Volume 1 – Arco 1
Capítulo 8: Evolução
Levantei bem cedo no dia seguinte. Bem, na verdade, nem havia dormido. Por alguma razão, o cansaço não me abateu.
Senti vontade de dormir, mas não vi isso como uma real necessidade. Talvez haja algo nisso, ou talvez seja apenas o trauma do dia anterior.
A habilidade Mente Serena era, de fato, um perigo. Como ativava-se por conta própria, eu não possuía um real controle. Ela até poderia salvar minha vida, mas as consequências também poderiam ser gravíssimas.
Por conta dessa habilidade, matei dois dos meus subordinados sem pensar duas vezes. Eu nunca havia matado alguém antes. Caçar um coelho era um coisa, matar um servo... era outra completamente diferente.
A habilidade me fazia pensar de maneira racional; até aí estava tudo bem, mas talvez, um dia, eu não queira agir dessa forma. Ela me levava a tomar decisões lógicas que não estavam ligadas aos meus sentimentos e isso era muito perigoso.
Perigosa demais para agir de maneira leviana.
Suspirei e comecei a ligar os pontos. A habilidade não se ativou por aleatoriedade. Havia algum gatilho e eu precisava descobrir qual era.
Na situação, estava em um profundo desespero. Minhas ações e mente estavam confusas e sem lógica. De jeito nenhum poderia decidir como agir.
Talvez seja esse o gatilho: desespero, angústia e tormento.
Caso me enfie em outra situação em que não saberei como agir, ela poderia acabar ativando outa vez.
Espero estar pronto neste momento...
Outra vez, suspirei. No entanto, decidi não continuar divagando sobre isso. Passei à noite inteira tentando colocar minha cabeça no lugar e não seria naquele momento que conseguiria.
Apenas preciso levar em conta que agora estou em outro mundo, portanto perigos me assombram e assombram aqueles que estão ao meu lado.
Seguirei com o plano de investigação dos arredores, aumentarei minhas forças e descobrirei o que posso sobre esse novo mundo.
— Este vai ser meu objetivo a curto prazo... e, depois, verei o que farei.
Levantei do trono e desci para o primeiro andar. Respeitando o meu isolamento, ninguém havia aparecido na sala do trono ou me perturbado durante à noite, por isso não sabia o que estava ocorrendo.
Quando cheguei no primeiro andar, deparei-me com uma cena confusa e engraçada, diga-se de passagem. O primeiro goblin invocado assumiu um papel de liderança e comandou os demais para montar uma espécie de acampamento improvisado.
Aparentemente, a sua inteligência aumentou um pouco desde que nasceu. E ele também tinha como parceiro o esqueleto que era mais que três vez mais forte que os Goblins, então nenhuma das criaturas reclamaria.
Assim que apareci, todos os Goblins ficaram paralisados. Alguns ainda estavam assustados pelo dia anterior, mas a maioria possuía um enorme respeito por mim.
Apesar de serem burros como uma pedra, ainda possuem lealdade.
Pensando bem, eles realmente precisavam de um líder. Eu não poderia cuidar de tudo sozinho, portanto nomear alguém como um líder talvez fosse uma boa ideia.
Contudo isto também pode me trazer sérios problemas. Dar uma posição de poder poderia criar pensamentos libidinosos, o que também criaria caos.
Por isso a melhor escolha, realmente, seria nomear aquele pequeno goblin.
— Você, aproxime-se — chamei o primeiro goblin. Ele chegou perto rapidamente e abaixou a cabeça, indicando submissão. — A partir de agora o seu nome é Glenn
Um nome comum, mas achei que combinava bastante. O seu significado denotava do Celta, e significava: Vale Isolado de Florestas
Era um nome bonito demais para um simples goblin.
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[Você nomeou um Monstro]
[O Goblin assumirá o nome de: Glenn]
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Ah! Mas é claro, eu não havia esquecido desse pequeno detalhe. Nomear um monstro não era uma tarefa tão simples...
Senti a energia vazar por todo o meu corpo e entrar no do pequeno. Ele começou a absorvê-la sem parar, como um buraco negro sugando a luz.
Em seguida, quando terminou de absorver tudo, o seu corpo começou a modificar. Ele cresceu para além do meu próprio tamanho.
Sua coluna se ajeitou no lugar, seus braços cresceram junto com um par de dedos a mais nas mãos, o seu rosto começou a tomar uma forma mais humana e cabelos negros esverdeados brotaram na sua cabeça.
Agora, ele parecia um jovem humano comum, com dentes um pouco mais salientes, orelhas um pouco mais afiadas e, é claro, pele verde.
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[Goblin Gleen alcançou o Nível Máximo da Raça]
[O excesso de energia será convertido!]
[Goblin Evoluiu para Hobgoblin]
[Evolução Racial Concluída]
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De repente, minha respiração tornou-se pesada e cai de joelhos ao chão. O monstro à frente me deu um olhar estranho e eu percebi que havia cometido um erro.
Monstros tinham duas formas de evoluir: evolução por Grau e Raridade.
A evolução por Grau não modificava sua espécie, mas tornava ela uma forma mais poderosa.
A evolução por Raridade modificava a espécie do monstro, subindo-o para uma categoria diferente.
Para ambas era necessário ou alcançar o nível máximo e quebrar uma barreira, ou por métodos especiais, como nomeação ou dando-lhes um emblema, sendo uma subida de Grau bem mais comum e fácil que uma de Raridade..
Monstros nomeados sempre eram naturalmente mais fortes e talentosos que os sem nome. Em Vangloria, a maioria dos chefes de andares e chefes de regiões possuíam nomes.
Entretanto havia dois problemas em nomear, toda a minha energia era sugada no processo e havia uma chance do monstro se tornar mais forte que eu.
Caso ele decidisse me atacar, eu estaria mortinho da silva.
Para a minha sorte, o rosto estranho, a qual ele me encarou, exibia apenas confusão. Assim que voltou a si, ele correu para me auxiliar.
— M-mestre, o senhor está bem?! — exclamou, nervoso, pois essas eram as suas primeiras palavras com significado
— Estou ótimo. Meus parabéns, Glenn.
Ele tentou me ajudar a levantar, mas eu estava mais interessado nas suas informações.
[Informações]
Nome: Gleen
Raça: Hobgoblin | Nível 1/20
Raridade: Incomum | Grau: 1
Emblema: Bestial
[Estatísticas]
Força: 4/19 | Velocidade 4/18 | Vigor 5/19
Destreza: 6/21 | Inteligência 7/26 | Mana 1/22
[Habilidades]
[Ativa]
Nenhuma
[Passiva]
Inteligência Aprimorada | Reprodução | Mente Calma
[Especial]
Talento Mágico
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Quando terminou de me ajudar, ele notou que eu havia lhe chamado pelo nome e ele resplandeceu por um instante. Estava contemplativo e emocionado.
Lágrimas brotaram no canto do seu rosto, mas segurou-as muito bem, voltando a se preocupar com minha saúde.
— Mestre, agradeço de coração por isso! Juro lealdade ao senhor e prometo servi-lo pelo resto da minha vida. — Ele se ajoelhou na minha frente.
Soltei um sorriso e coloquei a mão sobre o seu ombro.
— Muito bem. Aceito a sua lealdade. — Neste momento, reparei algo. Já havia notado isso com o esqueleto antes, mas agora me parecia um pouco mais claro. — Você não é alto demais?
— Hã? O que quer dizer, mestre?
Ele era uns 10 centímetros mais alto do que eu.
Estou ficando louco?
— Não é nada. Deve ser coisa da minha cabeça. — Decidi ignorar aquilo por ora. — Bem, continue com o trabalho. Desejo que use essa Clareira como a sua casa. Eu lhe dou o direito de comandar todos aqui.
— Obrigado, mestre! Tentarei cumprir com as suas expectativas!
De súbito, saiu correndo, retornando ao trabalho. Sentia-me um pouco alegre, pois poderia conversar com alguém. Todavia a personalidade dele era um pouco estranha.
Ele não é animado demais?
Bem, nem tudo poderia ser perfeito.
Ah! Droga! Esqueci de perguntar onde estava o Coelho e o Lobo Branco.
Havia me esquecido disso. Antes de toda a confusão acontecer, aquele coelho havia sido capturado e trazido para a Masmorra junto comigo. Ele era a chave para descobrir como Coelhos Chifrudos poderiam ser tão fortes.
De repente, senti uma presença me observando por detrás. Virando-me, encarei o amontoado de ossos quieto em silêncio que olhava direto para os meus olhos.
— Hm? Você sabe onde está o lobo branco e o coelho?
O esqueleto acenou com a cabeça e bateu seus ossos com animação. Ele então correu para à mata; segui logo atrás.
Após uma curta caminhada de não mais que dez minutos, encontrei o lobo branco deitado próximo de um tronco de árvore.
As feridas dele estavam curando-se aos poucos, mas a sua aparência já estava melhor. Assim que me viu, uivou em alegria. Parecia querer pular, como um cão, em cima de mim, seu dono, mas a submissão ainda o segurava.
— Pode vir. Você merece. — Com isto, ele nem pensou duas vezes.
Saltou na minha direção, quase me derrubando, e começou a acariciar sem parar. Ele havia seguido minhas ordens no dia anterior, matando o goblin traidor sem pensar duas vezes.
Isto demonstrou sua lealdade e força; possuía um verdadeiro ar de perseverança e poder. Por conta disso, conquistou, de imediato, meu respeito.
— Está bem, já chega. Onde está o coelho? — perguntei.
O lobo branco me soltou e andou até o tronco. Aproximando-se dele, pareceu apontar com os olhos. Cheguei perto e consegui ver o coelho preso dentro de um buraco debaixo do tronco dela.
O lobo fez um ótimo trabalho, portanto afaguei o seu pelo cor de leite, agradecendo pelo bom serviço. Em seguida, olhei para o buraco e meus olhos se encontraram com o do coelho.
A pequena criatura parecia notar a minha fúria e ressentimento. Tremia e mantinha os olhos assustados, pois temia o pior que estava por vir.
Todavia, depois dos acontecimentos, percebi que a racionalidade era importantíssima, portanto tomei a decisão de não matá-lo, por ora...
Empurrei o tronco para o lado. Neste momento, o pequeno deu um passo meio manco para trás; ainda estava ferido. Sem cerimônias, agarrei-lhe rapidamente e proclamei:
— Domar!
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[Domar bem sucedido]
[Coelho Chifrudo Domado]
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Naquele momento, tornou-se possível ver sua tela de estatísticas...
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[Informações]
Nome: Nenhum
Raça: Coelho Chifrudo | Nível 10/10
Raridade: Comum | Grau: 1
Emblema: Bestial
[Estatísticas]
Força: 8/9 | Velocidade 8/10 | Vigor 8/9
Destreza: 10/11 | Inteligência 7/7 | Mana 9/9
[Habilidades]
[Ativa]
Manobra Tridimensional
[Passiva]
Sentidos Aprimorados
Mente Calma
[Especial]
Reprodução
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O primeiro pensamento que passou pela minha mente foi...
Altos demais.
Aquelas estatísticas quase no máximo, o nível já alcançando o máximo, e a habilidade reprodução no nível 6 não batiam com as estatísticas de um Coelho Chifrudo normal.
Ele também possuía duas habilidades de raridade incomuns. Sentidos Aprimorados e Manobra Tridimensional.
Respectivamente, uma permitia que o usuário tivesse uma espécie de terceiro olho que auxiliava, e muito, no combate e a outra possibilitava movimentação em três dimensões.
O coelho poderia literalmente saltar no ar e ver ataques de lugares que deveriam ser pontos cegos.
Além disso, a habilidade Reprodução era algo comum único dos monstros bestiais. Basicamente aumentava sua taxa de natalidade e os permitia acasalar com quaisquer outras raças, porém é claro que só o progenitor masculino com a habilidade é que cedia os genes para a prole.
A criança não pegaria nenhuma das características da mãe. Basicamente uma forma de reprodução meio assexuada com organismos de outras espécies.
Uma verdadeira invasão. Algo que representava bem o conceito de Bestial.
Entretanto o nível da habilidade estava extremamente alta para os padrões e era classificada como uma Especial.
E, estranhamente, agora ela estava riscada, como se estivesse inativa. Jamais antes presenciei algo similar.
Mesmo em Vanglória, numa época que estava interessado em fazer experimentos do gênero, não vi tal coisa acontecer.
— Se você, um simples coelho, possui uma habilidade nesse nível, os outros também devem...
Pensar nisso era perigoso. Monstros com uma capacidade de se reproduzirem infinitamente, devorando e destruindo tudo que acharem pelo caminho. Não me parecia algo divertido de se ver.
— Talvez um Evento surja com isso... — Quando estava perdido em pensamentos, pensando sobre o que estava acontecendo, um sentimento ruim me abateu.
Os pelos do meu braço arrepiaram e um desconforto penetrou por todo o meu corpo, além daquela sensação de preocupação imediata. Era um sentimento estranho, mas consegui, não sei como, entender a razão.
Em seguida, uma mensagem tocou.
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[Invasão em andamento]
[Acesso a tela de status] bloqueada
[Primeiro Andar: Sem nome] Invadido
[Elimine ou Expulse o invasor para receber recompensas]
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