Volume 9

Capítulo 8: E Assim as Sementes Foram Plantadas

Vamos voltar um pouco no tempo, especificamente para a hora do almoço.

Alisa havia saído da sala de aula sozinha, indo em direção à cantina. Após o grande estrago que sofreu com o curry dessa manhã, ela pensou em comer algo mais leve para o estômago. Quanto ao sanduíche que comprara pela manhã, já o havia dado — não, empurrado para Maria durante o intervalo.

Ah, Alisa~! Que coincidência~!

Nonoa-san.

Ela se deparou com Nonoa, que também estava saindo da sala, parando-a no caminho.

Vai para a cantina hoje?

Sim. E você, Nonoa-san?

Sim. Então vamos juntas.

Ah, sim, claro.

Alisa hesitou por um momento. Ela ainda não estava acostumada a ficar sozinha com Nonoa, mas como não tinha razão para recusar, acabou aceitando. Era raro ver Nonoa-san indo almoçar sozinha. Normalmente, ela estava cercada por várias pessoas.

Esse pensamento passou pela cabeça de Alisa, mas sem se aprofundar nisso, ela continuou andando em direção à cantina. Enquanto caminhavam, alguns estudantes passaram por elas e a cumprimentaram.

Ei, Kujou-san, feliz aniversário!

Feliz aniversário~!

S-Sim. Obrigada, eu acho?

Desde aquela manhã, ela estava sendo inundada com felicitações sempre que saía da sala. Como ainda não estava acostumada com isso, Alisa só conseguia responder de forma desajeitada com um sorriso rígido. No entanto, os estudantes que receberam o sorriso pareciam encantados à medida que passavam. Observando isso, Nonoa falou com um tom indiferente, sua voz sem emoção, quase robótica.

Uau~ Alisa, você realmente está ficando popular agora.

Não é bem assim. Eles só estão se divertindo.

Sério~? Acho que tem um pouco de provocação, mas não é só isso, né~? Olha.

Seguindo o olhar de Nonoa, Alisa se virou e viu os dois meninos que acabaram de cumprimentá-la. Eles pareciam bem animados, se dando tapas nas costas e empurrando-se brincando.

Para mim, eles parecem caras que estão empolgados porque a garota de quem gostam respondeu a eles.

Sério?

Alisa respondeu de forma indiferente, voltando a olhar para a frente, sentindo dificuldade em reagir.

Bem, você não está totalmente errada. É uma parte provocação, mas isso não é melhor do que ser ignorada completamente, né? Especialmente quando você está participando da eleição, — continuou Nonoa, sem se incomodar.

Eu acho que é verdade.

Nonoa estava completamente certa. Mesmo assim, tudo aquilo era uma experiência nova para Alisa, então lidar com esse tipo de atenção diferente era um desafio para ela.

Yuki-san provavelmente responderia facilmente com um sorriso perfeito se estivesse no meu lugar...

Enquanto Alisa refletia sobre sua rival, frequentemente descrita como o ápice da graça feminina, ela se colocou na fila da máquina de bilhetes para a refeição.

O que foi, essa cara séria~? — Nonoa comentou, inclinando-se para espiar seu rosto abruptamente.

Uou...! Ah, não, é só que... Eu estava pensando que talvez eu pudesse responder a tudo isso de uma forma mais tranquila, — Alisa explicou, deliberadamente não mencionando Yuki.

Nonoa soltou um "Ah~" de compreensão, com os olhos semicerrados.

Você não é muito boa em sorrir, né, Alisa~? Quer dizer~, acho que tem um charme nisso de um jeito, mas…

Charme...? Hã, não sei bem o que você quer dizer com isso... Mas talvez eu devesse tentar sorrir de uma forma mais amigável, sei lá?

— Hmm~? Bem, se isso está te incomodando tanto, talvez você possa praticar?

Certo...

Encorajada pelas palavras de Nonoa, Alisa tentou sorrir rapidamente enquanto esperava na fila, mas, como ela esperava, não ficou muito bem. Mesmo ela mesma notava que sua boca não estava se curvando naturalmente, e o sorriso não alcançava seus olhos de jeito nenhum.

Haaaah…

Bem, é só uma questão de se acostumar~... Mas olha, Alisa, talvez não force tanto assim, tá? Não tá meio forçando um sorriso brilhante?

Hã, sério?

Não precisa forçar um sorriso enorme~. Ficar calma já vai te fazer parecer mais composta, não acha~?

Agora que você falou, talvez tenha razão.

De fato, Nonoa tinha um ponto. Até agora, Alisa sempre se apressava em sorrir e agradecer quando alguém falava com ela, deixando claro o quanto ela estava desconcertada. Se fosse o caso, isso só fazia sua reação parecer mais estranha. Se ela conseguisse eliminar aquele pequeno momento de hesitação, sua resposta poderia parecer muito mais genuína.

Ah, vou tentar, — disse Alisa, enquanto colocava sua comida na mesa e se sentava.

Naquele momento, um grupo de três meninos passou por ali. Eles a avistaram e seus rostos se iluminaram.

Feliz aniversário, Kujou-san.

Ah, sim. Ouvi dizer que é seu aniversário. Parabéns.

Feliz aniversário~!

Percebendo que aquele era o momento perfeito, Alisa imediatamente colocou em prática sua nova percepção.

Sim, obrigada.

Sem se atrapalhar, ela olhou diretamente nos olhos deles e os agradeceu. Os três meninos, que inicialmente se aproximaram com sorrisos provocadores, abriram os olhos em choque por um momento. Não demorou muito para que suas expressões derretessem em sorrisos tímidos e radiantes, ficando vermelhos e animados enquanto se afastavam.

É assim que deve ser? — Alisa perguntou, buscando a opinião de Nonoa.

Em resposta, Nonoa semicerrou os olhos enquanto inclinava ligeiramente a cabeça, adicionando um grau ainda maior de vazio ao seu olhar já sem expressão, com os olhos semicerrados.

Uhhh~... Foi ok, eu acho? Mas talvez tenha sido um pouco demais?

O-que você quer dizer?

Alisa não entendeu exatamente o que ela queria dizer, mas não era uma observação irreal de Nonoa. Do ponto de vista dos meninos, eles provavelmente pensaram algo do tipo "Vamos provocar a princesa fria um pouco e puxar papo". Mas, quando realmente falaram com ela, ao invés da reação desconcertada que esperavam, tudo o que receberam foi um agradecimento calmo acompanhado pela sua beleza arrebatadora.

Os garotos, que provavelmente tinham segundas intenções de chamar a atenção da beldade da escola, acabaram sendo pegos de surpresa e ficaram vermelhos de vergonha. Não era surpreendente que tivessem se sentido desarmados e tímidos depois daquele encontro.

Bem, talvez esteja tudo bem? Provavelmente você vai ganhar mais fãs assim.

Ah, é mesmo…?

Mas eu realmente não quero isso…

Esse pensamento passou imediatamente pela cabeça de Alisa, mas, considerando que apoiadores eram basicamente a mesma coisa que fãs, ela forçou um aceno de cabeça, ainda que de maneira desanimada.

Enquanto dizia rapidamente um "Obrigada pela a comida", ela pegou os hashis para comer um pouco de udon. Nesse instante, uma voz surgiu ao seu lado, separada apenas por uma cadeira vazia.

Que convencida você é…

Num primeiro momento, Alisa não percebeu que o comentário era direcionado a ela.

Ser convocada pelo comitê disciplinar e ainda ter a audácia de sorrir desse jeito…

Hã?

Mas aquela ignorância logo desapareceu. Ao olhar para o lado, ela se deparou com o olhar de desprezo de uma aluna que a encarava fixamente. Como não havia mais ninguém por perto além de Nonoa, era óbvio que o comentário era dirigido a Alisa.

Convocada pelo comitê disciplinar…?

Repassando mentalmente as palavras que ouvira, Alisa rapidamente as conectou aos acontecimentos daquela manhã. A garota devia ter visto ela carregando os presentes até a sala do comitê disciplinar ou escutado algo por aí e interpretado tudo errado. Com isso em mente, Alisa tentou corrigir a situação com cuidado.

Hm, acho que você entendeu tudo errado… Eu fui à sala do comitê disciplinar hoje de manhã por causa dos presentes anônimos que deixaram na minha mesa. Não fui chamada por ter feito algo errado.

Sua explicação não tinha provocação alguma — apenas afirmou os fatos com firmeza. No entanto, ao ouvir isso, a expressão da garota se contorceu ainda mais em desgosto.

Que patético… Isso tudo é só uma armação, não é? Você mesma deve ter deixado aquele presente anônimo só pra chamar atenção.

O quê—!?

A acusação era tão absurda que Alisa ficou sem palavras. A garota a encarou com desprezo e cuspiu as próximas palavras com escárnio.

Pobre da Suou-san. Ter alguém como você atrapalhando a eleição com joguinhos sujos… Aposto que ela está bem incomodada.

Diante daquela hostilidade, Alisa se lembrou do que Sayaka havia lhe dito mais cedo naquele dia:

"Tome cuidado. Quanto mais atenção e popularidade você atrai, mais pessoas vão passar a te odiar."

Então era disso que ela estava falando.

Enquanto Alisa refletia sobre isso, paralisada, Nonoa, que até então comia seu soba em silêncio, de repente se pronunciou.

Você tá tagarelando faz um tempo, não é…? Mas quem é você para falar isso tudo?

Hã?

A garota se virou para Nonoa, visivelmente irritada com a intervenção inesperada.

Você diz que a Yuki tá nessa situação lamentável, mas não cabe a ela decidir se é mesmo o caso? A Yuki não disse nada até agora, então por que você, que não tem nada a ver com isso, tá reclamando? — continuou Nonoa em seu tom monótono de sempre, lançando um olhar de lado.

Q-Quê!? Não é como se eu não tivesse nada a ver! Eu apoio a Suou-san desde o fundamental!

Uma apoiadora…? E foi a Yuki que te disse isso? Que a Alisa tá incomodando ela?

A Suou-san é gentil demais. Ela não reclamaria de algo assim. Por isso eu estou falando no lugar dela—

Então ela não disse. Ou seja, isso tudo é só suposição sua, certo?

I-Isso não é verdade! Todo mundo tá dizendo! Que a Suou-san tá incomodada com alguém como ela atrapalhando tudo! — disse a garota, elevando o tom e lançando um olhar para Alisa.

A essa altura, as pessoas ao redor já começavam a olhar. Impassível diante da atenção, Nonoa levantou um pouco do soba com os hashis e respondeu.

É meeesmo~? Então você tá dizendo que, em nome desse tal "todo mundo" e dos que não têm coragem de reclamar, você se ofereceu para bancar a vilã, né~?

Não gostei da forma como você falou, mas sim, é isso mesmo. Se você entendeu, então—

E quem exatamente?

Hã?

Quem é esse "todo mundo"? Você acabou de dizer que te falaram que a Alisa tá incomodando a Yuki. Ou isso também é só da sua cabeça?

Claro que não! Tem a… Yamaguchi-san, Zaitsu-san… — disse a garota, começando a listar alguns nomes.

Nonoa lançou um olhar cortante de lado, os olhos semicerrados.

Pois é, tá aí o problema.

O quê?

Você disse que tava bancando a vilã por aqueles que têm medo de reclamar na cara da Alisa, certo? Nesse caso, nunca devia ter exposto eles, se a intenção deles era só falar pelas costas.

……

A garota abriu a boca para responder, mas logo a fechou, sem palavras diante do comentário de Nonoa. E, obviamente, Nonoa não teve a menor intenção de deixar que ela se recuperasse.

Na real, isso tudo é só porque você não gosta dela, né? Para de usar os outros como desculpa para justificar seus próprios sentimentos egoístas. É um incômodo para eles quando você os envolve nisso também — disse, em tom casual.

As palavras diretas e impiedosas de Nonoa acertaram a garota em cheio, deixando-a completamente atônita. Incapaz de reagir, ela pegou sua refeição pela metade e saiu pisando duro. Observando sua saída, sem ao menos olhar em sua direção, Nonoa comentou com naturalidade.

Pois é, essas coisas acontecem quando você começa a se destacar. Você tá bem, Alisa?

S-Sim. Obrigada… Desculpa. Eu não sabia o que fazer…

Ah~ você acaba se acostumando com o tempo, sabe~? — respondeu Nonoa com calma.

Ela falava como se lidar com gente assim já fosse parte de sua rotina. Alisa, pensando nessa possibilidade, ficou sem palavras. Ainda assim, Nonoa continuou, despreocupada.

Primeira coisa: se você der qualquer tipo de reação pra gente assim, já perdeu. Mesmo que pareça que entenderam algo errado, ignorar é a estratégia clássica. É diferente quando são pessoas com quem dá pra conversar, mas a maioria não é~.

V-Vou tomar cuidado… Mas, hum, foi mesmo tudo bem? Você meio que… Atraiu a atenção para si por minha causa — perguntou Alisa, preocupada, lembrando do olhar furioso que a garota havia lançado a Nonoa antes de sair.

Ainda assim, Nonoa continuou comendo seu soba como se nada tivesse acontecido.

Tudo certo, tudo certo~ Já tô acostumada. Além do mais, só disse o que eu achava, sabe~? Não se preocupa com isso — respondeu ela, sem a menor preocupação.

……

Apesar das palavras de tranquilidade de Nonoa, Alisa não conseguia deixar de se sentir incomodada. Afinal, ela havia reagido instintivamente às acusações da garota, exatamente como Nonoa havia apontado.

Não só preciso aprender a lidar com a boa vontade dos outros, como também com a malícia...

Refletindo sobre os acontecimentos daquele dia, Alisa levou silenciosamente uma garfada de udon à boca. Foi então que Nonoa, com seu tom despreocupado de sempre, falou novamente.

Enfim, parece que você teve um dia difícil, né~?

Hã? …Sim, é verdade. Foram muitos presentes…

Nããão, não é isso. Tava falando do que rolou depois da sua festa de aniversário — explicou Nonoa, fazendo Alisa congelar por um instante.

Ela rapidamente recompôs a expressão, franzindo levemente a testa em sinal de desculpas.

Depois de voltar da mansão dos Suou, Alisa havia contado aos convidados da festa que tinha ido visitar a solitária Yuki, acamada com gripe. Disse que também era uma forma de agradecer pelo presente de aniversário. Embora sua explicação tenha sido vaga e breve, talvez por conta da confiança que todos depositavam nela, ninguém questionou mais a fundo.

Ainda assim, o fato de não ter sido pressionada apenas aumentava o sentimento de culpa que crescia dentro dela.

Hum… Desculpa por ter saído daquele jeito…

Ah, relaxa~, tá de boa mesmo.

Quando parecia que Nonoa deixaria o assunto morrer, ela deu uma olhada rápida ao redor, certificando-se de que a atenção que haviam atraído mais cedo já tinha desaparecido. Então se inclinou em direção a Alisa, abaixando a voz.

(Olha, o Kuzecchi saiu da família Suou, certo? Então, se ele foi até a casa da Yuki, alguma coisa deve ter acontecido, não acha?)

Hã…?

Os olhos de Alisa se arregalaram com o sussurro inesperado. Ao ver sua reação, Nonoa arqueou uma sobrancelha e continuou.

(Ué? O Kuzecchi não te contou? Eu sei da relação verdadeira entre a Yuki e o Kuzecchi.)

S-Sério!? — exclamou Alisa, sem pensar, mas logo tapou a boca.

Olhou ao redor com nervosismo, certificando-se de que ninguém as observava. Ao perceber que estavam seguras, soltou um pequeno suspiro de alívio, os ombros relaxando levemente.

É, a Sayacchi também sabe — acrescentou Nonoa, como se não fosse nada demais, assentindo com naturalidade.

E-Eu entendo…

Um sentimento desconfortável, ainda que sutil, surgiu dentro do peito de Alisa. Era a realização de que Nonoa e Sayaka sabiam do segredo de Masachika antes dela — um segredo que ele próprio escondeu dela. Isso provocava um leve sentimento de desconfiança e insatisfação.

Nonoa, lendo os sentimentos de Alisa como se fossem um livro aberto, continuou de propósito em tom vago.

Ah~, então ele não te contou… Bom, não pega tão pesado com o Kuzecchi, tá~? A Sayacchi e eu só descobrimos por acaso.

Entendo.

Digo, ele vai ter que te contar uma hora ou outra. Não é como se ele estivesse te evitando de propósito.

……

Mesmo após as palavras de tranquilidade, o desconforto de Alisa persistia. Ainda assim, já que até Nonoa dizia isso, decidiu esperar até que Masachika estivesse pronto para lhe contar tudo.

Tudo bem — assentiu, concordando. Sem perceber, Alisa estava caindo direitinho na armadilha de Nonoa.

Enfim, deixando isso de lado… O que tá te incomodando, Alisa?

Alisa franziu o cenho com a pergunta. Ela não sabia se deveria compartilhar o que a estava preocupando. Falar sobre isso inevitavelmente envolveria assuntos pessoais de Masachika. Seria certo comentar algo assim sem a permissão dele? Claro que não. Isso nem precisava ser discutido.

Mas…

A sensação persistente de incômodo corroía seu coração e enfraquecia seu bom senso. Originalmente, Alisa nunca tinha ficado brava com Masachika por não ter contado antes — acreditava que ele havia guardado segredo de todos, não só dela. Na verdade, sentia até um certo orgulho. Pensava que tinha sido a primeira pessoa em quem Masachika confiara.

É isso. Eu achei que fosse a primeira pessoa a quem ele contou.

Mas se a Nonoa e a Sayaka já sabiam, então tudo muda.

A Nonoa-san é minha amiga. Até me defendeu agora há pouco. E parece saber bastante da situação do Masachika também. Então talvez… Talvez não tenha problema falar um pouco.

Tomada pela frustração em relação ao parceiro, Alisa tomou uma decisão consciente que normalmente não tomaria.

Isso fica só entre nós, mas… — começou ela.

Pode falar.

O Masachika-kun tá tentando voltar pra família Suou. E parece que… Ele só pode voltar se se tornar o presidente do conselho estudantil.

Oh céus — Nonoa piscou surpresa e inclinou a cabeça. — Alisa, você tá pensando em trocar de lugar com o Kuzecchi?

Não, não é isso… Quer dizer, na verdade…

Quando estava prestes a negar por impulso, Alisa parou por alguns segundos. Então, como se aceitasse o que sentia de verdade…

Quando penso na situação do Masachika-kun… Eu realmente me pergunto se não deveria desistir e abrir mão da candidatura pra ele… — admitiu.

Baixando os olhos, Alisa fitou sua tigela de udon pela metade. Nonoa olhou para o teto, soltando um pensativo "Hmm~".

Kuzecchi como presidente, né…? Não consigo imaginar. Quer dizer, ele manda bem nas palavras, então talvez funcione melhor do que eu penso.

……

Alisa apenas baixou ainda mais o olhar com aquelas palavras.

Aliás, por que você quer tanto se tornar presidente do conselho estudantil, Alisa? Se for pra entrar no Raikokai, ser vice já serviria, não? — perguntou Nonoa, encarando-a.

Isso é…

Sua voz falhou, e Alisa ficou em silêncio. Nonoa esperou um momento, olhando-a de relance antes de falar.

Bem~, no fim das contas, a decisão é sua, Alisa. De qualquer forma, estarei torcendo por você e pelo novo conselho estudantil, seja como presidente ou vice.

Tais palavras apenas aprofundaram a incerteza de Alisa sob a falsa aparência de apoio. Ela largou os hashis e começou a pensar ainda mais profundamente, enquanto Nonoa, com um olhar sem qualquer emoção aparente, a observava em silêncio.

⋆⋅☆⋅⋆

 

Te fiz esperar?

Que nada. E aí, Ayanono~?

Após se despedir de Alisa em frente ao refeitório, Nonoa seguiu até a escada de emergência, onde Ayano se aproximou silenciosamente. Com um tom familiar, Nonoa a cumprimentou, enquanto Ayano fez uma reverência rígida, mantendo sua expressão inalterada.

Bom trabalho, Nonoa-san. E... Mais uma vez, obrigada pela ajuda outro dia. Graças ao seu conselho, Masachika-sama foi visitar Yuki-sama.

Tá tudo certo, tá tudo certo~. Eu não te falei? Tô do seu lado, Ayanono — disse Nonoa com um sorriso caloroso, aproximando-se ainda mais de Ayano. — Que sufoco, né~? Ouvi dizer que o Kuzecchi tá pensando em voltar pra família Suou.

Eh? Uh...

Os olhos de Ayano se arregalaram levemente ao levantar a cabeça, seu olhar tremendo de incerteza.

Apesar de geralmente ser difícil ler suas emoções, sua reação foi clara até mesmo para Nonoa. Havia confusão e desconfiança em seu olhar — como Nonoa poderia saber de um assunto tão íntimo da família Suou?

Masachika-sama te contou isso?

Hm? Não, foi a Alisa.

Eh? Eu... entendo.

Sim, foi agora há pouco, no refeitório.

Com isso, a confusão e a desconfiança que Ayano sentia começaram a se voltar para Alisa. Observando friamente, Nonoa segurou a mão de Ayano com as duas mãos.

Enfim~, as coisas vão ficar difíceis daqui pra frente, mas... Pode vir falar comigo sempre que quiser, tá? — garantiu Nonoa com um sorriso lindamente radiante. — Aconteça o que acontecer, eu sempre vou estar do seu lado, Ayano.

⋆⋅☆⋅⋆

 

Erm, Masha-san…

Hm~?

Isso aqui é o quê, uma espécie de speedrun de abraços?

Mais ou menos no mesmo horário, Masachika havia sido chamado para a sala do conselho estudantil. Assim que entrou, foi imediatamente recebido por Masha, que correu até ele e o abraçou, com o olhar fixo em algum ponto distante.

Speedrun? O que é isso?

Ah, é uma abreviação de Real-Time Attack... Espera, você tá perto demais, perto demais!

Com os narizes quase se tocando, Masachika se viu diante do olhar intenso de Maria, o que o fez inclinar-se instintivamente para trás. Mas isso só deixou o rosto dela ainda mais evidente, o que o deixou ainda mais atordoado.

"As Alya-san e a Masha-san são muito fofas... Na verdade, parece que estão ficando cada vez mais lindas, né? Já tão quase de outro mundo..."

As palavras de Yuki voltaram à sua mente.

Agora que podia olhar com mais atenção, Masachika teve de concordar. Elas estavam mesmo mais radiantes. Ainda assim, pensar nisso enquanto estava sendo abraçado daquele jeito fez seu coração acelerar tanto que ele temia até que Maria percebesse, então desviou rapidamente o olhar.

Certo, deixando isso de lado... Precisava de algo?

Sim. Que tal sentarmos primeiro?

Haaaah... O jeito que você tá segurando minha mão com tanta naturalidade é meio assustador...

Achando que o abraço havia terminado, Masachika foi surpreendido quando Maria pegou sua mão e o puxou suavemente. Seus movimentos eram tão naturais que ele se arrepiou. Quando percebeu, já estava sentado no sofá ao lado dela. Maria então pegou o bule de chá e serviu uma xícara para Masachika.

Aqui está.

Ah, obrigado... Vou aceitar.

Estimulado pelo gesto, ele deu um gole. Enquanto Maria o observava com um sorriso, Masachika franziu as sobrancelhas.

O chá tá ótimo, mas... O que é tudo isso?

Hm~? Só pensei em te mimar um pouquinho, Kuze-kun.

Haaah... Me mimar?

Masachika não conseguia imaginar um único motivo para Maria querer mimá-lo. Ele franziu a testa, confuso, enquanto Maria colocava o bule de volta na mesa e falava num tom casual.

Você passou por um perrengue anteontem, né? Por isso quero cuidar de você.

Refletindo por alguns segundos sobre as palavras dela, Masachika então olhou para o perfil de Maria, que transmitia um ar maduro.

Masha-san... Você percebeu...? — perguntou em tom baixo.

Até então, Maria não havia demonstrado saber de nada, nem havia tocado no assunto. Mas, da forma como falava agora...

Hm, sim~... Veja bem, quando éramos pequenos, lembro que você comentou ter uma irmãzinha com um nome parecido, Saa-kun... Na verdade, sempre tive esse pressentimento. Kuze-kun, o jeito como você olha pra Yuki-chan é tão... Gentil. Como se estivesse olhando para alguém insubstituível. Aí eu pensei que talvez...

Falando com serenidade, Maria se virou para Masachika. Seus olhos, cheios de uma luz profunda e inteligente, o pegaram de surpresa. Depois de alguns segundos, Masachika esboçou um sorriso irônico, como se estivesse se rendendo.

Você descobriu tudo... Tô impressionado.

Hm? Quer dizer que eu ganhei? Yaaay, eu venci~.

Não. Hum, não é uma competição…

Nesse caso, como vencedora, tenho o direito de fazer um cafuné no perdedor.

Isso é meio humilhante pro perdedor, sabia...? Ei.

Antes que pudesse terminar a frase, Maria já estava passando a mão na cabeça dele. Masachika encolheu o pescoço, sem conseguir afastá-la, olhando para ela com uma expressão constrangida.

Ugh... Isso é realmente embaraçoso, sabia...?

Qual o problema~? Só estamos nós dois aqui.

Não é sobre estar sendo visto ou não…

Tá tudo bem. Ser acariciado por ter feito o seu melhor não é motivo pra se envergonhar.

Ah, céus. Parece que você tá ainda mais despreocupada que o normal hoje, né, Masha-san? — comentou Masachika com um tom monótono.

A atitude madura que ela havia demonstrado antes já tinha desaparecido fazia tempo, e a conversa começava a sair completamente dos trilhos. Ignorando o comentário dele, Maria continuou com os carinhos.

Prontinho, você se saiu muito bem~ — disse ela com um sorriso.

Hã? Exatamente por que você está me elogiando?

Hmm~? Sei lá. Mas dá pra ver que você tem se esforçado bastante, Kuze-kun.

Entendi.

Enquanto Masachika desistia de tentar manter uma conversa lógica, a voz suave e reconfortante de Maria continuava a alcançar seus ouvidos.

Eu entendo como você se sente. Eu sei que você tem se esforçado muuuito, Kuze-kun. E também sei que você está sempre pensando nos outros com todo o seu coração. Então, está tudo bem. Se for uma decisão que você tomou, com certeza não será algo ruim. Pelo menos eu, não importa o que aconteça, estarei sempre do seu lado.

Enquanto absorvia cada palavra dita de forma tão gentil e direta, Masachika olhou para o rosto de Maria. Ele encarou seus olhos, que pareciam enxergar através de tudo ao mesmo tempo que transmitiam um acolhimento caloroso, e aquele sorriso infinitamente gentil. Sem perceber, um sorriso natural também surgiu em seu rosto.

De verdade?

Aham, de verdade~ — declarou Maria com uma certeza serena, mesmo sem exigir detalhes ou saber de mais nada.

Era uma demonstração de pura e absoluta confiança em Masachika Kuze como pessoa. E, curiosamente, Masachika não se sentiu pressionado ou incomodado com aquilo. Muito pelo contrário — sentiu como se seu ânimo tivesse sido revigorado.

Muito obrigado mesmo, Masha-san — disse Masachika, sorrindo com gratidão.

Em resposta, Maria, ainda sorrindo, retirou gentilmente a mão. Então, inclinando levemente a cabeça, falou com um sorriso brincalhão.

A propósito... Não é querendo te apressar nem nada, mas não se esquece da nossa promessa, táaa?

Ao ouvir isso, o sorriso de Masachika congelou no rosto, e seus lábios se contraíram levemente. Aquela promessa com Maria. Era algo de que ele se lembrava — ou melhor, algo que vinha tentando empurrar para o fundo da mente desde sempre. A promessa feita durante o festival esportivo... De saírem em um encontro beeem romântico.

Um pedido tão ousado que ele, no fundo, esperava que, com o tempo, ela acabasse esquecendo. Mas é claro, Maria lembrava perfeitamente. E com aquele sorriso no rosto, não havia como Masachika fingir que não sabia do que ela estava falando.

Claro.

Sim! Tô super ansiosa por isso~! — comemorou Maria, batendo palmas enquanto sorria com uma alegria genuína.

Diante de mais uma demonstração de confiança inabalável…

Ué, isso não tá meio esquisito?

Masachika, que havia se sentido mais leve poucos instantes atrás, agora sentia seu ânimo pesar novamente, encoberto por nuvens.

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora