Farme! Brasileira

Autor(a): Zunnichi


Volume 2

Capítulo 69: Súcubo

A palavra que mais se encaixava às centopeias de fogo dentro da caverna era “arregaçada”. O motivo era bem simples: ninguém conseguia parar aquele garoto.

Podiam restringi-lo com um aperto, mordê-lo e até puxá-lo só para tirar da caverna, mas mesmo isso foi completamente em vão, ele continuava como uma força imparável.

Chamar ou não os mais poderosos da espécie era inútil, pois ao invés de matá-los em um golpe, Lucas conseguia o mesmo resultado em dois.

Nessa hora que uma raça inteira se arrependeu por não terem uma “rainha” ou terem criado a versão mais poderosa dentre todas as pessoas. 

Em seus pensamentos, número era poder, no entanto aquela pessoa demonstrava que essa ideia era arcaica e fajuta demais para funcionar.

— Cacete, quanta notificação. Será que eu vou tá monstrão quando sair daqui?

 

Você subiu de nível

Você subiu de nível

Você subiu de nível

Você subiu de nível

 

Você ganhou o título Matador de Insetos

Aumenta os atributos contra monstros do tipo inseto em 30%.

 

Você ganhou o título Odiador de Centopeias.

O dano causado contra centopeias foi aumentado em 100%.

 

“Hum? Que estranho, por que tem dois tipos diferentes dessas coisas?”

Os títulos eram meio peculiares até onde Lucas sabia. Só se podia ter um equipado por vez, mas seus efeitos eram bastante avassaladores, mas também havia uma gama bastante ampla dos seus efeitos.

Por exemplo, o prefixo “Matador” entregava um aumento de atributos, enquanto “Odiador” era mais relacionado ao dano em si. Ambos requisitavam matar muitos e muitos monstros para serem obtidos.

Ironicamente, o mesmo não aconteceu com o de vampiro, somente com o de goblin e os dois que acabou de receber. Se fosse generosidade de Moon, o gerente do sistema, ele estava mais do que grato.

Lucas ainda seguiu o caminho, e estava francamente grato pela ajuda do monstro toupeira, pois rios de experiência e itens caiam no seu colo aos montes. 

Ele até se deparou com outras centopeias que deram drops diferentes, e até tinham uns traços esquisitos das demais, mas nem elas eram capazes de enfrentá-lo direito.

Isso o fazia se sentir semelhante a um protagonista de chicote que se mexia na velocidade de uma mula e era muito conhecido por pular igual um elefante e cair feito tijolo.

O tal protagonista que pensava tinha um nome que começava com “B” e terminava com “Mont”, e marcaram muitas pessoas por conta de inúmeras mortes injustas.

A lembrança de cair num buraco depois de um pulo mal executado numa das fases mais avançadas do jogo desse personagem fez uma veia saltar da testa de Lucas.

“Japonês consegue ser um bicho do mato algumas vezes…”

 

O título Odiador de Centopeias foi equipado.

 

— Hah, estou ficando cansado disso… — Ele retraiu o braço transformado, já não via mais necessidade, e também ter essa coisa por aí entregava um sentido muito estranho. — E eu nem uso esse braço pra esse tipo de coisa… Hah, que merda eu tô falando? 

Lucas, meio imerso nos pensamentos, não reparou na forma como sua mão esquerda traçava diversos cortes ao seu redor em alta-velocidade, retaliando qualquer monstro que se impunha no caminho.

Depois de tanto andar, no entanto, a passagem foi completamente liberada para que passasse. As centopeias pelo visto desistiram de impedi-lo. A essa altura seria melhor só que ele saísse.

— Hihihi! Hoo! — A risadinha círculou em torno de Lucas, mas o som aparentava vir de uma luz no final daquele túnel. — Você é mesmo interessante, mais do que eu acreditei! E ainda tem um rostinho fofinho desses… Eu adoraria te colocar no meu arsenal como um dos meus brinquedos.

O rapaz levantou a sobrancelha. Quem era essa pessoa para chamá-lo assim? Seria Solein se não fosse pela voz, que parecia mais grave.

— Só pra constar, eu não bato em mulher, então…

— Não bate em mulher? Minha nossa, como eu estou com medo de levar um tapinha desse cavalheiro! Hohihi! Você é mesmo uma gracinha, agora eu te quero mesmo como brinquedo!

A sombra de Lucas tremulou, seus instintos apitaram para alguma coisa atrás de si, ele rapidamente se abaixou e viu largas unhas apanharem seus fios de cabelo.

Recuou um salto para trás, projetando o corpo na mesma direção da inimiga, mas ficou chocado e sem reação ao vê-la. Ele queria tapar os olhos, pra falar a verdade, e sentia até que era desresPEITO continuar vendo-a.

Por que aquela mulher era tão exibicionista? A qualquer momento suas roupas se desmanchariam e o jeito como um véu escuro escondia os lábios e os olhos parecia querer instigar a imaginação dos outros.

— Você pode colocar alguma coisa? — Ele desviou o rosto, meio corado.

— Oh? O que foi, você não tá gostando da vista? — A mulher se inclinou para frente e deu alguns passos em frente, destacando seu salto alto de ponta fina. — Vai me dizer que se encantou por isso? Ora, tem como eu fazer muito melhor…

— É justamente por você ser bonita que eu prefiro não continuar vendo, eu imploro, use alguma coisa.

— Hã? Essa é a primeira vez que me dizem para vestir algo… Bom, não importa! Vou te neutralizar e te transformar num brinquedo agora!

A mulher ergueu a mão, um raio negro saiu da ponta de seus dedos e voaram na direção de Lucas, que entrou no seu modo de batalha no mesmo instante para se esquivar.

Ele não ia bater nela, sua mãe ainda o mataria se o fizesse. Assim que os raios passaram reto, o rapaz observou eles repentinamente mudarem de trajetória e voltarem a sua direção de novo, forçando-o a realizar outra pirueta para desviar.

— Vamos ver quanto tempo você dura! — A súcubo disparou mais raios, mas com um cuidado extremo para torná-lo em queijo. Só dava para usar como brinquedo se ainda estivesse vivo. — Ninguém jamais conseguiu evitar meus poderes, duvido muito que… Pera, o que? Como anjos você consegue fazer isso?!

Lucas realmente esquivava de todos, mas assumia um jeito e cada pirueta estranha que fez a mulher arregalar os olhos. Era como se estivesse vendo uma apresentação de circo feito pelo irmão da Samara de O Chamado.

Os movimentos eram tão estranhos que Lilith coçou os olhos mais de uma vez para ter certeza de que não precisava de um óculos de grau alto para entender a cena.

Isso era totalmente ridículo, a súcubo preferia acreditar que nada disso estava acontecendo, dar as costas e ir embora pela forma como aquele rapaz tratava seus ataques igual brincadeira de criança.

Ele nem suava, e realmente não tinha dificuldade alguma em se mexer para fora do caminho, os golpes, flechadas e magias dos elfos de gelo conseguiam atuar da mesma forma.

Lembrava vividamente de quando um dos elfos, durante uma sessão de combate suave, de alguma forma fez a flecha realizar uma curva tão fechada, que por muito pouco Lucas não perdeu os miolos.

Por conta de um trauma tão vivo que aqueles projeteis pareciam inofensivos aos seus olhos. Havia assumido posições e jeitos inúmeras vezes piores para sua coluna e saúde anteriormente.

— Foi mal, mas eu não posso ficar agora, então eu vou só te parar por um tempinho — disse, sacando a varinha da cintura. — Sério, me desculpa se você ficar passando frio… Bem, roupas existem para agirem contra o clima, né, por isso seria bom usar algumas.

 

A magia Esfriar Clima foi ativada.

A temperatura do ambiente abaixou grandemente.

 

Lilith sentiu um peso recair em suas pernas. O calor nas paredes alternou com um gelo glacial, flocos de gelo prenderam parte de seu corpo contra o chão e seus braços se recusavam a mexer direito.

— Volte, seu maldito! Volte aqui! — gritou ela, disparando mais magias em direção a Lucas, no entanto nenhuma delas era o bastante para dá-lo um tipo de cansaço. — Droga, eu terei que fazer aquilo… Hah, essa pessoa é uma das poucas que me obrigou a ir tão longe.

 

A Magia Feromônios Luxuriosos foi ativada

 

Feromônios Luxuriosos

Feitiço de nível 3

 

Lança um gás no ambiente repleto de substâncias químicas que atiçam o instinto sexual de todas as criaturas que forem afetadas. Não afeta o estado mental dos afetados diretamente, mas seus sentidos se modificam de acordo com a dosagem.

 

Lucas parou seu passo e olhou para trás. Seu semblante ficou escondido por uma sombra gerada pelo cabelo, e por algum motivo ele não parecia querer se afastar mais.

“Funcionou! Agora, eu devo ter tempo pra…” Lilith abriu um sorriso, mas logo essa expressão desmanchou quando o rapaz desapareceu de sua vista. “Pra onde ele foi? Não me diga que ele está pensando em me matar agora!”

Um aparição repentina diante de seus olhos fez seu coração pular. O rapaz estava na sua frente, e a súcubo não acreditava que ele era tão alto quando via bem de perto.

Pior ainda, seu corpo não reagiu a tempo para se afastar, então as mãos dele a tocaram. Uma encostou em sua bochecha, a outra na cintura, causando tremeliques em Lilith.

— Eu me desculpo por mais cedo — disse o rapaz, aproximando o rosto. — Eu vou tratar de te tirar antes que o pior aconteça. É realmente errado deixar uma mulher para trás dessa forma.

“Uau, é mesmo um cavalheiro! Mas desde quando ele é tão bonitão assim…? E nossa, que mão firme… Ah, droga, a minha própria magia está me afetando também?”

A magia havia mesmo afetado a ela mesma, efeito colateral de estar atenta e assustada demais para colocar as proteções necessárias e não cair na manipulação dos feromônios.

Era tarde demais, então sua mente saiu do raciocínio tradicional e quis ser levada pelo homem a sua frente da maneira que fosse melhor.

Lucas, por outro lado, não foi afetado em nada. Ele continuava igual a antes, só se sentia de algum jeito mais enérgico que antes, porém retornou para realmente tirá-la daquele lugar perigoso.

No entanto, ao analisá-la, reparou que as bochechas rosadas, o corpo mole e os olhos vacilantes indicavam uma coisa que qualquer um identificaria: ela estava bastante bêbada.

“Pô, é sacanagem deixar uma mina bêbada no meio daqui, né? Vai que surge um estranho e se aproveita dela.”

Ele soltou um longo suspiro e retirou a jaqueta de sua bolsa, colocando sobre os ombros dela e a carregando no colo feito uma princesinha demônio.

Os olhos de Lilith ganharam um brilho sobrenatural, a fantasia que tanto desejava com o rei demônio se concretizou com outro homem, mas ela não se sentia mal por isso.

Na verdade, parecia melhor que fosse dessa forma. O rei demônio nunca daria atenção a sua fiel súdita, diferente do cavalheiro que fez questão até de acobertá-la por preocupação.

— Eu retiro o que disse quanto a você virar o seu brinquedo… — confessou, envolvendo os braços ao redor do pescoço dele. — Me deixe virar o seu brinquedo! Me use, eu quero que me use!

— Que…? — Lucas ergueu as sobrancelhas, achando que a cachaça teve um efeito horroroso. — Você não devia dizer isso para qualquer um. Hah, eu vou te colocar na sua própria casa ao invés disso se souber do endereço. Não sou um monstro que abusa das outras pessoas, eu hein…

— Ohhh! Eu completamente adorei seu jeito! — Lilith esfregou o rosto no dele, em seguida levando a mãozinha boba no peitoral do rapaz. — Você mostrar uma de pureza mesmo diante de uma dama indefesa e nefasta como eu… Ah, me faz querer tirar isso, drenar todo o seu lado puro…

“Merda, outra aliciadora!”, pensou Lucas, arrependido de ajudá-la. — Olha, só vou te deixar na tua casa e a gente vai ficar por isso, tá? Eu tô meio ocupado…

— Então me dê pelo menos um beijinho! Por favor, um beijinho!

— Hah… Vou pensar…

Ele perdeu o bv injustamente, talvez beijar outra pessoa agora não teria realmente nenhuma importância mais. Não era como se ele tivesse um lance com uma pessoa mesmo.

Lucas preparou suas pernas, então estirou o corpo para frente e saiu em disparada para a saída da caverna, ao mesmo tempo que uma encantada súcubo o olhava com admiração.

Ele era seu tirano num cavalo preto.



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