Volume I
Capítulo 9: Recompensas e “armadilhas”
Durante a aventura na caverna goblin, Peppe fez várias descobertas. A principal foi que, diferente da empregada do castelo de pedras, esses serezinhos verdes eram muito mais fáceis de matar.
Bastava balançar a espada e.. pimba!
— Caralho! Que coisa nojenta. A gente espeta e sai essa porra esverdeada. Olha que nojento, essa porra.
No início foi meio estranho, mas ele logo pegou o jeito. Jogar para a direita. Escorregar. Usar o joelho para manter o equilíbrio e subir. Colocar a espada na linha do pescoço do alvo e espetar. Uma das várias sequencias que aprendeu.
— Eu também acho muito nojento — comentou a arqueira, de longe, enquanto mais dois projeteis voavam rumo às fuças de dois pobres goblins.
Peppe reparou que o líquido gosmento melecava a armadura, o que o deixou um tanto irritado. Em consequência, mais goblins morriam e mais líquido pairava sobre si, aumentando a irritação. Isso criou uma espiral de eficiência e ódio.
— Morram, desgraçados!
De canto, os demais membros do grupos encaravam um tanto incrédulos, e com um pouco de receio.
— Você recrutou um psicopata, Raven — comentou o careca espadachim.
Ela assentiu, com um sorriso torto no rosto.
— E ainda assim quer roubá-lo?
A líder o encarou com espanto.
— E quem falou em roubar?! — Fez uma pausa, encarando uma região muito especifica das roupas do rapaz. — Aliás, eu quero sim roubá-lo, mas não isso que você pensa. Eu quero é outra coisa. Hehe...
Reparando um pouco as regiões inferiores da guerreira valquíria, era possível de se notar um certo volume tomando forma. E não era um volume pequeno.
Querendo desver, e achando melhor sair dali o mais rápido possível, por segurança, o careca correu para perto do amigo viking, que no momento servia de tanque para a arqueira e o colega novato.
Ainda na posição original, Raven ria maliciosamente, salivando.
Mas aquilo não durou muito. Ela foi obrigada a esconder os próprios desejos e voltar para a batalha, ou teria dificuldades em reclamar sua parte do espólio mais tarde. Em seu íntimo, também queria impressionar o novato. Então teria que sacar a lança e balançá-la por aí (a lança de cima, e não a debaixo).
E assim a tarde se passou. Com o rapaz querendo impressionar a arqueira, e a valquíria querendo impressionar o rapaz. Um careca ladrão triste por não ter mais do que a própria recompensa desta vez. E um viking maluco, segurando a investida, sem saber de nada que acontecia na dinâmica de grupo.
***
No dia seguinte, quando viu o primeiro raiar do sol, foi que Peppe notou a diferença entre a luz artificial do orbe e a natural, do Sol. Também foi quando percebeu o quão imundo estava. E o quão desgastante foi aquela aventura.
O braço estava cansado. Nem conseguia erguer mais. Os pés latejavam. As pernas estavam assadas após caminhar e lutar de modo ininterrupto por horas à fio.
Os outros pareciam acostumados, pois nem desaceleram com a diferença de iluminação. Os glóbulos oculares já nem sentiam essa diferença mais. Embora seus passos mais lentos deduraram o cansaço.
Eles não conseguiram achar o coronel goblin. E, por ter se passado um longo período de tempo lá dentro, acharam melhor retornar à guilda com as orelhas dos monstros que conseguiram eliminar. Aquilo seria contabilizado no momento da aferição da participação de cada grupo depois do evento.
— Duzentos e sessenta e sete, senhorita Raven. Minha nossa! — A atendente da guilda mostrava a incredulidade no olhar. — Esse foi o melhor resultado até agora.
Foi quando Raven assinava os papeis que o estardalhaço começou.
Na porta da filial, uma pequena multidão se formava.
— Conseguiram! Mataram o coronel goblin!
— Quem?
— Aquele fedelho ruivo e seu bando de brutamontes. Parece que já estavam perseguindo o maldito líder goblin há um tempo e o encontraram sabe-se lá onde.
Peppe notou que conhecia o tal "fedelho ruivo". Era Rudeus, o líder do grupo Flor-Vermelha. Ele carregava consigo uma bolsa preta flutuante, uma espécie de apetrecho mágico.
— Atendente. Compute minha recompensa, por gentileza. — Cada palavra foi dita com o tom mais seco possível. Ele estava com pressa e não escondia isso.
Tirou a cabeça do coronel goblin, entregou. Foi quando um homem parrudo e de pele morena desceu correndo as escadas do segundo andar.
— É o mestre! — comentou um dos guerreiros. — Ele veio pessoalmente receber o fedelho ruivo?
— Lorde Rudeus, sabia que seria o senhor... Venha. Vamos conversar de forma reservada — disse o homem. — Lia, por favor, traga os formulários e documentos para registro, sim?
A atendente sorriu desajeitadamente e seguiu, lutando para que os papeis que pegou permanecessem em seus braços.
Rudeus caminhou com pressa, esbarrando na multidão que o cercava. Ao notar um rosto específico, contudo, parou.
— Parece que realmente se juntou à guilda. Parabéns. É só uma pena que não nos encontramos antes de você se juntar a outro grupo.
— Valeu. À propósito, não tem mais daquele vinha aí não? Cara, desde aquele dia não encontro um negócio minimamente decente nessa caceta — respondeu o rapaz.
Para a surpresa geral, o jovem mago vermelho fez algo que nunca havia feito. Ele sorriu.
— Boa sorte.
— Valeu! Pra você também.
E com isso, eles se despediram. Um silêncio tomou conta do saguão, pelo menos por alguns segundos.
Os aventureiros presentes perguntavam-se quem era esse novato misterioso, quem o mago vermelho cumprimentou. Raven e seu grupo também ficaram surpresos. Não imaginavam que Peppe conheceria um personagem tão influente da guilda.
O mestre da filial o olhou de canto, com interesse. Mas não deixou que isso passasse de uma reles curiosidade. Após, virou-se para o jovem mago e murmurou alguma coisa em seu ouvido.
Depois de alguns momentos, Lia retornou ao saguão. Ela trazia consigo uma lista e um saco branco, repleto de moedas.
— Peço que quem ainda não computou seus números faça uma fila, bem aqui. Vamos terminar o cálculo e distribuir as recompensas!
— Aeeeeeeeee!
— Aí sim, caráio!
— Isso, caralho!
Um alvoroço tomou conta do lugar. Um velho sábio dizia que apenas duas coisas deixavam aventureiros felizes, e as duas certamente envolviam dinheiro.
Mais tarde, quando enfim recebeu seu quinhão, Peppe despediu-se do grupo e agradeceu. Por causa daquela missão, subiu de rank na guilda e ainda recebeu a monta de 2 pratas e 250 cobres pela missão. Era uma pequena fortuna, embora não muito expressiva para ele.
Ao se despedirem, Raven perguntou se ele gostaria de continuar na equipe, porém foi recusada. A ideia do rapaz era seguir rumo à Rochedo, agora que tinha o passaporte da guilda. Lá, esperava aprender a soltar feitiços e poderes. Também esperava poder investigar um pouco mais esse fenômeno que o transformou num atleta olímpico.
— É uma pena, mas... Bom, eu e Serina vamos comemorar mais tarde, não quer se juntar a nós duas? — O olhar levemente malicioso era um alerta de perigo para qualquer homem esperto.
Infelizmente, esse não era o caso de Peppe. Pelo menos não quando o assunto era mulher.
— Claro, claro! Eu aluguei um quartinho mais no centro, podemos ir pra lá se escurecer muito. É pequeno, mas tem uma cama muuuuito boa — sugeriu a arqueira de busto abençoado.
Sentindo-se atraído pelo convite, ele acenou que sim.
Não tinha lá muito interesse em Raven, contudo até ele tinha que admitir, em seu íntimo: "Ela tem uma bela potranca!"
— Só não me maltratem muito, garotas — disse, rindo. — Eu sou meio fraco pra bebida.
— Ohhh, não se incomode, gracinha. Mamãe cuida — respondeu Raven, aproximando-se e puxando-lhe pelo braço, enquanto Serina vinha e o puxava pelo outro.
Com a mente inundada de pensamentos obscuros, Peppe nem notou que o volume misterioso havia voltado à região inferior de Raven. E pior! Parecia haver algo se formando nas partes de Serina também?!
A valquíria o deu um leve tapa na bunda, enquanto encarava a amiga arqueira.
— Com certeza, vamos nos divertir muito hoje à noite. Hehe...
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