Volume 8 – Arco 6
Capítulo 141: Céu Compacto
O amanhecer na cidade de Olímpia foi um pouco atípico, principalmente para a época de verão.
O céu era coberto por nuvens acinzentadas, que impediam a passagem da luz solar e anunciavam uma tempestade casual.
Nem por isso o fluxo de mortais na principal cidade helênica estava menor.
Diversos homens, mulheres e crianças se uniam nos pequenos templos espalhados pela região, em prol de louvar aos grandes Deuses Olímpicos.
Eles, no entanto, jamais poderiam imaginar que tais divindades estariam tão preocupadas com outros assuntos.
Após receber todo o relatório de suas filhas, a Deusa da Sabedoria resolveu redobrar os esforços sobre a crescente ameaça da escuridão.
Os ataques ao Museion deixaram marcas que não poderiam ser apagadas. E ainda havia a preocupação com a situação de sua irmã Ártemis.
Contudo, sabia que esperar novos resultados em sua mesa seria inviável nas atuais circunstâncias.
Decidiu que, a partir daquele momento, iria...
— Então, foi isso — murmurou Daisy, ao lado da cama.
Com um semblante preocupado, a garotinha estava na presença da própria deidade, que piscou duas vezes em total surpresa.
— Oh... — Como se estivesse perdida ao longe, voltou a fitá-la. — Perdoe-me, Daisy.
— Parece cansada, irmãzona...
Atena abriu um sorriso desconcertado, na tentativa de confortá-la.
Depois, fitou de novo a menina de cabelo escuro, com mechas corais, deitada na cama.
Pelo que tinha prestado atenção, Daisy havia contado em detalhes sobre o ocorrido da noite anterior, quando retornara ao Olimpo com seu irmão.
“Isto é tão instigante quanto”, comparou aos devaneios atuais, semicerrando os olhos.
Segundo palavras da própria caçula, a menina foi vista desmaiada dentro do espaço divino.
Ou seja, havia ultrapassado a barreira invisível, responsável por separar o território dos entornos do Olimpo da cidade.
Nenhum mortal deveria ser apto a ultrapassá-la.
Sabia bem disso. E a pequena também...
— Onde está seu irmão? — A deusa foi direta na pergunta.
— Ele foi ver a Lilizinha. Disse que deixava comigo pra falar com você, porque fui eu que pedi pra trazer ela...
Com os lábios contorcidos em um riso desconfortável, Daisy desviou o olhar, nada segura.
Atena até que se impressionou com aquela revelação.
— Isto é bom — respondeu em voz alta. — Significa que Damon já confia em ti o suficiente a fim de permiti-la resolver problemas pessoalmente. Mais um fruto da finalização de vossos treinamentos, não concorda?
Apesar dos elogios da deusa, contornando a situação da menina para algo mais meritocrático, ela exalou um suspiro fraco:
— Irmãzona... vai contar pro papai?...
A apreensão no tom da pequena soou clara.
Enquanto a encarava em silêncio, a sábia pensou com seriedade em qual resposta iria oferecer.
“Por ter passado uma noite inteira aqui, nosso pai não deve ter notado”, colocou em primeiro lugar.
Por mais que fosse importante — e obrigatório — contar ao Rei dos Deuses, ela compreendia a razão para Daisy querer esconder a verdade.
Era a primeira vez que via a garotinha se acuar diante da possibilidade de seu pai estar a par de algo.
Sem contar o fato de que, por ora, seria realmente arriscado fazê-lo.
Ela queria saber mais, tanto quanto a irmãzinha.
— Não se preocupe. — Abriu um sorriso tranquilizante. — Manteremos isto como um segredo nosso, por enquanto.
Pôde notar certo alívio permear a feição e a postura da garota.
Como esperado, depois da primeira “experiência” defronte a austeridade irada de seu pai, uma casca começou a nascer.
Por um lado, isso era ótimo, ponderou antes de completar:
— De todo modo, você será a responsável por esta mocinha. Trate de cuidar bem dela.
— ‘Tá bem, irmãzona!
Agora corada, Daisy respirou fundo, contente com a responsabilidade que a mais velha lhe entregava.
— Já que não está sozinha, as deixarei descansando. — Deu a volta, mas ainda a fitou de lado. — Preciso resolver outras questões. Qualquer coisa, me contate.
— Obrigada, irmãzona!
A olimpiana assentiu, ao que a deusa tomou o caminho para a saída do quarto.
Deixou a porta entreaberta quando o deixou.
A sós com a convidada misteriosa, a filha de Zeus se sentou em um banquinho ao lado de sua cama, onde tinha a deitado.
Passou a mirar no rosto da adormecida com extrema atenção, levando muito a sério as palavras de sua irmã.
Desde quando foi resgatada por Damon, a garota não tinha movido um músculo sequer.
A cada dois ou três minutos, D aisy descansava a palma sobre a testa enfaixada dela.
Tirando proveito disso, deixava ser levada pela curiosidade inquietante, ativando sua Empatia.
Como em toda ocasião da utilização da Bênção, os olhos brilhavam em dourado.
Mas não adiantava tanto; as emoções da desmaiada permaneciam embaralhadas e deturpadas o suficiente para que a olimpiana não fosse capaz de compreender.
Novamente com resultados negativos, recuou a mão no momento que exalou um lamento cansado.
“Que sede...”, o primeiro problema surgiu.
Estava tão tensa que a garganta secou sem perceber.
Não queria deixar a menina sozinha, ainda mais com tamanha incumbência depositada por Damon e Atena.
Tentou aguentar até onde pôde, porém o nervosismo só aumentou. E isso fez a sede piorar.
Num rompante, saltou do banquinho e correu até a cozinha.
O mais rápido que pôde, encheu um copo com água e o derramou pela garganta até quase se engasgar.
Retornou em tempo recorde ao quarto.
Nada tinha mudado.
Livrando-se da pequena crise de dever, caminhou de volta ao lado da cama e sentou-se, entristecida.
— Acho que o irmão riria de mim se me visse assim — entoou para si mesma, através de outro riso desconcertado.
Fechou os olhos com leveza e permitiu-se a relaxar.
O vento invadiu o cômodo, balançando as cortinas brancas sem fazer ruído algum.
Conforme as pontas cacheadas do longo e volumoso cabelo cor de vinho meneavam no ar, ela voltou a abrir as vistas.
Os olhos liláceos da garota também estavam abertos.
O tom de pele escuro parecia mais rosado do que há poucos minutos. Seu semblante transmitia extrema confusão.
E após segundos de completa paralisia causada pelo choque surpreendente...
— Ah!
A filha de Zeus executou um salto involuntário da cadeira, de sobrancelhas alçadas ao limite da testa.
O mais esperado dos cenários foi, ao mesmo tempo, o mais inesperado.
E agora ela não fazia ideia do que fazer.
Andares abaixo, Damon fazia companhia a sua amiga adormecida.
Mesmo confiante de que Lilith poderia ter despertado após os últimos dois meses e meio, não ficou surpreso ao encontrá-la no mesmo estado de quanto partiu a Rodes.
“O cabelo dela cresceu”, notou dessa vez.
Os bonitos fios levemente ondulados nas extremidades, que ela geralmente amarrava em caudas gêmeas, agora estavam soltos ao natural, alcançando até sua cintura.
O vibrante tom avermelhado não se perdia.
E vê-lo daquele jeito, tão de perto, despertava uma atração jamais experimentada pelo jovem.
Era parecido com a vez que a encontrou pela primeira vez, quando se tornaram uma dupla pela Corporação dos Deuses.
Quando se tornaram amigos.
Mas, ao mesmo tempo, era diferente...
Pensando atualmente, não sabia descrever com clareza essa sensação, o motivo pelo qual se atraiu tanto a ela.
Sempre pensava em como seu cabelo era bonito, chamativo. De alguma forma, o confortava.
E mais do que isso; passava a pensar nos olhos de rubis dela, em seu sorriso...
Tudo que a concebia parecia mais belo do que qualquer outra coisa que ele conhecia.
Perdido em meio a tais devaneios, Damon moveu a mão canhota até tatear seus fios soltos com a ponta dos dedos.
Sentiu a delicadeza deles ao toque, tão sutil que pareciam prestes a se desfazerem com suavidade.
O que eu sou para você?
Quando a voz da companheira ecoou nas paredes da mente, recuou o braço.
Encarou a própria palma.
Notou que o coração batia um pouco mais acelerado.
A pergunta que se recusava a sair de sua cabeça...
Sempre se via no mesmo lugar, no porto de Delos, sozinho com ela sob a noite estrelada.
Sofria um aperto indescritível no peito a cada vez que ocorria.
Carregava no punho direito um dos laços pretos que restaram da batalha na floresta.
Tinha prometido a devolver quando despertasse. Por isso, enquanto continuasse adormecida, o carregaria consigo como um amuleto.
Depois de vê-la por bastante tempo e enfrentar os próprios sentimentos — dos quais não entendia muito bem, ainda —, corrupiou-se de modo a deixar o cômodo.
Recebeu a luz do exterior, assim como a presença de Perséfone, que observava as nuvens carregadas pairarem sobre a cidade de Olímpia.
Ao perceber o retorno do garoto, ela girou sobre os tornozelos e delineou um sorriso afável na face.
Ele ainda fechou a porta com cuidado, antes de se reencontrar com a deidade.
— Conseguiu falar com ela?
— Meio difícil quando a pessoa não pode responder...
Apesar da resposta um tanto sarcástica, Damon soou cabisbaixo o suficiente para fazer a Deusa das Flores compadecer.
Ela tocou de leve no ombro dele e prosseguiu na direção da câmara separada.
— Não se preocupe. Tenho certeza de que ela escutou tudo o que você disse. — Assentiu para ele, levando mechas laterais para acima da orelha com os dedos. — Volte sempre que desejar. Posso sentir que ela fica extremamente feliz quando você vem.
O filho de Zeus não respondeu.
Sustentou o foco nas nuvens que ainda cobriam a região sobrelevada da montanha, ao passo que a mulher abriu a passagem para o cubículo.
Quando o rangido foi complementado pela batida da estrutura metálica, percebeu o retorno da solidão no saguão semiaberto.
Só então teve coragem para oferecer uma última encarada na vertente agora bloqueada.
Sem ter mais o que fazer ali, decidiu regressar aos seus aposentos. Pegou as escadarias prateadas e subiu com passadas lentas.
Mesmo assim, não levou muito tempo até chegar ao andar de destino — o antepenúltimo até o topo.
Foi recebido pelo silêncio da sala de estar ao adentrar a morada. Achou aquilo um pouco esquisito, portanto resolveu ir diretamente ao quarto.
Quando se aproximou da passagem entreaberta, encontrou as costas da irmãzinha, cobertas pela cabeleira cor de vinho.
— Ei, Dai... — A voz se perdeu ao vê-la paralisada ao lado da cama. — ... sy?...
Foi no exato instante que tinha chegado, quando a pequena saltou do banco e o derrubou de susto.
Segundos depois, para ser mais exato.
Ao enfim notar o chamado atônito do jovem, ela se virou e, sem pestanejar, saltou em sua direção.
Puxou-o pela camisa, quase no colarinho, então apontou até a cama.
Parecia estar indicando um monstro. Mas era só a menina que tinham trazido na noite anterior.
Ela ainda estava deitada.
A diferença era os olhos lilases entreabertos com fraqueza e os lábios ligeiramente distantes um do outro.
Daisy tinha a boca escancarada, mas nada saía por conta do seu estado de choque.
Damon torceu uma das sobrancelhas antes de acalmá-la ao tocar em seus ombros.
— O que foi? — sussurrou no ouvido dela.
— E-eu estava... cuidando dela, e...
Um novo movimento fez a olimpiana engolir as explicações gaguejadas para seu irmão.
Com aquela abertura, ele aproveitou para a afastar e, livre, prosseguiu até a recém-desperta sobre o colchão.
Quando se aproximou, no entanto, os globos oculares inertes da garota se moveram.
“Eita”, Damon engoliu em seco e interrompeu as passadas.
Um calafrio subiu a espinha de Daisy, que juntava as mãos trêmulas contra o peito.
Então, o braço esquerdo da mortal se mexeu pela primeira vez. Ergueu-se com lentidão, livrando-se do lençol que a cobria.
Diferente dos trapos da noite anterior, vestia um dos vestidos que a filha de Zeus costumava utilizar.
Esticou as mãos, os dedos, ao limite, como se tentasse tocar em algo.
— T... — Moveu a boca, num esforço tremendo. Até que, depois de alguns balbucios, algo saiu: — Tem... al... guém...?
A voz soava tênue.
E, apesar do semblante inanimado, reunia certa confusão.
— O-olá. Não tenha medo, não queremos fazer mal. — Daisy tentou o contato, ao mesmo tempo que tentava controlar o nervosismo. — Você tinha desmaiado de noite, então... eu e meu irmão te trouxemos pra nossa casa.
Ao completar a resposta, ela encarou o irmão, como se buscasse sua aprovação.
Mesmo ele se mostrava um tanto desconfortável naquela situação, porém assentiu com a cabeça.
Quebrado parte do clima de estranheza, ela se pronunciou:
— ‘Cê é uma mortal que conseguiu ultrapassar a barreira da cidade. Como fez isso? Quem você é?
— Quem sou... eu... — Retornou com o braço. — Quem sou... eu?...
Novamente, os descendentes olímpicos se entreolharam. As dúvidas começavam a crescer.
Daisy balançou a cabeça em negação, afirmando que ela não parecia mentir. Era a única emoção clara que conseguia identificar da menina.
Sem saber como prosseguir, Damon bufou e puxou a irmãzinha.
Os dois deixaram o quarto e ele, com cautela, encostou a porta.
— O que ‘tá rolando aqui, Daisy? — perguntou com seriedade, a voz sussurrada.
— E-eu não sei. Ela só abriu os olhos, você chegou, e...
Ao ver os olhos dela brilharem, percebeu algo importante.
Estava, de forma inconsciente, colocando uma pressão sobre os ombros dela.
Levou a mão à própria testa, levantando a franja, ao mesmo tempo que soltou um suspiro pesado.
— Foi mal... Não queria falar assim. — Desviou o olhar.
“Não mistura as coisas”, determinou consigo mesmo.
Descontar as lamúrias por Lilith não ter despertado tão fácil como aquela desconhecida de nada adiantaria.
Por isso, recuou em busca de controlar as emoções e reencontrou os olhos azuis da caçula.
— Foi mal — repetiu.
Daisy, ao ver que seu irmão tinha conseguido voltar ao normal, lhe direcionou um sorriso contente, junto a um aceno positivo com a cabeça.
De súbito, um barulho forte veio do cômodo fechado.
Damon abriu a porta o mais rápido possível, para encontrar a menina derrubada com os braços apoiados no piso.
Sem saber como prosseguir, terminou de entrar no recinto.
— Você está bem!?
Mas foi Daisy quem agiu, ultrapassando-o rapidamente.
Foi até a derrubada e agachou-se, no intuito de ajudá-la a se reerguer. Não parecia ter se machucado, o que era bom sinal.
Com todo cuidado, segurou as mãos enfraquecidas dela e a puxou do chão gelado.
Os olhos lilases, quase brancos nas pupilas imóveis, se abriram de vez, bem próximos ao rosto da olimpiana.
Ao notar como estavam perto, a ponto de sentir as respectivas respirações quentes...
— Quem... é você?... — A desnorteada apertou os dedos na palma da cacheada. — Onde estou?...
Sua voz soou um pouco mais “viva”.
Agora, a filha de Zeus não experimentou o mar de confusão expressado pelos questionamentos.
Pela fase do momento, decidiu varrer todas as dúvidas para fora, abriu um sorriso gentil e a respondeu:
— Eu sou a Daisy! Muito prazer!
A morena inclinou de leve a cabeça, repetindo:
— Daisy... Daisy.
— Isso! Daisy! Qual é o seu nome?
Ao ver que ela lidava bem, Damon apenas ficou em silêncio e se tornou um observador.
A menina abriu a boca, como se pronta para responder. Mas a voz recusou-se a sair.
Outra vez, a Empatia surgiu.
Os olhos azuis tornaram-se áureos, como faróis pelo quarto escurecido.
“Isso é...”, ficou abismada quando, outra vez, falhou em encontrar qualquer solução para o mistério.
Jamais tinha enfrentado sentimentos tão turvos como aqueles que dominavam o âmago da garota.
— Eu não sei... — As palavras lentas ecoaram dela, abatida.
Daisy viu-se inapta a responder num primeiro momento.
Somente encarou os perdidos olhos dela, mesmo tão próximos de seu rosto corado.
Antes de qualquer coisa, viu-a esticar o braço outra vez. Os dedos se desfizeram dos dela, ao que a mão subiu na direção de sua face.
Com delicadeza, tateou-a na bochecha.
Pôde experimentar a quentura que a olimpiana carregava, fato esse suficiente em prol de fazê-la mudar a expressão melancólica.
O primeiro sorriso surgiu em seu rosto, enquanto as esferas oculares continuavam paralisadas.
Como se distantes de qualquer coisa à sua frente...
— Você parece... ser linda..., Daisy...
O mussito soou com certo prazer.
Mas apesar disso, para a olimpiana foi tudo muito estranho.
O toque da garota era frio. Mais uma experiência para a lista de “coisas jamais experimentadas”.
Diante disso, no fim, os olhos se arregalaram.
— Você... não pode enxergar?
O questionamento se alastrou pelo cômodo e assim permaneceu.
Ao fechar as vistas, a morena assentiu com a cabeça.
Damon franziu o cenho, surpreso com o fato de sua irmã ter entendido aquilo com a mera troca de toques e palavras.
— Então, vamos ser amigas! — Um súbito ânimo renasceu de Daisy, que voltou a pegar na outra mão dela. — Vou te ajudar a se lembrar de tudo que esqueceu! Então, até lá, vou te chamar de... Dahlia!
A rápida decisão sobre o “novo nome” da desconhecida não soou tão mal para o garoto, que prendeu um riso relaxado.
E o mesmo ocorreu, aos poucos, com a menina.
— Dahlia... Dahlia!
Ela tinha amado.
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