisou com expressão séria.
— Não se preocupe, Alya-chan. Se precisar, nós vamos rastrear esse cara. Eu até faço uma análise de impressões digitais, — falou com firmeza.
— S-Sim… Por favor, faça isso.
— Vai ficar tudo bem. Se precisar, posso te acompanhar para a escola todo dia, — Masachika ofereceu.
— Masachika-kun… O-Obrigada. Mas eu vou ficar bem…
— Não hesite. Você não pode ser cuidadosa demais se realmente estamos lidando com um stalker. Eu estarei do seu lado, mesmo que você não queira.
— Masachika-kun…
— Claro, nós da comissão disciplinar também vamos dar nosso apoio. Temos que impedir que isso piore, pelo bem do próprio culpado também.
— Sarashina-senpai… Entendido.
Ouvindo palavras tão tranquilizadoras de seu parceiro e superior, Alisa recuperou um pouco da compostura e endireitou as costas. Soltando um suspiro suave, ela então olhou diretamente para Chisaki.
— Já estou bem agora. Pode continuar, — falou com firmeza.
— Sim, esse é o último.
Com um olhar forte, mas gentil, dirigido a Alisa, Chisaki voltou à mesa e pegou o último pacote. Ao desembrulhá-lo, revelou outra peça de roupa. Pelo formato, parecia ser um vestido de noite. As costas eram dramaticamente abertas e expostas, e havia uma enorme fenda que subia ousadamente pelo lado. A fenda subia da barra, passando pela coxa, até o quadril.
……
Um silêncio absoluto preencheu a sala. Sem dizer uma palavra, Chisaki colocou o vestido na mesa. Então, pegando sua shinai encostada na mesa, ela a apontou bruscamente para a entrada e falou.
— Para a batalha. O inimigo é o clube de artesanato.
— Entendido!!
Com um grito animado, os membros da comissão disciplinar, com exceção dos três designados para proteger Masachika e Alisa, se organizaram rapidamente e saíram em formação. Entre eles estava Sayaka, segurando seu leque de guerra. Masachika a observou com um olhar distante.
Ela realmente está entrando no clima…
Alguns minutos depois, passos apressados ecoaram no corredor enquanto os membros do clube de artesanato eram arrastados para o escritório da comissão disciplinar um por um. Acostumadas com a frequência das ações disciplinares da comissão, as meninas convocadas se ajoelharam no carpete sem precisar de ordens. Olhando para elas, Chisaki bateu sua shinai contra a palma da mão com um estalo agudo.
— Então? Sabem por que foram trazidas aqui?
Apesar da pergunta imponente de Chisaki, os membros do clube de artesanato, muito familiares com a situação, responderam sem um pingo de medo.
— O que é isso? A gente não fez nada hoje!
— Isso é um abuso flagrante de autoridade! Como ousam interromper nossas atividades artísticas sem nenhuma justificativa ou ordem!
— Exatamente! Se não trouxermos nossas inspirações e ideias à vida imediatamente, elas desaparecem!
Com um coro de protestos, as meninas do clube de artesanato expressaram suas queixas. A testa de Chisaki se contraiu de irritação, e ela alcançou o vestido na mesa.
— Sério? E isso seria o seu tão chamado "trabalho artístico"…?
Levantando o vestido de noite com a fenda dramática, Chisaki o segurou como se estivesse exibindo uma prova, o que provocou uma reação previsível de uma pessoa em particular.
— Ah, sou eu… Fiz esse presente para o Kujou-san.
— Já sabia que era você, Slit.
— Hm? Hã…? Kuze-kun, o que está fazendo aqui?
Percebendo Masachika e Alisa na parede, a garota com longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo — frequentemente chamada por Masachika de Slit-paisen — virou-se para encará-los. Masachika a olhou com um olhar frio.
— Graças a uma certa pessoa deixando presentes suspeitos anonimamente, tivemos o trabalho de abrir tudo sob a supervisão da comissão disciplinar, — falou com um tom de ressentimento.
— Suspeitos…? Ora, é só um presente normal.
Seguindo suas palavras, as membras do clube de artesanato se sentaram elegantemente em perfectos seiza (sentar corretamente), com posturas refinadas, e se dirigiram a Chisaki com um ar digno.
— Isso mesmo! São oferendas à deusa do nosso tipo de corpo ideal! Não tem nada de suspeito nisso!
— Deusa do… Tipo de corpo ideal? O que isso quer dizer?
— Olha e vai entender!
Imperturbável, até mesmo diante da respeitada chefe disciplinar da escola, uma das garotas apontou dramaticamente para Alisa, fazendo-a se encolher.
— Olhem aquele tamanho! O tamanho daquele rosto! Aqueles ombros! O comprimento das pernas! E a cintura tão impossivelmente fina comparada com o busto e os quadris! Não há um único ponto flácido naquela linha corporal perfeita e imaculada!! Se isso não é uma deusa, então o que é!?
— Certo. Acho que encontramos a pessoa que escreveu aquela carta estranha.
— O que você quer dizer com "estranha"?!
— Senta.
Enquanto a garota se levantava empolgada, Chisaki a segurou com a ponta de sua shinai. Embora parecesse que Chisaki estava apenas descansando a ponta no ombro da garota, ela estava fazendo pressão o suficiente para que a menina não conseguisse se manter de pé. Ela tremeu por alguns segundos antes de voltar relutantemente à posição de seiza, visivelmente frustrada. A propósito, não que isso fosse importante, mas onde foi parar aquela atitude refinada?
— Tudo bem, entendi... Então, vocês mandaram esses presentes para a Alya-chan? Sem outras intenções, certo?
— Isso mesmo.
— Então por que não escreveram de quem era?
Neste momento, as integrantes do clube de artesanato olharam para o lado, com sorrisos desconfortáveis e envergonhados.
— Bem... É meio vergonhoso, né?
— A gente nem é tão próxima... Somos só fãs à distância...
— Eu fico satisfeita só de imaginar como meu presente vai adornar o corpo de uma deusa...
— Além disso, dizer que foi de nossa parte faria parecer que esperamos um agradecimento ou algo do tipo. Isso parece meio ousado...
— Isso também tira a pureza da oferenda, ou algo assim?
— O que é isso, esse ato humilde repentino...? — Chisaki perguntou, coçando a cabeça com uma mistura de exasperação e irritação, fazendo com que Masachika interviesse rapidamente.
— Me dá um segundo. Como o clube de artesanato sabia quando era o aniversário da Alya?
— Hm? Ah, descobrimos quando a Miyamae-san nos visitou...
— Claro que foi ela.
Fazia sentido. Nonoa havia sido convidada para a festa de aniversário de Alya; não seria estranho ela ter mencionado isso casualmente. E, dado o entusiasmo um pouco equivocado do clube de artesanato, não seria surpreendente se eles tivessem algum contato com Nonoa, que também trabalhava como modelo para uma marca gerida pela família dela.
Enquanto Masachika e Alisa lidavam com essa revelação, Chisaki pegou o misterioso boneco de pelúcia — aquele que parecia algo que eles nunca tinham visto antes.
— Certo, mais uma coisa. Tem algo dentro disso aqui... O que é?
— Ah... Hum, não é nada estranho, eu prometo! Tem um botão que você precisa apertar; ele faz um som! — uma das meninas, presumivelmente a criadora do boneco, levantou a voz em pânico.
— Sério? Um som?
Curiosa sobre o mecanismo estranhamente elaborado para um brinquedo de pelúcia feito à mão, Chisaki apertou o boneco novamente, explorando seu interior. Ao ver isso, Masachika e Alisa soltaram suspiros de alívio com a explicação da garota.
— Parece que não era nada disso o tempo todo.
— É... Que alívio. Honestamente, tudo isso foi uma grande confusão.
— Bem, pelo menos elas não tinham intenções malignas.
— Verdade.
No final, todas as preocupações se revelaram infundadas, e Masachika e Alisa trocaram sorrisos aliviados.
— Hm? Ah. Isso aqui?
Nesse momento, Chisaki pareceu encontrar o botão, pressionando os dedos firmemente no boneco de pelúcia.
— Ngwoeeaaahhh!!
Um grito arrepiante e gelado preencheu repentinamente a sala do comitê disciplinar. Soava como o choro de uma cabra distorcida misturada com ruídos mecânicos bizarros, um som retorcido que causava uma sensação profunda de repulsa. Quase todos congelaram no lugar, como presas paralisadas que acabaram de ouvir um rugido monstruoso de perto... Enquanto isso, a estudante que o fez falou alegremente.
— O que acharam? Fofo, né? É um personagem original, a Nbotta-chan!
— Manda ela para o subterrâneo.
— Entendido!
— Por quê!?
A garota foi prontamente imobilizada pelas Quatro Irmãs das Estações e arrastada para fora da sala do comitê disciplinar. Nenhuma das membras do clube de artesanato ousou tentar impedi-las.
— Onde fica esse "subterrâneo"?
— Provavelmente é melhor não perguntar.
Com a comoção finalmente terminada, as vozes de Masachika e Alisa ecoaram vazias na agora silenciosa sala do comitê disciplinar.
E assim, o estranho e problemático incidente chegou ao fim. Alisa, por enquanto, levaria os presentes para casa.
— Ah, Alya-chan... Sobre isso... Você realmente vai usar isso?
— Eu... Não tenho certeza... Você quer, Sarashina-senpai?
— H-Hã? N-Não, não era isso que eu queria dizer!
— Bem, eu ainda não decidi se vou usar, mas já que é um presente...
— Ah, entendi.
— Você realmente quer?
— Não quero!!
Após um pouco de troca de palavras desconfortáveis com Chisaki, Alisa decidiu levar para casa o arriscado negligee vermelho. No entanto...
— Desculpe, mas isso aqui é um pouco demais...
Por fim, a única coisa deixada para trás, que se tornaria um trauma compartilhado por todos os envolvidos, foi a Nbotta-chan.
No dia seguinte, a Nbotta-chan misteriosamente desapareceu da sala do comitê disciplinar... Mas ninguém se deu ao trabalho de procurar por ela.
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