Volume 1

Capítulo 2: Tempos Vermelhos

Explosões vulcânicas e terremotos que inicialmente me assustavam tornou-se algo comum. Esse vasto planeta vermelho, coberto por cinzas e lava; poeira e pedras, intensificava minha solidão. O tempo parecia estar parado, ao mesmo tempo, em que seguia seu curso, arrastando-se lentamente.

O frio das noites, que deveria ser gélido, o calor intenso dos vulcões, que deveria me queimar, e até mesmo a luz intensa do sol, que deveria me aquecer, nada disso me afetava. Meu corpo é indestrutível, incapaz de sofrer ferimentos. Testei isso de diversas maneiras.

Fome e sono desapareceram do meu dicionário. A ausência desses dois elementos fez-me mergulhar na rotina, que logo se transformou em loucura, e dessa loucura eu me tornei insano. Via coisas que escapavam da realidade, ouvia sugestões de morte, experimentava sensações de dores terríveis e tudo só piorava.

A única constante era minha busca pela lucidez e controle das minhas ações. O livro que recebi tornou-se um passatempo que me mantinha ancorado na realidade, ao mesmo tempo, em que afastava minha mente da dura realidade ao meu redor. Seu conteúdo era um conjunto de informações desprovidas de uma ordem específica, dispostas naquelas páginas pela vontade do escritor. No entanto, até mesmo essa ligação com a realidade começava a desvanecer.

Após muito tempo de solidão, encontrei refúgio em uma caverna. Lá, pude prosseguir com minha insanidade com maior privacidade, já que sempre sentia como se estivesse sendo observado do lado de fora. No interior da caverna, entre lágrimas e risos, pude me sentir mais à vontade e expressar com mais liberdade os meus sentimentos.

— Você acha que eu deveria procurar ajuda? — perguntei em um sussurro, minha voz ecoando pelo ambiente.

O interior da formação rochosa se transformou em meu lar, onde possuía móveis improvisados e até mesmo uma fonte de lava que servia como fonte de luz. Eu estava deitado em minha cama, uma rocha achatada no canto, com uma pedra em formato retangular para apoiar minha cabeça, tudo isso para poder divagar com mais conforto.

— Você está lidando com isso bem, considerando as circunstâncias. Entretanto, talvez fosse uma boa ideia procurar algum tipo de ajuda...

— Ajuda? — interrompi, um sorriso amargo brincando nos cantos dos meus lábios. — Você vê alguém perto para me ajudar?

Um breve silêncio tomou conta da caverna, quebrado apenas pelo borbulhar da lava. Eu observava o teto em busca de padrões que pudessem evocar lembranças, um exercício mental que aprimorei ao longo dos anos. Desviei meu olhar para o livro.

— Por que não sai? Aproveite um pouco de luz.

O livro repousava a certa distância, apoiado contra a parede da caverna, com sua capa fechada. Com minhas próprias mãos, eu havia desenhado um sorriso e dois olhos na capa, criando uma espécie de rosto. Mesmo que fosse peculiar, eu o considerava um dos poucos amigos que fiz ao longo desses extensos dias.

— Sair? — murmurei, inconformado. — Eu nem consigo lembrar como é sentir o calor do sol na pele. E que luz eu pegaria? Tem um eclipse eterno lá fora!

— Por que perder tempo aqui? O mundo lá fora é vasto e repleto de mistérios!

“Eu já pensei assim… há muito tempo”, pensei, lembrando do passado. Isso me fez suspirar antes de desviar o olhar para qualquer outro lugar que não fosse o rosto do livro.

— Você diz isso como se fosse tão simples, mas não é.

— A alternativa é permanecer aqui. A escolha é sua.

— Eu... não sei. — Meus olhos vagaram para a parte escura da caverna, o único caminho para fora. — Acho que vou dar uma volta. Não me espere acordado — declarei, saindo da cama.

Caminhei pelo escuro até chegar do lado de fora. A terra sob meus pés era vermelha, as montanhas eram vermelhas, o céu também era vermelho; tudo tinha um tom avermelhado. Essa monocromia deixava meus olhos cansados.

O firmamento estava um pouco melhor, seu tom era laranja e amarelo, o destaque dele era a esfera negra que cobria a estrela; lá no alto outro corpo celeste que não é uma lua tapava o sol desse planeta. Por alguma coincidência estranha e talvez impossível, ambos os planetas estavam na mesma posição e a mesma velocidade.

Inspirei e expirei algumas vezes, preparando-me para esboçar um sorriso no rosto. Não poderia permitir que os outros percebessem minha expressão triste. 

Distanciando-me um pouco da minha morada, avistei algumas sombras em forma humanoides que vagueavam por ali. Eram colegas de planeta de longa data, incapazes de falar, mas que, por meio de seus gestos, estabeleciam algum nível de comunicação.

— Oi! — disse, cheio de empolgação. — Lindo dia, não é? Ótimo para caminhar.

As respostas foram diversas: alguns não deram importância, outros saltaram de alegria e retribuíram o aceno com entusiasmo; os mais tímidos acenaram de forma discreta.

Desde que elas apareceram pela primeira vez, há muito tempo, um vínculo se formou entre nós. Não, eu diria que fui obrigado a aceitar esse vínculo. Elas não paravam de me seguir e eu estava muito sozinho. Agora, só saio ocasionalmente por causa delas.

Notei quatro figuras escuras juntas à distância, e minha curiosidade cresceu. Era um comportamento novo desde a última vez que saí. Talvez fosse um deles. Intrigado, dei passos em direção ao desfiladeiro próximo, onde as sombras estavam reunidas.

— Ah, você decidiu sair! — Uma das sombras se virou e me cumprimentou, surpreso com minha vinda.

A maioria das sombras permanecia em silêncio, como de costume, mas algumas eram especiais. Essas são grandes companheiras de conversa.

— Sim, resolvi dar uma volta. — Um sorriso tímido apareceu antes de continuar. — E o que vocês estão fazendo aqui?

— Estou pensando em como chegar ao fundo do desfiladeiro. Estou considerando a ideia mais rápida de pular... — respondeu soando um pouco incerta.

Essas ideia idiotas e malucas já não me surpreendiam mais com antes. Olhei para as outras sombras que permaneceram quietas quando mencionadas.

— E os outros?

As sombras não mostraram reação, como se falar delas não tivesse importância. Essas deveriam ser as sombras borradas. Sombras surgem sem personalidade, mas ao longo do tempo vão ganhando personalidade e forma.

— Não sei. Fiquei aqui por um tempo e eles se reuniram. — Encolheu casualmente os ombros antes de voltar a olhar para o abismo à nossa frente.

— Até mais, Leorie!

Já havia matado minha curiosidade e se depender dela poderíamos ficar assim por várias horas.

— Até logo! — respondeu, virando-se para mim e acenando antes de voltar sua atenção ao desfiladeiro, seu olhar agora sério e concentrado.

Continuei minha jornada, deixando aquelas sombras para trás, com a esperança de que não se jogassem no vulcão mais próximo, como aconteceu há algum tempo.

Ao caminhar em direção ao meu objetivo, avisto várias sombras distintas envolvidas em suas próprias atividades. Sombras de crianças pulavam, corriam e participavam de diversas brincadeiras, sendo o pega-pega a favorita. Brinquei várias vezes com elas, foi tempos divertidos aqueles.

As sombras mais maduras exibiam expressões mais serenas, embora ainda fossem ativas à sua maneira. Algumas se envolviam em lutas, outras trocavam conversas, e, de forma surpreendente, um grupo empilhava pedras, como se estivessem construindo algo. De alguma forma, esse hábito devia ter surgido por influência minha, da vez em que construí uma casa. Maldito terremoto que a destruiu.

Ao chegar a uma área coberta de cinzas trazidas pelo vento, a qual eu chamei de Deserto de Cinzas, uma sombra se destacou. Ela brincava com as cinzas, chutando-as e rindo enquanto as espalhava, no meio dessa paisagem escura.

— Solana... O que você está fazendo? — pergunto, indo até ela.

Ela para o que está fazendo, sorrindo quando nossos olhares se encontram.

— Ah, olha só quem resolveu sair da caverna — responde, com um tom brincalhão.

— Só quis dar uma esticada nas pernas...

As minhas raras saídas da caverna não passam despercebidas pelos outros, que parecem se divertir com isso. Isso me deixava de mau humor. Não que eu esteja particularmente animado para começar.

— É bom ver que você saiu. Este mundo é magnífico demais para ser ignorado... — Seus olhos se fixam no eclipse.

— Para mim, essa visão já perdeu o encanto... — Deixo escapar um pensamento sombrio, sem conseguir conter minha melancolia.

Ela ficou surpresa por um momento, mas logo sorriu novamente.

— Se você focar nisso, só verá o que quer.

O que ela disse era válido, não havia muito a responder. Ficamos em silêncio. Decidi mudar o clima estranho ao mudar de assunto.

— O que você estava fazendo?

— Imaginando como seria estar no mar. Brincar na água deve ser divertido.

Fico de boca aberta com a resposta, mas logo a fecho e outro silêncio se estabelece. Ela vira as costas e começa a brincar com as cinzas com os pés.

— Como é o mar? — Ela pergunta, sendo a primeira a romper o silêncio.

— Como é? Você não se lembra da vez em que expliquei?

— Esqueci...

Essa era uma mentira. E Solana sabia que eu sabia. Fosse para me animar ou porque só queria ouvir de novo. Não faria diferença.

— Certo, vou explicar de novo. O mar é um vasto corpo de água salgada. A coloração varia entre tons de verde e azul. Ele forma ondas e cria espuma…

Tento explicar, mesmo que minha memória esteja fragmentada. Retenho os conceitos das coisas, por isso sei o que é um computador, mas não recordo de usá-lo; uma caneta faz marcas no papel, mas não lembro o que escrevi; sei que a água doce não tem sabor, mas não recordo quando a bebi. Isso costumava me frustrar ao tentar entender, mas com o tempo acabei aceitando.

— O que são “verde” e “azul”? — perguntou inclinando a cabeça.

— São cores... é meio difícil explicar... Pense nas estrelas, algumas delas possuem essas cores.

— E qual cor é qual?

— Bem... Da próxima vez, vou mostrar a você. — Volto a andar. — Até logo!

Parto apressadamente, sem esperar por sua despedida, deixando-a para trás. Solana é como se fosse uma criança; gosta de atenção, tem uma curiosidade e alegria infantil. Se ficasse mais tempo, ela não pararia de me perguntar as coisas.

Enfim, pude avistar a cadeia de montanhas que procuro, um conjunto imponente de formações rochosas vermelhas com cinzas quase sempre cobrindo os picos. As Montanhas de Pico Cinza, um local que já chamei de lar, é onde a figura que procuro reside.

Ao adentrar o vale entre os picos, percebo que as sombras encontraram uma nova atividade para se dedicar. Elas escalavam, agarrando-se às pedras e subindo cada vez mais alto.

— Agora é escalada? — digo, recordando-me da vez em que eles desenharam em uma montanha inteira. 

De repente, vejo um daqueles que estava próximo ao topo perder o equilíbrio e arrastar outro consigo em sua queda. A ideia de ajudá-los parecia fútil; mesmo que caíssem no chão, eles estariam ilesos em questão de horas. No entanto, ainda me sinto desconfortável ao presenciar esses incidentes.

Estendo minha mão e, com um leve impulso, os mantenho suspensos no ar, evitando que se machuquem. Essa habilidade era apenas uma das muitas que adquiri ao longo do tempo, diretamente das páginas do livro. Nas palavras do autor, era uma “pequena ajuda para o novato”.

— Tenham mais cuidado na próxima vez… — Repreendi-os enquanto me aproximava deles. 

Meus conselhos caíram em ouvidos surdos. Ao retornarem ao chão, eles voltaram a escalar e houve outra queda logo no início. Isso me fez suspirar, a frustração se misturando à minha exasperação.

— Bola de canhão!

Do topo das rochas, quase que imediatamente, um grito capturou minha atenção. Ele veio velozmente em minha direção, como uma verdadeira bala. Desacelerei a queda e peguei o que acreditava ser o objeto com firmeza, logo revelando quem o lançou e o que era.

— Você ficou maluca?! — gritei enquanto segurava a sombra que havia se jogado.

— Relaxa, eu sabia que você me pegaria. — Ela pulou dos meus braços e aterrissou no chão. — Isso é um evento raro. O que te trouxe aqui?

— Preciso resolver algumas coisas com Notis...

— Sabe, pensando bem... Eu queria dizer isso a algum tempo, mas não tive a chance. Nossos nomes soam um tanto estranhos. Até o meu soa meio estranho...

— Você não gosta de Vivi? — interrompi, surpreso. — Bem, eu não estava muito inspirado quando dei nome à maioria de vocês... Peço desculpas.

— Não! Os nomes são especiais para cada um de nós... Só sinto que o meu não tem tanta importância — confessou, desviando o olhar ao revelar isso. — Ele soa diferente dos outros, parece feio.

Esse tipo de pensamento vindo da sombra mais confiante foi bastante inesperado. Ela não deveria pensar assim sobre o próprio nome. Ao contrário de mim, ela tem pelo menos um nome.

— Todos os nomes são especiais. O seu tem um significado único — declarei para animá-la.

— E qual é?

— Viver. — Com um sorriso esperei sua resposta.

— Só isso? — Meu sorriso se desfez com sua resposta.

— Esperava mais?

— Não... Acho que está bem... Viver… é um pouco filosfico

— Filosófico…

— Isso! É difícil falar.

Naquele momento, lembrei do motivo que me fez passar por aqui.

— E sobre Notos?

— Bem, ele está no seu... você sabe, “estado depressivo” — informou, fazendo aspas com os dedos.

— Oh... — “Droga”. — E quanto a Zephir?

— Ele provavelmente está no lugar de sempre.

— Obrigado. E, por favor, não faça nada perigoso.

— Claro!

Com essas palavras, ela se afastou, realizando cambalhotas no ar enquanto partia. Eu tinha a sensação de que ela estava prestes a fazer algo ainda mais perigoso do que naquela vez em que quase se jogou em um vulcão.

Nas profundezas do vale, deparo-me com uma escadaria meticulosamente esculpida na rocha. Esse era o resultado de uma das minhas tentativas de combater o tédio. Escalar a montanha é difícil, por isso construí a escada. A subida ficou incrivelmente mais fácil.

Subindo os degraus, chego a uma área plana na montanha, onde uma sombra está sentada. Nimbus, a única entre as sombras que se dedica à meditação. Foi algo que aprendeu comigo e, ao longo do tempo, se transformou não apenas em um passatempo, mas quase em um estilo de vida para ele.

— Zephir está lá em cima?

— Ele está onde deve estar; se não estiver, os ventos o terão levado — respondeu de forma enigmática.

“Isso é um sim”, concluí, entendendo a mensagem implícita. Suas respostas sempre traziam um tom de enigma. Era divertido com não tinha nada para fazer, ou seja, a todo momento.

— Obrigado. — Continuei subindo as escadas, determinado a chegar ao topo.

No cume, ao chegar ao final das escadas, lá estava ele, perdido em sua própria contemplação do horizonte. Sua silhueta era bem definida, fazendo dele a sombra mais humana de todas. Isso era bastante estranho, considerando que eu não via outro rosto humano há muito tempo, mas ele era uma das poucas pessoas com quem eu poderia ter uma conversa normal.

— Parece que você está se sentindo melhor agora — disse Zephir, quebrando o silêncio como sempre.

— Sim, estou — respondi, aproximando-me devagar.

— Seu andar denuncia sua indecisão.

Surpreendeu-me com sua observação perspicaz, como sempre. Sua intuição era de outro nível, chegando ao ponto de parecer que ele conseguia ler meus pensamentos ou sentimentos. Talvez ele realmente tivesse um poder de ler mentes ou emoções.

— Como você percebeu?

— Seu passo. Você anda mais devagar quando está pensativo, e quando está pensando, normalmente não tem uma resposta clara, o que indica indecisão.

— Uau, você me conhece bem. Parece até algum Sherlock.

— Claro, mestre. Afinal, fui um dos primeiros a estar do seu lado.

— Por favor, deixe de lado esse negócio de “mestre”. Naquela época, eu estava entediado e...

— Não precisa explicar. Só estava te provocando. — Um sorriso surgiu em seu rosto.

Junto-me a ele para contemplar o horizonte, e isso me lembra dos primeiros dias após minha chegada no planeta, quando eu olhava com curiosidade para um horizonte que mal conseguia enxergar. Agora, diante desse horizonte, sei exatamente onde está cada coisa ou lugar.

— Sabe, estava pensando em sair mais. Talvez explorar...

— Veio em busca de conselho ou...

— Ambos... Só quero... me sentir mais conectado à vida.

— Você não se sente vivo?

— Não, eu não me sinto. — Fecho os olhos enquanto explico.  — É como se tudo ao meu redor fosse irreal, um sonho sem fim… ou um pesadelo.

— Então, você não nos considera reais?

“Nunca pensei nisso. Eles estivaram ao meu lado e tudo, mas…”

Após um instante de silêncio, admito sinceramente:

— Não.

“Eles não existiam. São apenas criações de uma mente solitária que, ao longo do tempo, as gerou para manter a sanidade.”

Estava ciente desse fato, mas nunca tinha expressado essa ideia até agora. Espero que isso não cause nenhum ressentimento entre nós.

— Isso me deixa um pouco triste. Saber que aquele a quem chamamos de “deus” não nos vê como reais... Talvez eu até chore esta noite.

— Não posso mudar o fato de que vocês existem apenas em minha mente. E, por favor, não me chame de “deus”. Isso só me faz lembrar daquele maldito que me deixou aqui.

— Se quiser pensar assim, tudo bem… — Ficamos em silêncio até que ele perguntou algo.  — E o que o impede de partir daqui?

— Isso...

Esse pensamento retornou com essa pergunta. A ideia de partir desse planeta já me ocorreu muitas vezes no passado, quando ainda não tinha a força para sair por conta própria, mas agora... Passei várias noites me imaginando fora do planeta, mas com o tempo me acomodei, e a ideia de sair parecia estar tão distante.

Essa possibilidade vagou em meus pensamentos. Fiz meu caminho de volta para a caverna sem perceber e lá estava eu, sentado no meu colchão de pedra. Encaro o livro em busca de respostas, com o som borbulhante relaxante de sempre.

“Se vou fazer isso, vai ser de uma vez!”, pensei, tomando a decisão com todo meu coração.

— Acho que vou seguir seu conselho — declaro, pegando o livro e começando a caminhada de volta à superfície.

— Que conselho?

— Aquele sobre deixar este planeta.

— Não lembro de ter dito exatamente essas palavras 

Na superfície, a noite já caiu, envolvendo tudo em escuridão. As montanhas e vulcões se tornam apenas silhuetas, cobertos pela escuridão da noite. O cheiro desagradável do planeta, o solo coberto por uma fina camada de poeira e cinzas, as nuvens escuras pairando no ar... Tudo isso se tornará uma memória.

Acalmei minhas emoções e concentrei meu poder. Como ordenado, meu corpo começou a flutuar e subir em direção ao céu escuro. Dei uma última olhada nos céus daquele mundo antes de sair da atmosfera.

O ar rarefeito desapareceu, juntamente com os gases. Eu estava oficialmente fora da atmosfera do planeta. Olhei para baixo, para o planeta que tanto odiei, uma última vez.

“Adeus...”

Ergui minha cabeça com determinação em direção ao vasto cosmos. Explorar planetas, buscar vida e, quem sabe, encontrar aquele deus e fazê-lo me mandar de volta, seja o que vier primeiro. Fui em direção ao ponto mais brilhante e perto, aquela seria minha próxima parada.



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