Farme! Brasileira

Autor(a): Zunnichi


Volume 1

Capítulo 11: Besta

Morcegos Gigantes são nativos de cavernas profundas e se acostumam a ___. Comparado às demais espécies de morcego, estes têm uma grande habilidade para voo, suas presas são capazes de arrancar pedaços de metal como se fosse papel.

Seu couro pode ser reutilizado para criar asas extremamente resistentes e ___. A técnica de  ___ fez com que um antigo grupo se apoderasse de capacidades vampíricas sobrenaturais e dominasse ___ por cinquenta anos.

Evite tocar a pele deles diretamente, é extremamente áspera e cortante, sendo uma das coisas que mais protege e danifica o adversário em combate.

 

Mais informações serão desbloqueadas com futuras investigações. 

Monstro adicionado ao Bestiário.

 

"É claro! O Bestiário! Eu queria saber onde isso tinha parado, mas pelo jeito não estava contabilizando nada porque os mobs desapareciam."

Lucas sorriu, era um grande achado. Para alguns, o bestiário podia ser apenas uma função menor que continha curiosidades das criaturas.

Porém, para outros aquilo possuía detalhes cruciais. Estes detalhes incluíam, em especial, as fraquezas de um monstro e o seu comportamento.

O rapaz amava Crônicas do Rei, mas nem por isso decorou de cabeça tudo sobre os inimigos do seu jogo favorito. 

Era aí que a função caía como uma luva, pois quanto mais soubesse sobre as criaturas, mais chances teria de vencê-las baseado no quanto as conhecia.

Lucas embainhou a katana e olhou de um lado para o outro. A rua estava completamente vazia, só que a carcaça permaneceu no asfalto.

Tirou da bolsa nas costas uma faca de cozinha e se ajoelhou, pegando uma das asas da criatura e cortando uma parte.

O problema foi que, pela sua falta de jeito, acabou arrancando fora uma parte da asa que queria cortar.

 

1× Carcaça Danificada

 

Carcaça Danificada

Raridade: Nula

Uma pessoa inexperiente tentou esfolar alguma criatura, mas sua falta de habilidade levou ao comprometimento da pele. Item Lixo.

 

“Droga… Eu não tenho muito manejo nisso, mas uma faca melhor ajudaria.”

Suspirou e desistiu de ir além. Ao menos, sua teoria de que era possível adquirir mais coisas além dos drops fora comprovada.

Lucas se levantou e guardou a faca na bolsa junto do couro. Jogou as mãos para a nuca e deu meia-volta, seguindo pela rua. 

Olhou as casas ao redor, tendo uma repentina ideia. Foi no portão de uma e o empurrou, ele não estava nem trancado.

Fez a mesma coisa nas outras, e para sua surpresa todos abriram. Entrou em qualquer uma delas, o lado de dentro estava escuro.

Apertou um interruptor na parede, as luzes do cômodo se acenderam e não havia nada dentro, era só um quarto branco com uma lâmpada no teto.

Investigou as demais moradias, a grande maioria possuía o mesmo ambiente, exceto por uma na qual achou algo peculiar; um baú.

— Não destruir o baú, não destruir o baú…

Abriu-o, encontrando dentro um arco e uma aljava com algumas flechas.

 

Arco Comum adquirido

20× Flechas de Madeira adquiridas.

 

— Legal. Acho bom eu testar isso pra ver como funciona.

Pegou uma das setas e posicionou na corda. Puxou-a para trás, porém mal moveu cinco centímetros, exigia uma força tão grande que no final desistiu.

Guardou o arco dentro da bolsa e prendeu a aljava ao redor do corpo, então seguiu em direção a saída, até que uma janela vermelha apareceu diante de seus olhos.

 

Quarto Armadilha ativado.

 

— Ah não…

A sala ficou inteiramente vermelha e a porta fechou. Do teto caiu um lagarto enorme, parecido com um dragão-de-komodo e revestido por escamas brilhantes.

Lucas engoliu seco e encarou as pupilas brilhantes do réptil, a atmosfera congelou. Levou a mão lentamente em direção ao cabo da katana, alertando o monstro que correu em sua direção.

Não teve tempo de tirá-la, jogando-se para o lado e se esquivando da investida. O inimigo lambuzou os lábios, seus olhos cintilavam em uma cor amarela. 

 

Habilidade Olho Assustador ativada

Efeito aplicado: Medo

 

A gravidade caiu com uma força esmagadora sobre suas costas. Ele se viu diante de uma criatura enorme, um predador com dentes gigantes e com um único objetivo: matá-lo.

Suas pernas bambearam, sentia que não podia fazer nada para derrotar aquele monstro. Era a mesma sensação de quando enfrentou o troll.

"Não, não é… Eu… eu não posso deixar aquilo acontecer, não de novo."

O lagarto disparou em sua direção, a boca aberta e a saliva escorrendo pela ponta da língua. 

Lucas mordeu a língua e deixou toda a dor ativar sua adrenalina, o sangue correu a todo vapor e trouxe sua consciência de volta.

Seus dedos ficaram sobrecarregados de eletricidade, ele ergueu as mãos e soltou duas esferas de energia direto na boca da criatura, explodindo-a de dentro pra fora.

As luzes voltaram à cor branca. Lucas respirou fundo e encostou as costas na parede, observando o corpo chamuscado do monstro no piso. 

 

5× Escamas Brilhantes

4× Dentes Pontudos

 

Quarto Armadilha desativado

As recompensas do baú agora podem ser usadas.

 

Uma nova receita foi adicionada à lista de criação: Armadura de Escamas.

Uma nova receita foi adicionada à lista de criação: Colar de Predador.

Uma nova receita foi adicionada à lista de criação: Adaga de Dentes.

 

— Hah… eu quase me caguei todo.

Caiu de bunda no chão, seu coração parecia que ia sair pela boca. Tentou ao máximo relaxar os nervos e abriu a aba de Criação. 

À direita havia um ícone de livro, ao clicar nele apareceram uma série de combinações de materiais para diversos itens. 

 

Armadura de Escamas Básica.

Raridade: Comum

Uma resistente e dura armadura feita de escamas de répteis de nível inferior.

Dá +7,5% de resistência e +1% de força por peça.

Adquira todas as peças da armadura para obter a skill Personificar Réptil.

 

Colar de Presas

Raridade: Comum

Dá imunidade contra o efeito Medo e +0,5% de força. As presas podem ser acumuladas até um total de dez e entrega a skill Marca do Predador.

Trocar as presas usadas no colar aumenta o coeficiente de força baseado no poderio da criatura.

 

Adaga de Dentes

Raridade: Comum

Aumenta a chance de sucesso da ação Esfolar. 

 

A descrição da adaga era interessante. Esfolar era um meio de adquirir recursos do corpo de um bicho, semelhante ao que fez com o morcego antes.

Só que, se houvesse uma ferramenta, o trabalho ficava muito mais fácil. Criou sem pensar duas vezes, o objeto flutuou a sua frente e ele agarrou o punho.

Rasgou de leve as escamas do réptil, aos poucos tirando pontinha por pontinha. Não contente com o que conseguiu, ainda arrancou os dentes.

 

2× Escamas Brilhantes

3× Dentes de Predador

 

Profissão desbloqueada: Caçador.

Nível: Inicial

A ação Esfolar possui maior chance de sucesso. Mais informações são desbloqueadas no Bestiário ao usar Investigar. Leve aumento na chance de espólios aparecerem de monstros.

 

Uma nova receita foi adicionada à lista de criação: Traje de Caçador.

Uma nova receita foi adicionada à lista de criação: Medalha de Caçador. 

Uma nova receita foi adicionada à lista de criação: Armadilha Simples.

Investigar, Esfolar e o combate contra bestas mais poderosas que o caçador elevará a classificação da profissão.

 

Um largo sorriso surgiu no rosto de Lucas. O mar de recompensa debaixo de seus pés só ficava maior, trazendo uma satisfação sem igual.

Passou uns bons momentos transitando de lá pra cá, no entanto teve uma repentina epifânia a respeito da zona anterior.

"Espera, se eu analisar muitos dos goblins, eu posso arranjar dinheiro pra caramba vendendo as Ervas ou até as poções!"

Antes de sair, criou um colar com três dentes e o pôs no pescoço. Seu plano era retornar à zona anterior, matar uns goblins e descolar um dinheiro para comprar talvez um item ou outro.

Infelizmente, nem tudo eram flores. Assim que saiu da casa, deparou-se com um horizonte repleto de pontos roxos. 

Estreitou os olhos e inclinou a cabeça para frente, foi então que seu sorriso desapareceu.

"Eu me fodi…"

 

*****

 

Um carro estava estacionado na mesma rua do condomínio de Lucas. Dentro dele havia duas pessoas, um cara de óculos e uma mulher ruiva.

Os dois prestavam atenção na rua, abastecidos por latas de energético e lanches dos tiozinhos que vendiam salgados na calçada. 

Alguns desses tios estavam até receosos de receber o dinheiro, pois ambos pareciam personagens de filmes de espionagem ou alguma gente de uma máfia barra-pesada. 

— Instalou mesmo a câmera lá dentro, Arthur? — perguntou a ruiva, batendo o pé no chão.

— Bianca, eu coloquei ontem — respondeu, em seguida dando um gole na lata. — Pega o tablet no porta-luvas e liga.

Ela pegou o aparelho e ligou. Abriu um aplicativo no centro da tela e assim apareceu a gravação do interior do condomínio. O homem deixou a lata no porta-copos e suspirou.

— Isso que a gente tá fazendo é crime, não é…?

— Só é crime se nos pegarem. 

— É, você tem razão, mas por que ficou tão interessada nesse cara tão de repente? — Tomou outro gole.

— Por que vamos ganhar muito dindin! — Uma carranca surgiu em seu rosto, em sua cabeça era óbvio o motivo de irem tão longe. — Conversamos com todos lá, inclusive a mãe desse cara, não tem como ele ter conseguido aquilo tudo do nada!

Arthur revirou os olhos e deitou o banco para trás, relaxando as costas e encarando o teto marrom do carro. 

O arrependimento começou a aparecer, não devia ter dado a ideia da investigação.

— O que você acha que ele tem de especial?

— Alguma habilidade de teleporte ou locomoção espacial. — Arrastou o dedo na tela, passando para outra câmera. — Se os vizinhos não sabiam que habilidade ele tem e a mãe dele diz que o filho não tem nada, então claramente tem algo suspeito nisso tudo.

— Faz sentido… e o que você vai fazer se ele não tiver mesmo?

— Nada, ué. Só vou ficar pê da vida e voltar pra minha rotina e…

Bianca parou e seus olhos se estufaram diante do que via no tablet. Uma pessoa apareceu do além atravessando a porta do condomínio.

Era um rapaz que viu há dias atrás, salvou ele de um portal de rank baixo. No entanto, tinha muitas coisas diferentes, ele parecia mais forte e usava roupas estranhas.

— Arthur, olha, olha! — Esfregou o aparelho na cara do amigo. — Esse cara apareceu do nada, eu tava certa!

— Pera, o que…? — Inclinou o torso para frente e agarrou as bordas do tablet. — É o mesmo que foi na agência e vendeu as ervas!

— Ahá, então encontramos o cara certo! Amanhã cedo a gente vai atrás dele, vamos voltar por agora com essa gravação.

O carro deu partida e ambos saíram dali o mais discretamente possível. Em pouco tempo a rua ficou para trás, cada um foi para sua casa, mas combinaram de se reencontrar o mais cedo possível amanhã.

Logo pela manhã os dois se viram na empresa e saíram em direção ao condomínio. Tocaram a campainha, a pessoa que atendeu foi uma senhorinha ranzinza de óculos e deixou aberta somente a fresta da porta.

— Bom dia… Ah, são os dois jovens de ontem — murmurou, abrindo o restante. — Precisam do que? Eu já falei que não aceito dar dinheiro pra caridade nenhuma…

— Bom dia, senhora, sou Bianca Scarlet e queria saber se posso entrar para conversar com a senhora. — A ruiva abriu um sorriso. 

— Espera… a Bianca Scarlet da TV?!? — A dona de casa ficou de queixo caído e logo mudou de humor. — Por favor, entre, entre! Eu vou preparar um café!

Os dois colocaram os pés para dentro, mesmo que a senhorinha fosse um pouco convidativa demais. Sentaram-se à mesa e deram uma olhada na casa — pequena e comum.

A dona pôs duas xícaras de café e uma tigela de bolachas na mesa, junto de leite e pão. Dava até certo ar nostálgico, motivo que os fizeram simpatizar com ela.

— Ca-ham… — pigarreou Arthur —, desculpe por ser muito direto, senhora, mas estamos queríamos conversar com Lucas, seu filho…

— Ah, com o Luquinhas? — Inclinou a cabeça para o lado. — Me perdoem, mas ele saiu tem algumas horas. 

— Hã? — A de cabelo vermelho batucou os dedos na mesa. — Pra onde ele foi? 

— Ele foi realizar um serviço comunitário — disse uma quarta pessoa, com uma voz assustadoramente grossa.

A dupla tomou um susto, percebendo um gato roxo sentado do outro lado da mesa. Ele possuía uma aura ameaçadora e parecia que ia morder o pescoço deles a qualquer momento.

— Amorazinho, seja cuidadoso com nossos hóspedes, por favor — pediu a dona, levantando-se da cadeira e afagando a cabeça do gato. — Eu sairei por um momento, sintam-se livres para conversar.

A mãe de Lucas saiu de cena. Amora respirou fundo, seus olhos rolaram entre aqueles dois. Um certo desprezo transbordava por seu jeito preguiçoso.

— Sei porque estão aqui e sei que estão atrás de Lucas, então serei breve: falem de uma vez o que querem, estarei ouvindo.

E assim, uma perigosa negociação começou. De um lado, a empresa Scarlet Witch procurando um poderoso empregado, do outro um amigo protetor. Uma pena que o alvo principal da conversa não estava lá para escutá-los…

 

*****

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