Volume 9 – Arco 6
Capítulo 157: Ruínas das Lamentações
Minutos após a queda dos Dióscuros, Melinoe deu meia volta ainda com a alabarda em mãos.
Procurou em meio à fumaça espessa por alguma estrutura derrubada. Depois de alguns passos lentos, encontrou-se com uma enorme pilastra de ferro sobre alguns escombros.
Estava na altura perfeita, pensou ao se aproximar dela.
Apertou o botão no centro do cabo, fazendo sua arma regredir para a forma de punhal, então sentou-se sobre a viga caída na horizontal, ligeiramente inclinada ao alto.
Respirou fundo ao guardar a arma pequena na cintura, para então repousar as palmas no assento improvisado e erguer o rosto.
Soltou um grunhido cansado.
Pouco a pouco, conforme a neblina se dissipava, a iluminação vinda da superfície do pátio invadiu o local.
Como o buraco se tornou maior, sem contar as demais aberturas causadas pelos impactos dos ataques que definiram a batalha, o ambiente ficou mais clareado.
Tríton também se juntou à mulher, a faceta relaxada.
Permaneceu com o tridente completo em mãos, ainda sob alerta para quaisquer surpresas.
Em um lugar como aquele, era imprescindível que sustentassem o mínimo de alerta.
Não podiam se sentir seguros em hipótese alguma.
— Que canseira — bufou, em desabafo, a ctónica. — Eu não esperava utilizar minha Bênção contra aqueles desgraçados. Entrei demais no clima.
— Mas eles também nos surpreenderam, temos que admitir — respondeu o atlanti, sempre fitando os arredores.
Por mais duro de admitir que fosse, Melinoe concordou com a análise do aliado.
Embora fossem fracassados e repugnantes por se juntar ao inimigo, aqueles gêmeos tinham demonstrado ser realmente poderosos.
Ainda que, de algum modo, a mulher colocasse a batalha no Museion contra uma Erínia acima da dificuldade enfrentada com os dois, por motivos óbvios.
— Vamos em frente. — Tríton deu a volta, ficando de costas para ela.
— Hã!? — Ela encarou-o, torcendo uma sobrancelha. — Se olha no espelho, anfíbio. ‘Tá quase criando asas com esses ferimentos aí.
Ele encarou por cima do ombro.
De fato, ambos haviam sido injuriados além do normal, apesar da vitória.
Mesmo com um saldo positivo no fim, sofreram um pouco mais do que estavam acostumados nos últimos tempos.
Não somente os machucados, mas o desgaste de energia tinha sido considerável.
— Não adianta a gente se apressar. ‘Tá longe de ser alguma garantia, mas os pirralhos ‘tão indo na frente. — Fechou os olhos, com leveza. — Essa é uma missão bizarra. Como se eu fosse me importar com o que deve acontecer daqui pra frente!
— Então está pautando a continuação de nosso dever em sua diversão, cadelinha? — Afunilou o olhar, como se com o desejo de a cortar.
— Cacete, o que são algumas horinhas de descanso? — Sorriu com jocosidade. — Sossega aí, bonitão. Só vai se desgastar mais à toa.
Ao escutar os argumentos convencidos da filha de Hades, o atlanti exalou um lamento entredentes.
Caminhou até a área aberta, onde havia a menor quantidade de fragmentos destruídos.
Encarou parte do solo que tinha cedido abaixo de si, para o abismo que Castor e Pollux foram puxados.
Pôde experimentar uma brisa fresca vir daquela direção. Os fios lisos do longo cabelo azul-marinho menearam de leve por cima dos ombros.
Recuperando as energias, Melinoe abriu um dos olhos, contemplando a postura erguida do outro Classe Herói.
Cruzou as pernas, que tinham cortes superficiais que nem deixariam marcas duradouras.
— Se quiser eu posso cauterizar essas feridas pra você — declarou em voz alta. — Aí ‘cê usa sua aguinha pra lavar as minhas, que tal? É uma troca justa!
— Não é necessário que se preocupe comigo.
— Oh... — Tocada, mas nada surpresa com a resposta, ela voltou a conectar os cílios e desistiu de ser amigável com uma bufada. — Que seja. A gente deve morrer em poucas horas mesmo...
O murmúrio dela, declarado por um sorriso jocoso, não chegou aos ouvidos do oceânico.
Sem trocar uma palavra a mais, a dupla de Heróis da Ordem Divina permaneceu naquele salão dos Jardins Suspensos.
O sol se estabeleceu no topo celeste, mas não podia fazer sua luz se proliferar graças às nuvens carregadas que dominavam a extensão superior do Berço da Terra.
A despeito disso, o ambiente já ganhara nova luminosidade, cenário propenso à continuação dos jovens apóstolos pelo segundo nível da ilha.
A floresta era cortada por um rio estreito, cercado por um declive cheio de folhas secas.
A fraca correnteza era conduzida até uma de diversas quedas d’água que caíam no abismo, rumo ao Jônico.
Helena observava o próprio reflexo sobre a água transparente, que permitia enxergar o fundo raso do canal.
Com as sobrancelhas levemente contraídas, respirou fundo e levou as mãos, unidas em concha, ao líquido gelado.
Apanhou uma porção e a trouxe até lançar ao rosto, refrescando-se.
Era bom para lavar um pouco do abatimento causado pelos eventos recentes nos Jardins Suspensos.
Depois, conduziu outro punhado à boca.
Experimentou um revigoro sem igual ao umedecer a garganta, só para arfar de satisfação em seguida.
Por fim, subiu o olhar pesado até o alto. A região mais aberta e afastada dos arvoredos a permitia enxergar o céu nublado.
Perdeu alguns segundos naquela posição, incapaz de se livrar da totalidade dos devaneios que a deixavam cabisbaixa.
De repente, um ruído mais estridente veio da esquerda.
Levou o olhar à vertente específica e encontrou Damon, que também usava o rio no intuito de lavar o rosto.
Sem qualquer delicadeza, a exemplo dela.
Também jogou um pouco no cabelo bagunçado, para depois sacudi-lo ao balançar o rosto.
Ela abriu um fraco sorriso, ao passo que uma dose de alento lhe preencheu o peito.
Depois de molhar os cachos desgrenhados, o filho de Zeus também bebeu um pouco da água.
Ergueu-se em seguida, bateu as mãos sobre os joelhos a fim de livrá-los da terra, e caminhou até a meia-irmã.
— Tudo certo?
— Ainda me sinto um pouco tonta. Mas, sim...
Por meio de um aceno positivo com a cabeça, Helena fechou os olhos com leveza.
O garoto estendeu a mão e ofereceu ajuda a ela, que aceitou de bom grado até ser puxada por ele, se levantando.
Respirou fundo algumas vezes, até se sentir plena o suficiente para continuar no caminho rumo às profundezas da ilha elevada.
Após trocarem olhares, viraram-se à subida de retorno à região florestal.
Sentado em uma coluna de gesso quebrada, Silver os aguardava em silêncio.
Os olhos frios observavam as imediações da trilha principal.
Os ouvidos aguçados atentos a qualquer som suspeito.
Até então, tudo seguia nos conformes. Embora sentisse uma leve dor de cabeça, que aos poucos ia passando, um caminho pouco problemático ia sendo construído.
Quando a audição captou o retorno da dupla, voltou a trocar olhares com eles e saltou do assento improvisado.
Jogou uma pedra na água, que quicou três vezes na superfície antes de afundar.
Sem a necessidade de comentários, eles seguiram de volta às passagens afuniladas pela ínfima passagem de luz natural.
Enormes pássaros levantavam voo das árvores intrincadas, à medida que o trio prosseguia pela terra firme, recheada de pedras e folhas caídas.
Algumas horas se passaram desde a chegada ao segundo nível da ilha e, até o momento, nada demais havia ocorrido.
Fora pequenas pausas por reclamações de Helena quanto à tontura, o trio mantinha um bom ritmo.
Era, de certa forma, estranho.
O clima diferenciado que causava calafrios até aos mais seguros descendentes divinos nada combinava com tamanha calmaria.
Mantiveram-se assim até, depois de um curto período caminhando, encontrarem uma bifurcação fechada.
— E agora? — Com as mãos unidas à frente das pernas, Helena encarou os aliados.
Damon fungou forte com o nariz.
O olfato aguçado captou o resquício de uma influência, prestes a se perder em meio ao ar pesado da floresta.
Ainda assim, parecia longe o suficiente para o preocupar.
— Vamo’ por aqui. — Apontou à direita, para onde o aroma distinto seguia.
— Sentiu algo, Damon? — A ruiva se achegou ao irmão.
— Tem um cheiro diferente que vai por aqui. Deve ser o inimigo. — Encarou o atlanti, que nada declarou.
Era muito melhor seguir os rastros do que ficar à mercê da sorte ou do azar.
Confiante com a escolha do olimpiano, a jovem deusa assentiu positivamente.
Os três tomaram o trajeto em questão, para onde a espessa floresta ganhou densidade.
A cada dúzia de minutos percorridos, sentiam estar subindo cada vez mais.
“Isso é ruim...” a Classe Iniciante, além de aflita, sentia a dificuldade de respirar piorar um pouco.
Ainda assim, se esforçava para interromper o mínimo possível do avanço deles, concentrada em guardar oxigênio.
Depois de um leve aclive, os três se depararam com pequenas estruturas destruídas pelo caminho.
Abraçadas pela natureza, formavam um corredor natural à depressão envolvida por escarpas elevadas.
Menos árvores se aglomeravam, porém raízes grossas cortavam a terra como firmes tentáculos por inúmeros pontos da extensão.
Quando pisaram no plano rebaixado, vórtices sombrios surgiram pelo caminho.
— ‘Tava demorando — resmungou o filho de Zeus, ao puxar a espada da bainha de imediato.
Antes mesmo dos espectros retirarem o corpo inteiro das aberturas negras, tanto ele quanto o filho de Poseidon avançaram com abates precisos.
Cabeças esqueléticas cobertas por elmos voaram, até desaparecerem em migalhas de pó escuro.
Aquilo não era tudo, entretanto.
Outros monstros conseguiram subir por inteiro dos portais e cercaram os membros da corporação.
Além dos espectros, os mortos-vivos legeonnarios se revelaram perante o trio.
— Não parem!
Com a intensa exigência de Damon, os outros dois correram pela sequência atrás dele.
Helena pegou sua rapieira e ajudou-os ao derrubar algumas das criaturas menores, enquanto os prodígios davam conta dos dominados em trevas.
Embora não fossem páreos para os enviados divinos, continuaram a se aglomerar, dificultando-os meramente na base numérica.
Pouco a pouco, se tornou difícil para o cacheado brandir a espada com liberdade, o que facilitou a defesa de alguns dos pútridos com seus escudos de madeira.
Silver buscou sustentar a tranquilidade, porém o espaço se tornara tão ínfimo que o causava complicações.
Não podia usufruir de golpes cem por cento fluidos e puros. As sobrancelhas se enrustiram a cada falha induzida pela crescente de inimigos.
“Isso não é... bom...”, por outro lado, Helena, em virtude do esforço repentino ao qual era exigida, começou a ter a visão tomada por uma leve turbidez.
Já tinha ficado mais difícil de sugar o oxigênio para repor os gastos causados pela atividade intensa.
“Não acabam...!!”, prestes a mordiscar o lábio, Damon apertou a empunhadura da lâmina longa com vigor. “Desse jeito...”
Pequenos estalos nasceram ao redor da cabeça e se alastraram pelo resto do corpo, ativando os raios azulados.
Sacudiu a espada num gesto vertical, de baixo para o alto.
A pressão do ar eletrizado afastou inúmeros mortos-vivos, enfim lhe permitindo respirar.
Não queria usar sua energia contra lacaios fracos.
Portanto, ao livrar-se da grande maioria com tal deslocamento, aproveitou a fim de cortar a cabeça de inúmeros adiante.
O caminho foi aberto.
Sem pestanejar, Silver e Helena correram, deixando os restantes para trás.
Tinham entendido muito bem a proposta daquele corredor, ainda que com minutos preciosos de atraso.
Eles deveriam correr.
E apenas correr.
Chloe sentia-se incomodada com a ausência de luz solar por aquele ambiente. Mas não tinha muito o que fazer a respeito.
O pior mesmo era enfrentar o ar levemente rarefeito da altura elevada do segundo nível do Berço da Terra.
Enquanto avançava com a lança dupla empunhada, em perfeita sincronia paralela à Julie, portadora do arco celeste, balanceava a respiração com cuidado.
“Informação: Minha irmã”, a voz da Telepatia puxou a atenção da purpúrea. “Posso identificar as influências deles em aproximação.”
— Sim. — Virou o rosto, como se pudesse sentir onde estavam naquele exato instante. — Apanharam o itinerário intenso...
Apesar dos pesares, podia considerar-se sortuda por ter escolhido o trajeto atual.
Ao menos até aquele momento...
Depois de mais algumas passadas, voltou a olhar adiante ao semicerrar as vistas.
Os globos esverdeados da alva cintilaram mais uma vez, na tênue utilização de sua Bênção.
“Alerta: Um dos inimigos se encontra adiante”, avisou com a mesma ausência emotiva de praxe.
Chloe permaneceu em silêncio por um átimo, até parar de andar de súbito.
A semelhante interrompeu as passadas logo em seguida, a fitando com certa curiosidade.
— Julie. Acho prudente que repouse vossa energia, por ora. — A brisa fria fez seus cabelos dançarem. — Física e Vital.
“Resposta: Como quiser, minha irmã.”
Após a devolução respeitosa de Julie, toda a voz que ecoava à cabeça desapareceu.
Com a retração da irmã, a lanceira respirou fundo e assentiu consigo.
Não tinha direito sequer de se sentir ansiosa, estabeleceu a si mesma.
Através de passadas comedidas, tudo para gastar o mínimo de oxigênio possível, ela seguiu em frente.
“Ah...”, as sobrancelhas, porém, se arriaram em seguida.
Foi a reação imprescindível que atravessou os pensamentos, logo após os vórtices negros surgirem do chão.
Toda a satisfação com a sorte grande foi por água abaixo.
Nem por isso as duas voltaram a brecar as passadas. Temer as atribulações só viria a piorar o quadro atual.
Podiam manter o controle da “normalidade”, até onde fosse possível naquelas condições.
Pelo menos, estavam ainda longe de ser extremas...
Sem nenhum alarde com a chegada dos mortos-vivos e dos espectros em um misto de quase uma dúzia...
— Estorvo...
A lanceira se abdicou a resmungar aquilo, estocando o ar de seus pulmões.
Desprovida de deslocamentos intensos, brandiu a arma que nem uma espada e afastou boa parte das criaturas.
Julie, parada na posição, atirou em três dos monstros e, depois disso, prendeu uma flecha na perna da corda do arco.
Pouco a pouco, acompanhou a irmã, sem correr.
Com tranquilidade, as duas cobriram uma à outra enquanto abriam caminho rumo à descida inclinada da trilha florestal.
Uma depressão tomava forma acentuada adiante, o que ofereceu bom proveito à dupla.
Utilizaram a falha em prol de ganharem velocidade sem realizarem qualquer esforço físico além da conta, o que facilitou o trabalho de afastar os monstros aglutinados entre as árvores.
De quebra, poupavam um pedaço de tempo precioso.
“Não se desloca, portanto?”, conforme se desvencilhava dos monstros que resistiam no caminho, Chloe seguiu o “rastro” do inimigo detectado há pouco.
Após a descida rápida, superaram a porção final da floresta. Poucas criaturas sobreviveram, ficando para trás.
Livres do confronto irritante, sustentaram o equilíbrio contra os efeitos ligeiros da altura da ilha.
Recuperaram o pouco de fôlego perdido enquanto se depararam com um lago quase seco, onde uma árvore gigantesca as recebeu no epicentro.
O clima mudou.
Ainda carregado como desde a chegada, a diferença era sentida no próprio ar daquele âmbito.
A região vazia e silenciosa era dominada por uma névoa de camada fina.
Com certa paciência, as filhas de Atena driblaram a nebulosidade e, gradativamente, passaram a enxergar novos formatos em sua extensão.
— Ruínas...
O cenário desbotado tinha diversas construções devastadas ao redor da grande árvore.
Quando os olhos das duas se habituaram à densa localidade, puderam seguir em frente, ainda alertas.
Passaram do arvoredo no lago seco e se adentraram nos caminhos labirintais das ditas ruínas.
— Gesso... — Analisou uma das estruturas, semelhante às que tinham encontrado no trajeto anterior. — E pedra? Ou um material desconhecido...
Tateou em texturas nunca experimentadas.
Carregavam um misto de gelidez e quentura, além de aparentarem maior integridade em comparação às demais construções.
Como se nem o tempo fosse capaz de envelhecê-las...
Seguiram um pouco mais adiante, até se encontrarem com a maior das edificações ainda de pé.
Era semelhante a um santuário; qualquer templo helênico de qualquer grande divindade.
Parecia acabado, as laterais quase que completamente destruídas. Não deveria ter risco algum de ceder, no entanto.
Com uma simples olhadela de fora, a poucos metros da entrada separada entre as colunas redondas, Chloe pôde atestar sua segurança no pilar central.
Aquilo era instigante demais no que tangia as primeiras expectativas. Desejava explorar do início ao fim aquele lugar extravagante.
Porém, após dar a volta no templo, a serenidade desapareceu.
Esqueletos construíam a passagem terrena.
Pertences destruídos e enferrujados, como capacetes, armas e escudos também contaminavam todas as vertentes.
Apesar da imagem desagradável, nenhuma das atenienses se espantou ou demonstrou abalo.
“Que terrível”, a púrpura se resumiu ao comentário dentro da própria cabeça.
Logo viu que era algo de difícil contabilidade.
Muitos mortais tentavam se aventurar nos perigos do Berço da Terra em busca de uma audiência com as Moiras.
Nenhum deles tinha sucesso em chegar até elas.
O que levou a garota a se questionar sobre o que teriam pela frente.
Se tantos já tinham sido interrompidos àquela altura, ainda bem distante da metade do segundo nível da ilha...
“Está aqui”, Chloe arriou as sobrancelhas, sisuda.
Enfim um adversário problemático, do qual seu escopo lhes trazia ali, seria confrontado.
Seguiram em pisadas sobre gigantesca ossada, único prosseguimento possível para as duas.
Os ruídos estridentes ecoavam na quietude.
Era como se pudessem ouvir os lamentos daqueles que tinham perdido a vida em busca de uma utopia.
Utopia essa que elas e os demais enviados divinos enfrentavam no momento...
Os pensamentos efusivos da lanceira sobrepunham os sons proliferados debaixo de suas sandálias.
Enquanto se perguntava sobre as peripécias que as donas do Destino guardavam para o grupo, uma explosão de vento fez crânios voarem.
O olhar da apóstola voltou a subir, aturdido com a inesperada ocasião.
Imaginou ter sido fruto do adversário que se viam prestes a encontrar, mas...
— Ciclopes... — mussitou, entrando em guarda com a lança. — Melhor: cascas de insanidade.
O monstro balançou sua clava, porém Julie foi rápida ao disparar a flecha que já havia preparado desde a ocasião anterior.
Acertou o único olho da criatura, que perdeu todo o ímpeto criado no rompante surpresa contra as gêmeas.
Sangue escuro espirrou para todos os lados mediante a explosão do órgão ocular. A fera balançou a enorme clava repleta de espinhos na ponta.
Um ato desesperado enquanto grunhia de dor, mas que teve a agonia finalizada quando Chloe rasgou sua garganta.
O grande corpo desabou sobre os ossos. Um leve tremor se espalhou por aquele pedaço de terra.
“Constatação: Este ciclope aparentava algum grau de confusão”, a voz de Julie voltou a ecoar pela cabeça da semelhante.
Conforme teorias acerca do repentino ocorrido ganharam aspecto, outros dois atravessaram a neblina.
Outra vez pegas de surpresa, as filhas de Atena desferiram seus ataques e os derrotaram tão rapidamente quanto o primeiro.
“O que está havendo?”, dúbia, a portadora da lança aterrissou depois de uma investida no ar.
Sendo obrigada a se desgastar, começou a sentir uma ligeira dificuldade de recuperar o oxigênio.
Raros feixes luminosos cortaram o céu.
A claridade cresceu sobre as ruínas que fediam à morte.
Diante das atenienses, as “cascas” dos ciclopes se desintegraram em partículas de energia escura.
Diferente da área aberta no início, essa era rodeada por um muro alto. Só que o centro das atenções residia na aglomeração de outros monstros enormes.
Aquele parecia ser o “coração” das ruínas.
“São diversos”, Chloe começou a entender a razão de tantas mortes naquele ponto da ilha.
Contudo, percebeu algo ainda mais importante diante da tal paisagem; meia dúzia de ciclopes se amontoavam ao redor de um pilar intacto.
E acima dele, sentada com as pernas cruzadas enquanto era envolvida pela névoa, uma silhueta sorria.
Todos os monstros estavam paralisados, as clavas pêndulas em direção ao chão.
As Classe Avançada enfim começaram a compreender parte das nuances em volta daquela região.
“Suspeita: Estão tentando se mover”, Julie rapidamente percebeu a ligeira tremulação a dominá-los.
— Isso, isso!! Bons garotos!! — A voz de uma garota se pronunciou da figura no topo. — Nenhuuum de vocês podem tocar na Irene!!
Com confiança no tom de voz, ela ficou de pé sobre a estrutura resistente.
O manto negro reverberou pelo espaço, com o capuz caindo para trás a revelar a faceta pálida da menina.
— Afinal... — Levou o indicador a tocar o lábio inferior, com certa pureza no semblante risonho. — Irene odeeeeia lutas!!
Os olhos índigos encontraram a chegada das jovens deusas.
Os braços se abriram, em uma saudação animada que ia na oposição da tensão distribuída no olhar da dupla impecável.
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