Volume I
Capítulo 8: Goblins e sicários
No dia seguinte, quando o sol raiou, Peppe estava na entrada da filial. Ele era pontual quando queria. E neste caso a ansiedade de sair desse lugar e chegar na academia de magia falou mais alto que o sono das quartas-feiras de manhã.
Olhando ao redor, ele viu a garota morena de seios fartos. Ela vinha em direção à praça.
Peppe se animou com a oportunidade de ficar sozinho com aqueles voluptuosos e exuberantes... cof... cof... Sozinho com a bela moça. Como que para atrapalhar o plano, o restante do grupo chegou em seguida. Todos queriam começar cedo.
— Ei, Petrucio! Chegou cedo — comentou Haven, a líder do grupo com quem havia falado antes.
— Eae — respondeu Peppe, perguntando-se quem caralhos era Petrucio? —, tudo pronto pra missão?
Ela fez que sim.
Após um breve cumprimento e outras explicações preliminares sobre a estratégia para a missão, eles logo se puseram na estrada. Tinham que ser rápidos, ou outro grupo os passaria para trás e ficaria com a recompensa.
— Recapitulando: Kael e Peppe vão na frente, para vasculhar a caverna; Bjor, eu e Serina logo atrás, para matar os goblins e outros monstros que encontrarmos pelo caminho. Todos concordam com isso?
— Sim — responderam em uníssono, prontos para a caminhada.
Enquanto na caminhada, Haven iniciou um diálogo amistoso com o rapaz, que teve que se esforçar para não deixar transparecer seu olhar atento para o movimento do balançar dos enormes seios da arqueira, que caminhava um pouco à frente dos dois com o restante do grupo.
E isto foi mais difícil do que parecia, pois ele estava muito interessado no movimento do par abastado de melões da morena.
Tirando a situação, não demorou para que chegassem à dita caverna. Ela era grande e da entrada já dava para ver o tamanho do desafio que enfrentariam. Muito musgo cobriu a passagem, com um lodo escorregadio que quase pegou Peppe desprevenido.
Não fossem os truques de modelo para manter o equilíbrio nas passarelas, ele passaria por um início humilhante na frente dos novos colegas de guilda.
— Que caralho! Tomem cuidado com esse negócio — avisou, guardando pra si o comentário de que "essa merda tá mais escorregadia do que um carioca em dia de arrastão".
Logo na entrada, os membros do grupo sacaram pequenos orbes em formato de amuleto, quase que ao mesmo tempo. Peppe não entendeu.
Quando Serina, a arqueira que teve o corpo violado pelos olhos do rapaz durante quase toda a manhã, apertou o amuleto, a mágica aconteceu. Uma pequena bola de luz subiu, pairando sobre a cabeça. Ela era branca e iluminava quase dez palmos de diâmetro.
Os outros também o fizeram, deixando o rapaz perplexo.
Vendo a cara de bobo do rapaz, a arqueira se aproximou, esticando a mão para oferecer-lhe algo.
— Esqueceu o seu globo, não é? — Ela perguntou. — Te empresto este. Sempre trago um à mais para casos assim.
Ela soltou uma risada meiga, capturando-o no mesmo instante. O vermelho logo tomou-lhe o rosto, descendo até as bochechas.
— O-obrigado.
Foi então que Haven falou, para quebrar a atmosfera:
— Vamos! Não podemos perder tempo.
E assim fizeram.
De canto, os dois outros homens do grupo encararam o par com olhos de cigana. Estavam fervendo com algo inexplicável.
Em todos esses anos juntos, Serina nunca os havia emprestado nada, nem oferecido ajuda com aquele sorriso no rosto.
O ciúmes começou a corroê-los.
A líder do grupo pareceu notar os ânimos dos colegas, pois aproximou-se e deu um tapinha nos ombros de cada um. Uma espécie de consolação. Um balde de água para apagar o chama que ardia o ar, antes que a casa pegasse fogo.
— Com a recompensa, vão poder comprar a mulher que quiserem — sussurrou. — Embora não é só a recompensa da guilda que me interessa aqui...
Ao dizer aquelas palavras, os dois companheiros não puderam deixar de notar que a líder encarava fixamente na direção das calças do rapaz, na traseira, onde uma pequena bolsa de guardar moedas balançava para lá e para cá.
***
Enquanto isso, em um lugar distante do grupo de aventureiros caçadores de goblins, dentro de um enorme salão, um homem alto e parrudo conversava com o que pareciam ser subordinados seus.
— Como assim o diabo do príncipe escapou, caralho!?
Ele estava sentado em uma enorme poltrona de pedras e almofadas, que parecia pequena se comparada às proporções corporais do homem. Vestia roupas nobres e uma capa preta. A pele morena destoava dos demais cavaleiros e nobres presentes, que eram brancos como a neve.
— Quem foi o incompetente que o deixou escapar? Eu o quero destituído de todos os títulos, agora! E tratem de mandá-lo para uma torrezinha de merda no lugar mais longínquo que tivermos, lá na puta que o pariu!
— Sim, lorde Pedra-Alta. Será feito — respondeu um outro nobre, mais velho, que estava de pé ao lado do trono. — Agora, quanto ao príncipe...
— Ah, sim. O maldito fedelho — interrompeu. — Eu o quero morto. Mas, até lá, essa história da fuga não pode ser divulgada para ninguém que não esteja nessa sala. Fui claro?!
O tom de ameaça incutiu medo no coração de todos os presentes. Alguns até tremeram as pernas. Todos sabiam que, por detrás das paredes de mármore e dos móveis lustrosos deste palácio, estava um assassino implacável e cruel, que já comandou exércitos e destruiu reinos inteiros em nome do antigo rei.
— Para onde será que ele pode ter ido, Marcius?
O velho ponderou por alguns segundos antes de responder à pergunta. Até encarou as enormes janelas, sentindo o júbilo da paisagem, como que buscando por alguma inspiração da natureza.
— O antigo duque Lumis, do ducado de Amoras, era amigo pessoal do rei Alexandros. Talvez seu filho, Lux, o atual duque de Amoris, possa ajudá-lo e...
— Não me faça rir, Marcius! — interrompeu novamente. — Esse pirralho borra-botas está todo ferrado. Soube até que fugiu para essa academiazinha de vocês, magos, só para não ter que enfrentar a rebelião. Deixou tudo para o tio e fugiu, como o verme covarde que é.
Risos soaram do salão.
— Capitão — disse, olhando para um homem de armadura no pé do altar real —, escolha um bom sicário e mande-o atrás do príncipe. O desgraçado levou o selo real com ele. Preciso do maldito selo, ou vamos ter dificuldades com a sucessão.
Ele acenou, fazendo que sim.
— Isso é tudo. Podem ir.
Ao serem dispensados, todos foram saindo do salão. Ficaram só o conde e o velho conselheiro.
— Talvez ele esteja tentando se refugiar em Rochedo, meu lorde. A Academia é um lugar neutro e não é incomum que nobres encrencados mandem suas criar para lá, em busca de segurança.
— Se for o caso, nosso sicário deve conseguir pegá-lo antes que chegue. Não sei como diabos ele conseguiu fugir do Forte Ocidental, mas não deve conseguir ir muito longe. O pirralho sempre foi um inútil de merda.
O velho encarou de modo receoso, embora não deixasse isso transparecer muito. E logo também foi embora, deixando o presunçoso nobre regente sozinho com os próprios pensamentos.
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