Os Prelúdios de Ícaro Brasileira

Autor(a): Rafael de O. Rodrigues


Volume II – Arco IV

Capítulo 53: O Antimônio

Restando oito dias para o dia prometido, tive um sonho estranho. Esqueci boa parte dele, mas, em um dado momento, sei que vi flores. Eram flores de amarantos vermelhos, um jardim inteiro delas.

Essa imagem era a única coisa de que eu conseguia me lembrar. Talvez fosse Maier tentando se comunicar comigo, como acontecera em outras vezes, mas eu não fazia ideia de como interpretar aquilo.

Após passar alguns minutos na cama, forcei minha mente e meu corpo a se levantar. Um pouco mais cedo do que o habitual, tomei um banho e comi algo leve, o suficiente para não me sentir fraco, nem enjoado demais.

Não havia ninguém nos outros aposentos. O vazio era tão imenso que o som dos meus passos ecoava pelos corredores.

Fui até o quarto de Thes, mas a porta estava trancada. Olhei pelas janelas, mas as cortinas estavam fechadas, impedindo a visão do interior.

Um dos autômatos auxiliares apareceu, oferecendo uma cópia da chave, mas fiquei em dúvida se deveria aceitá-la ou não. Em vez disso, o dispensei e me sentei ao lado da porta, como se estivesse esperando por algo.

Talvez alguém saindo de lá ou, quem sabe, voltando.

— Thes, você está me ouvindo? — perguntei, ciente de que não haveria resposta. — Consegui sair da cama e cuidar de mim mesmo. Parei de dar trabalho para a senhorita Circe. 

Os pássaros cantavam em uma entonação suave, confortando-me.

— Sinto sua falta. Talvez eu vá te ver em breve. Vou ver você... e o vovô. 

... O que eu estava dizendo?

Nunca acreditei em vida após a morte ou em reencarnação. Desde antes de ontem, essas ideias se tornaram apenas uma forma de lidar com sentimentos confusos que me tomavam.

Quando eu e Tsubasa nos separamos, naquele dia da excursão ao Museu Nacional de Tóquio, o tempo parou para nós dois. O relógio continuou a correr deste lado, mas o nosso dia 2 de março nunca chegou.

E ele não chegaria.

No dia da Correnteza Eterna, tudo chegaria ao fim. Se Kosmo vencesse, eu morreria. Se Tsubasa conseguisse o que tanto almejava, Hermes Trismegistus emergiria e se apossaria de mim.

Não importava o rumo que o futuro tomasse, eu, como humano, não existiria mais.

Saber que eu não teria a chance de crescer e envelhecer... era algo impossível de processar, ainda mais na condição em que eu estava. Bem, no meu lugar, qualquer pessoa teria medo de morrer. Comigo não era diferente.

No entanto, pensar que seria pelas mãos de Tsubasa, e que em breve eu estaria com as pessoas que me deixaram para trás — o vovô, a vovó e o Thes —, era reconfortante. Algo que, de forma paradoxal, me trazia uma sensação de resignação.

Poucas coisas me ligavam de fato a este mundo. Eu só queria dormir e não acordar mais. Perdi a vontade e o prazer de viver. É tão irônico. No fim, o Anfiteatro era mesmo como o mundo dos mortos. O meu túmulo.

Ou o meu inferno. Um diferente daquele que a Academia Kinran representava para mim. Até que fazia sentido. Eu e Tsubasa morremos, e estávamos sendo castigados pelos nossos pecados. Isso era parte da nossa punição.

Há pouco, eu tentava encontrar forças para não desistir. Me convencia de que havia pessoas que dependiam de mim, e que isso deveria ser razão suficiente para continuar, até me perder de novo.

... Eu não veria minha família de novo, não é? Eles estavam lá, e eu aqui. Essa era a única coisa capaz de me comover em minha conformidade. Um arrependimento que queimava incessantemente aqui dentro.

Teruki, me perdoe. Perdoe seu irmão por nunca ter conseguido voltar.

Se eu pudesse rebobinar o tempo, teria ficado em casa e esperado vocês voltarem de Nagoya. Eu leria livros e quadrinhos com você. Talvez assim nada disso tivesse acontecido.

— ... Que coisa. Eu sempre faço você vir me consolar, não é, Thes? 

Enxugando o rosto, levantei-me e saí. Meus passos, que começaram apressados, foram diminuindo, até que parei e olhei para trás, uma última vez.

— Até logo.

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Fiz uma visita ao setor para onde minhas rãs foram levadas. Como eu não conseguia mais cuidar delas nos meus aposentos, passaram a viver em um novo viveiro, ambientado em uma estufa.

Na minha deixa, deparei-me com uma pessoa que eu não via há tempos. Era quem revezava o cuidado das rãs com a senhorita Circe: um garoto de pele morena, cabelos negros e olhos azul-cristalinos.

Hector.

Com uma expressão de espanto, ele deu meia-volta, mas eu segurei sua mão e o detive.

— Não vá.
— E-Eu preciso ir — respondeu, com a voz quebrando, relutante. 
— Fique, por favor.
— Terumichi, eu...!

A mão dele tremia cada vez mais forte na minha, tentando se afastar, e seu olhar se enchia de lágrimas. De repente, ele soltou um soluço, e não demorou até que os primeiros sinais de choro escorressem por suas bochechas.

— E-Eu não posso... ficar. Não depois de... — murmurava, sem nem conseguir terminar as frases.

Meu coração apertou.

Circe o instruíra a não me ver, pois isso poderia piorar meu estado emocional. E, por causa disso, ele passou a se ver como uma ameaça para mim. Foi por isso que se distanciou e cortou quaisquer chances de nos encontrarmos.

Eu insisti, mesmo sabendo que ele talvez não estivesse pronto para me ver, nem para me enfrentar. Afinal, eu não podia fingir que nada aconteceu. Que a nossa relação nunca existiu. Senão, estaria repetindo o mesmo erro que cometi com Tsubasa.

Bem devagar, com o máximo de cuidado, aproximei-me e o abracei.

Foi então que as emoções que ele mantinha guardadas transbordaram por completo. Eu só o havia visto chorar assim uma vez antes. Sua respiração era entrecortada, como se algo o sufocasse por dentro, o fazendo afundar.

As lembranças do combate daquele dia ainda eram vívidas. Duvido que algum dia eu consiga esquecê-las. Mas eu precisava ouvir da boca dele, pois não acreditava que a pessoa que enfrentou Theseus era a mesma diante de mim, agora.

Jamais acreditaria nisso.

— Hector, eu perdoo você — disse, assim que seus prantos se acalmaram. — Só quero que me explique. Não quero aceitar que você fez aquilo porque me via como um pertence. Isso me magoaria demais. Você não é assim, então converse comigo... por favor. É tudo o que eu te peço. 
— Eu não sou um herói. ... Eu não sou um herói de verdade.
— ...?
— Meu nome deriva de um termo que significa cálice vazio. A minha vida inteira, eu acreditei que isso era eu. Mas... você mesmo disse. É impossível ser vazio.

Se sentir feliz, triste, ou com medo. Amar alguém, e ser amado por alguém. Mesmo se você negar que essas emoções existem, você não será vazio.

Naquele dia, era eu quem chorava. Ainda assim, fui eu quem disse essas palavras, com a minha própria boca.

— Eu queria estar com você. Isso bastava — ele continuou, apertando o abraço. — Não me importava que o Declínio continuasse a praguejar nossas terras. Meu único desejo, até então, foi... te salvar. 
— Me salvar?
— N-Não tem problema se você não entender. Você tem pessoas que te amam. Tem um lar esperando por você. Mas, pra mim... pra mim, só você foi essa pessoa. Só você foi esse lar...!

Nossos troncos se afastaram, mas suas mãos calejadas permaneceram sobre meus ombros. Cabisbaixo, ele lutou contra a rouquidão e disse:

— Você me fez grato por ter nascido sob o meu destino. Por isso, mesmo que eu faça do mundo inteiro o meu inimigo... mesmo que você me odeie por isso... eu prometo. Eu vou salvar sua vida. 

Um calafrio me percorreu.

Esse tempo todo, Hector sabia. Ele sabia que eu estava destinado a morrer.

Seu distanciamento emocional no início da Corte dos Heróis se deu por eu ser o Filho de Trismegistus, é claro. Já que não nos conhecíamos, minha vida ou morte não fazia diferença. Até que o nosso laço mudou.

Ele se lembrou de quando nos encontramos, ainda crianças. Passou a me amar e a lutar por mim. A cada duelo, enfrentava não apenas o medo da morte, mas o de perder seu desejo — e me perder.

O que o conduzia à vitória não era o vazio em si, mas o anseio de ser preenchido. A fome incessante de unir-se à sua contraparte, tornando-se uma existência una e completa. Essa era a essência do comprometido.

Tsubasa — ou melhor, a Correnteza Eterna — também revelou que, se outro desafiante além do “leão verde”, Hector, fosse admitido como o vitorioso no dia prometido, o fim não seria diferente do que já estava previsto.

Todavia, algo ainda não fazia sentido. De que forma a vitória de uma pessoa específica evitaria a minha morte? Qual era o significado disso? Ao meu ver, o desejo não era a única coisa em jogo. Havia algo mais por trás.

Não pedi mais detalhes além do que me foi dito. Não havia necessidade. Apenas permanecemos lado a lado, pelo breve tempo que nos restava.

Os dias e noites passavam, tristes.

Sentia que havia perdido algo que poderia ter sido, em outra circunstância. Após o quinto combate, não tivemos uma chance real de nos entendermos melhor. Tudo foi muito rápido e cruel, e o tempo desperdiçado jamais voltaria.

Com o tempo, tentei raciocinar e reorganizar minha mente. Cada segundo era um número a menos na contagem regressiva, e o espaço ao nosso redor parecia se comprimir.

Quando os sinos badalaram, foi como um lembrete. O último grão de areia da ampulheta havia caído, e o nosso tempo juntos chegado ao fim. A incerteza e angústia na expressão dele eram como outra metade da minha.

ᛜᛜᛜ

EMBLEMA XXXVII
Três coisas bastam para o Magistério: a Fumaça Branca que é Água; o Leão Verde que é o Bronze de Hermes; e a Água Fétida.

"Três são as bases do magistério: água fétida,
vapor esbranquiçado e um leão de pele verde.
A Água Fétida, como mãe, dá à luz e produz alimento,
e é a primeira e última coisa para o sábio fazer a Pedra.
O Leão Verde é o Bronze de Hermes, conhecido como Pedra.
A Fumaça Branca, por sua vez, é aquosa por natureza."

ᛜᛜᛜ

— O Anfiteatro dá as boas novas! Que comece a audiência da Corte dos Heróis!

Puxadas por aparatos teatrais, cortinas se abriram uma atrás da outra.

Os holofotes se acenderam para um tribunal circular com dez púlpitos. No mais alto, jazia o Imperador das Rosas portando um malhete de ouro. Cinco encontravam-se vazios, todos pertencentes aos heróis derrotados.

Foi a primeira vez em semanas que nos reunimos todos ao mesmo tempo, e o silêncio, pesado de tensão, pairava entre nós quatro.

— Imperador das Rosas, peço pela palavra! — exclamou Kosmo, sendo então envolto pela luz do holofote. — Eu, Kosmo de Vertumnus, desa—
— Eu, Circe de Apollodorus, desafio o comprometido, Hector de Vertumnus, a um duelo!!

O holofote que iluminava o grisalho se apagou, e o da bruxa brilhou em seu lugar.

— O-O quê?!
— Comecemos então, o rito preparatório. Desafiante, responde do teu coração: jura seguir, defender e preservar as leis deste Anfiteatro, ainda que tua vida dependa disto?
— Eu juro.
— Imperador das Rosas! — Kosmo interrompeu. — Conceda um intervalo a essa audiência, agora! ... I-Imperador das Rosas!!

Contudo, seu pedido foi fútil.

— Jura lutar para alcançar Messias, tendo isto como singular propósito?
— Em nome da Correnteza Eterna; a tempestade, o percuciente e a destruição dos homens.

A senhorita Circe permanecia impassível, como uma estátua imponente. Seu olhar penetrante estava fixo no meu.

Em uma de suas visitas, ela me contou sobre o que pretendia colocar em prática antes da data limite. Era uma proposta que colocava a nós e toda a humanidade em Arcadia em risco. Por isso, eu a rejeitei de imediato.

Se desse errado...

"Se der errado, eu serei derrotada e me tornarei ouro como todos os outros", ela disse, ecoando nas minhas memórias daquele dia. "Kosmo vence a Corte dos Heróis, e é o fim da história para nós."
"…"
"Já me culpei demais ao longo da vida. Se deixarmos essa oportunidade escapar, não haverá outra. Espero que entenda a gravidade da situação em que nos encontramos. Precisamos fazer isso juntos."

No presente, sua mensagem para mim continuava a mesma. Eu pressenti que ela tomaria a decisão com ou sem mim, e que, no momento em que a Roda da Fortuna girasse, eu seria seu único aliado.

Como se revisitasse uma cena de filme, rememorei cada parte do plano.

Personificando o que o povo arcadiano acreditava ser uma família de aristocratas eruditos, a Correnteza Eterna vendeu o Chrysós Lapulia, que já havia sido extinto há muito tempo — o que auxiliou na criação dos heróis.

O uso da droga era a condição para que eles chegassem com vida à Torre dos Filósofos. Todavia, uma variante da maldição do ouro ainda afligia os desafiantes derrotados perante a Corte dos Heróis.

Se tivéssemos pensado por esse lado desde o início, teria sido fácil desvendar o mistério.

O Chrysós Lapulia era a substância que interagia com a luz do topázio imperial, criando uma reação que se assemelhava à do Declínio comum — só que em um ritmo muito mais veloz, quase instantâneo.

Essa funcionalidade era empregada exclusivamente durante um combate. Se o aparelho emissor — o fantoche do Imperador — fosse destruído, não importava quem perdesse: talvez não recebesse sanção.

Eu usaria o Amaranto para isolar a reação, como fiz quando tentei salvar Theseus, antes de a maldição atingir um organismo.

Apesar de parecer simples, isso ia contra a regra de não atentar contra a integridade da Corte dos Heróis — uma transgressão severa, passível da punição mais grave: a desclassificação imediata.

Nosso fracasso acarretaria o duelo entre Hector e Kosmo por Reavaliação de Dignidade. Na pior das hipóteses, a Corte seria invalidada pelo meu envolvimento, o que resultaria na extinção da vida em Arcadia.

Se tivéssemos sucesso, o sistema do Anfiteatro seria rompido. A vida de mais ninguém seria sacrificada. As consequências disso ainda eram um mistério. Um recurso desesperado, já que não nos restavam mais opções.

O ponto crucial era que Tsubasa ainda prezava pela humanidade — e por mim.

Minha vida, assim como a do povo arcadiano, era necessária para dar continuidade à ressurreição de Hermes Trismegistus e à instrumentalidade divina. A não ser que eu o estivesse subestimando, ele não desistiria tão fácil.

Após reatar o meu laço com Hector, a senhorita Circe e eu voltamos a nos encontrar. Foi quando discutimos nossa segunda missão.

“Terumichi. Você me disse que, ao enfrentar essa pessoa, Tsubasa, teve a impressão de memórias estarem retornando a você. Memórias de ter se encontrado com os desafiantes derrotados em outra dimensão.”
“... Sim. Elas são vagas. Eu devia estar sonhando.”
“E se não for um sonho?”
“Hm?”
“Não há como ressuscitar os mortos na Corte. Essa é uma regra imposta pela Corte. De acordo com Kosmo, o desejo depende dos sacrifícios à Corte dos Heróis. Mas… o que seriam esses sacrifícios?”
“Os heróis derrotados?”

Ela acenou.

“Quando o corpo, o recipiente da alma, morre, a alma também se esvai. Uma alma é incapaz de habitar o ouro. Se sugerirmos que as almas dos heróis derrotados foram usadas como combustível, não é ilógico supor que já tenham sido descartadas por completo?”
“Está querendo dizer que eles ainda estão aqui, em algum lugar? Ou melhor... nessa outra dimensão?”

De forma inexplicável, isso fazia sentido com algo dentro de mim.

“No seu lugar, eu diria que estou ficando louca", ela continuou. "O que não quer dizer que estou errada. Para fazer valer uma equação alquímica, não se pode usar elementos que não existam mais. Isso anularia sua eficácia. O que já é ouro puro, o produto final da práxis, não produz mais nada além de mais ouro.”
“... Nesse caso, quando for feito o desejo, realmente não será possível ressuscitar os desafiantes mortos, porquê—!”
“As almas deles já terão sido usadas para alimentar a fórmula.”
“S-Senhorita Circe, acredita mesmo que podemos trazê-lo de volta?”
“Se pararmos Kosmo, quem sabe. Parte de mim acha que é ingenuidade. A outra ainda acredita, e foi essa mesma parte que largou tudo para vir até aqui. ... Além do mais, você também amava Theseus, tanto quanto eu, não?”
“É claro.”
“Então deve saber que ele não é alguém de quem eu poderia desistir.”

Ela se levantou, pegando da estante uma joia de zircão azul — a pedra preciosa que Theseus usava em sua camisa — e me ofereceu. Em sua superfície, havia um risco, semelhante às cicatrizes que ele tinha.

“O jogo foi criado para perdermos. Se esta é a forma de quebrá-lo de uma vez por todas... só desta vez, compre minhas ilusões e torne-se o meu peão, Terumichi.”

Se você descobrisse que há um remédio para uma doença tida como incurável, escondido em um palheiro, você se daria ao trabalho de procurá-lo?

Para alguns, isso dependeria de terem alguém especial — ou elas mesmas — precisando do remédio. Ou, talvez, se desejassem ser reconhecidas como as pessoas especiais que salvaram a vida de muitos graças ao seu feito.

Quem fosse salvo as chamaria de “heróis”.

Agora, digamos que você tenha tempo e meios limitados para isso. Afinal de contas, você é apenas um ser humano. Imagine que pareça verdadeiramente impossível, mesmo tentando ao máximo. Você desistiria?

Naquele momento, estávamos diante desse impasse. E por mais que o raciocínio de Circe estivesse correto, nossas chances eram mínimas. Por outro lado, desistir seria o mesmo que aceitar que Kosmo nos descartasse a todos.

Ele continuaria empilhando corpos de ouro, dando continuidade a um ciclo de desespero sem fim, arrastando-nos junto.

Se tudo corresse conforme o planejado, a intervenção da Correnteza Eterna seria necessária, e eu seria arrebatado para o Kunstkammer. Daí em diante, havia uma terceira missão, sobre a qual a senhorita Circe nada sabia.

Era algo que eu precisava fazer sozinho, por Tsubasa e por mim, antes de tudo se acabar.

— Você sabe que não pode vencer — lançou o grisalho.
— Haha! Nós somos heróis. Mesmo diante dos mais poderosos inimigos, é dever de um herói ser belo, elegante, forte e destemido. Quanto maior o desafio, maior a glória. 
— Está tramando algo. Não é tão tapada assim.
— Kosmo, tanto quanto eu, você conhece o desespero de não poder se libertar do passado. Mas eu acredito que até o ato de fazer escolhas para além do nosso papel predestinado pode ser considerado heroico. Espere bons resultados da bruxa.

O martelo bateu três vezes.

— O requerimento de Circe de Apollodorus acaba de ser deferido. Na noite de amanhã, encontremo-nos na arena de duelos. Está encerrada esta audiência da Corte dos Heróis!

E apagaram-se as lâmpadas. Feito muralhas, as cortinas se fecharam para nós.

Embora eu não sentisse que algo pudesse mudar o final que me aguardava, eu pretendia seguir com o plano. Quis me ater a essa fagulha de esperança e proporcionar a eles algo de valor, nem que fosse minha última ação em vida.

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