Volume 1

Capítulo 47: Combate no Convés …

Praticamente todos começaram a gritar. Não gritos desordenados, mas algo ensaiado. Era uma forma de avisar quem estava atrás sobre o momento exato de avançar. 

Os gritos eram tão intensos que Nimbus não soube se ele também gritava ou se os gritos passavam através dele.

Imediatamente, a porta da cabine de comando se abriu e Sãr Adon partiu correndo para o convés, acompanhado por Valeros. Antes de pensar no que fazer, Nimbus sentiu alguém empurrá-lo pelas costas. 

Era Boagrius, com os soldados empurrando tudo em sua frente, para sair para o combate. Sem pensar, Nimbus se viu no meio do convés, sendo empurrado pelos soldados que, ao saírem, tomavam rumos diferentes em uma formação de combate ensaiada. De repente, ele percebeu que havia perdido de vista seu mestre. 

Foi quando o viu à frente, a vários metros de distância. Correndo, seguiu o rumo e, com grande dificuldade, conseguiu se aproximar de Lonios.

— Maldição, Nimbus! Onde você estava? Era para estarmos na vanguarda. Nunca mais se afaste de mim! — Lonios o repreendeu.

— Desculpe, mestre — foi a única coisa que ele conseguiu responder.

Poucos segundos depois, o som do aço se chocando com o aço ecoou, e os gritos se tornaram mais intensos. Nimbus percebeu que estavam perto da borda da nave. 

O pequeno muro que delimitava o fim da Brand estava aos seus pés, e ali, onde estavam, as duas naves não estavam encostadas. Havia um vão de quase um metro de comprimento separando-as, e a única coisa que mantinha as naves unidas eram correntes com ganchos. 

Daquele vão, Nimbus sentiu um frio intenso subir, formando uma névoa branca. Olhando para cima, viu que estava na parte de trás da nave. A frente da nave pirata empurrava a Brand, que girava no seu próprio eixo.

— Isso não é bom, eles estão nos fazendo girar. As turbinas deles são mais potentes que as nossas. Estamos fora de controle. Eles podem nos levar para onde quiserem — explicou Lonios.

Nimbus percebeu que a luta estava ocorrendo mais à frente. As forças aliadas estavam forçando os piratas contra a frente da nave, onde ficava a sua ponte de comando. 

— Vê aqueles homens que ficaram para trás? — Lonios apontou. — Aqueles soldados estão protegendo a porta da nossa ponte. Elisis está posicionada sobre o teto da ponte de comando da Brand, atirando flechas nos piratas que quebram o bloqueio e tentam se aproximar. Aquela porta deve ser defendida até o fim. Se os piratas a ultrapassarem, estarão a poucos metros de tomar a nossa ponte de comando. Elisis não deixará ninguém passar.

— Acho que ninguém vai passar — Nimbus tentou fazer uma piada para aliviar a tensão.

— Acho que ninguém vai passar pela Elisis, mas o nosso objetivo principal é alcançar a ponte inimiga. E ela está tão bem defendida quanto a nossa — Lonios apontou para a construção metálica da nave pirata, a ponte de comando deles. 

Estava muito bem defendida, muito mais do que a ponte da Brand. Três arqueiros com bestas pesadas atiravam flechas contra os soldados da Brand, enquanto dezenas de homens se agrupavam em frente à porta. 

Eles formavam um círculo de defesa, de modo que qualquer soldado que conseguisse ultrapassar a linha de frente seria morto pelos que estavam no meio. Eles não atacavam, apenas defendiam a ponte.

— Nossa! Como vamos passar?

— Nimbus, esse é o grande problema. Eles querem ganhar tempo para que o monstro do éter afunde a Peregrino. Depois disso, seremos a próxima vítima da fera.

Ao ouvir as palavras de Lonios, Nimbus sentiu o terror apertar seu peito, suas pernas vacilaram, e a espada em suas mãos parecia pesar ainda mais. 

Ele tinha certeza de que sua palidez era visível, pois Lonios o fitava com uma expressão de espanto.

— Nimbus, vamos conseguir, só precisamos parar um instante e bolar uma estratégia. — disse Lonios, tentando manter a calma.

— AGRUPAR! — O grito familiar de Sãr Adon cortou o ar.

Lonios deu um salto e atravessou o vão que separava as naves, conduzindo Nimbus até onde Sãr Adon estava. À distância, o brilho azul do escudo de Aço Diamante de Adon reluzia com intensidade, ainda mais forte sob o céu aberto. 

Quando se aproximaram, Nimbus percebeu que Adon, Valeros e Boagrius estavam cobertos de sangue. Tentou procurar por ferimentos, mas não havia nenhum. 

O sangue não era deles; Valeros, com os cabelos empapados, estava marcado por gotas vermelhas, que pingavam no chão.

— A defesa deles é muito bem organizada. Se continuar assim, não vamos conseguir passar rapidamente. — Valeros disse, com uma calma que impressionou Nimbus.

— Eles devem estar tentando prolongar a luta o máximo possível. Estão esperando a Peregrino ser afundada, e depois o monstro do éter nos atacará. — explicou Sãr Adon.

— Se continuar assim, levará horas para conseguirmos chegar à ponte. E ninguém sabe quantos mais estarão esperando lá dentro. — Valeros parecia ter uma visão clara da situação, algo que Nimbus não seria capaz de calcular com a mesma precisão.

— Valeros, o tempo não é nosso aliado. Em poucos minutos, a Peregrino será afundada por aquele monstro, e seremos os próximos. — Lonios interveio, a seriedade em sua voz clara como o aço. 

— Precisamos tomar aquela ponte antes que seja tarde demais. Esse é o único motivo pelo qual Sãr Ahbran me escolheu para esta missão.

Sãr Adon ficou em silêncio por um momento, pensativo, e então olhou fixamente para Lonios.

— Lonios, quero que você me prometa que completará nossa missão. — O olhar do velho cavaleiro estava firme.

— Sãr Adon, você tem minha promessa. Farei o impossível para que esta missão seja concluída. — respondeu Lonios, com a mesma convicção.

— Por que o senhor está falando isso, mestre? — Valeros perguntou, surpreso com a mudança de atitude do velho cavaleiro.

— Valeros, agora você está no comando da minha equipe. — disse Sãr Adon, com uma calma implacável.

— Não entendo. O senhor ainda está no comando... — Valeros tentou protestar.

— Silêncio, meu aprendiz. Cumprirá minhas ordens ou não? — A voz de Sãr Adon era autoritária, e Valeros não ousou mais questionar.

— Fique aqui com os homens. Quando Lonios lhe ordenar, ataque. — As palavras de Sãr Adon eram claras e imutáveis.

Após dar sua ordem, o velho cavaleiro se afastou, dirigindo-se à parede de escudos que seus homens haviam erguido. Quando chegou até eles, todos abriram caminho. 

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