Our Satellites Brasileira

Autor(a): Augusto Nunes


Volume 4

Epílogo: Durante a Festa ①

Uma típica festa feita por adolescentes era uma mistura completa de barulho, comida e interações sociais despojadas!

Eu ajudei com a parte dos equipamentos de som e iluminação. No entanto, quando a festa começou, não vi sinal dos outros. Era muita gente. O parque de Yokohama ficou bem iluminado à noite, mas com as decorações extras, quase me perdi.

A parte do som funcionou sem problemas, então me liberaram. Tentei mandar mensagem para os outros, mas parece que ninguém vai prestar atenção... então decidi andar por aí, torcendo para não me esbarrar com Kirisaki ou alguém desagradável.

Com todo mundo gritando, dançando e comemorando, não teve como não se animar. Mesmo me sentindo deslocado, não deixei de pensar que aquilo era um tanto divertido à sua maneira.

Recebi uma mensagem de Teru me pedindo sorte.

Oh, parece que ele realmente vai se confessar.

Durante o nosso período ali, encontramos ao acaso vários locais bonitos para casais. Provavelmente ele tentará agir usando isso como princípio. O clima da festa também pode ajudar, acho.

Após ter sido rejeitado por Kirisaki, não quis mais saber desses detalhes ou qualquer coisa relacionada. Me sinto assombrado pela cena sempre retornar à mente, o que me fez sentir pior. Todos devem saber o que é bom pra si, então apenas desejei sorte para Teru e deixei de dar importância.

Pairei durante um momento após ter recebido uma mensagem de Hiyatetsu. Desde que as férias se iniciaram, usá-lo como um remediador para saber sobre Kumiko serviu muito bem. O antigo secretário do Conselho Estudantil quis me atualizar das novidades, apesar de não ter nada relevante.

Não sobre Kumiko, ao menos.

O fato de ter pedido a ele investir sobre a supervisora Mitsuhara Kobune o deixou aturdido, mas parece que a busca rendeu alguns frutos:

[Olá, Shiroyama. Espero que esteja tudo bem. Sobre a supervisora... andei discutindo a seu respeito com alguns conhecidos meus, que me disseram que ela parece ser envolvida com atividades políticas com relação a clínicas, mas não descobri nada mais, por enquanto...]

Que... intrigante. O que essa mulher esconde? Se não fosse pelo mau humor, teria ficado mais surpreso... quem sabe. O que importa é que essa mulher realmente deve ser investigada através dessa pista.

[Muito bom. Obrigado pela ajuda. Em breve a gente se encontra e tenta discutir melhor.]

A incerteza que me perturbava como uma pulga atrás da orelha confirmou as suspeitas. Ah... o que estou fazendo em um lugar como esse? Me sinto tão confuso quanto ao que sinto que me frustra ter de ceder pela prioridade de local, das pessoas e acontecimentos. Apenas se esqueça no que há ao seu redor... peguei uma bebida e contornei as múltiplas áreas de dança apenas para passar o tempo.

Até que uma hora começou a chover.

E apesar disso, não desanimou aqueles jovens cheios de energia e animação. Haviam montado tendas para as mesas de comida e bebidas, além de outras para as pistas de dança, então apesar da chuva estar caindo, todos continuaram a se divertir.

Foi estranho pensar que aquela viagem a Yokohama começou de um jeito bizarro e o envolvimento de Oguro ter causado pânico, agora todos estão se divertindo em uma festa ao céu livre.

Não me imagino em um cenário tão social como esse. Apesar disso, estou com medo de pegar um resfriado, então comprei uma máscara descartável.

Eram várias barracas estendidas por entre o parque, então não daria para encontrar todos com facilidade. Poderia me comunicar via LINE, mas se Teru tinha me enviado aquela mensagem, Kuroi estava com ele. Yonagi e Himegi deveriam estar juntas, então também não era um problema.

Por causa da música alta, não notei que meu celular recebeu várias mensagens. O que é aquilo?

Antes que pudesse ver de quem era, uma fonte luminosa chamou minha atenção. As fortes luzes vermelhas e azuis são muito cintilantes e alternavam em intervalos. Espera, aquilo era uma ambulância?

Corri até o local, até que me deparei com uma cena de alguém ferido com escoriações por todo o corpo. Ele estava sendo erguido por uma maca pelos enfermeiros.

Era Kiyoshi.

— ?!

Ele está com uma expressão de dor por todo o corpo. Tinha feridas por todo lado que mal conseguia se mexer.

— Ei, o que houve?! — exclamei para ele, aturdido.

— Eu... ele...

— Shiro!

De repente, ouvi uma voz conhecida se aproximando de mim. Ao me virar, me deparei com Himegi correndo até minha direção. Ela havia colocado um vestido dourado de barra curta até os joelhos, seu cabelo estava devidamente penteado e rosto maquiado.

— Shiro!

— O... o que está acontecendo?!

— Ah... eu... — Ela ofegava, apreensiva. — Eu estou... procurando por Yonagin... não a acho... em lugar algum...

— Hein? Como assim?!

— Ela estava com... a Sakuya... — Himegi ofegou. — Ela disse que não estava se sentindo bem... e Yonagin decidiu ir até uma loja de conveniência comprar algum remédio para ela. Mas...  ainda não voltou!

O tempo parou.

Ao lado da ambulância, havia uma viatura, da qual dois policiais continham um punk que brandia um bastão de aço, manchado de sangue.

Eu e Himegi fitamos aquela cena horrível.

Antes de sair do Ryokan esta manhã, disse para Tatsuhiro de que a gangue de Oguro não viria nos atacar pois não fazíamos parte da família Yonagi. Era estranho que tenha tudo ocorrido de forma normal, pois relataram que durante o jogo não teve problemas com a segurança.

Se fazer parte da família Yonagi era um requisito para que Oguro aparecesse... e ele não fez isso até então...

Outras viaturas apareceram por entre as vias adjuntas do parque, tentando conter outros punks que apareciam aos milhares.

— A festa está cancelada! — exclamou um policial. — Saiam todos daqui!!

O ritmo alegre e descontraído se tornou um clima de terror. Olhei assustado para Kiyoshi, que estendeu o seu braço para mim, tentando falar:

— Kae... Kaede...

— ?!

Cerrei meus dentes, sem conseguir deter minha frustração.

— Droga! Isso é um problema! — exclamei, começando a correr. — Himegi, vá para o hospital com Kiyoshi!

— Shiro?!

— Oguro não estava atrás do pai dele ou de algum membro da família Yonagi apenas para se vingar dela! Tudo o que ele queria era acabar com ela desde o início e usou o incidente do museu para nos preocuparmos com os jogos!

Como todos viram que a segurança foi restabelecida, então suavizamos a escolta de Yonagi. Ele resolveu esperar até o último minuto para a abordar estando sozinha!

Avancei correndo através da chuva e atravessei a rua do parque. Liguei o celular e procurei pelo mapa da região quais eram as lojas de conveniência mais próximas.

As ruas se encheram de punks, mas consegui me esquivar para vias mais vazias, enquanto tentava me manter o mais consciente possível sobre o que deveria fazer.

Mas apenas uma pergunta se passou pela minha cabeça neste momento.

O que eu farei quando o visse?

***

Em apenas algumas horas atrás, estava com minhas primas e o time de Rentaro na festa do parque. Não sou acostumada com multidões e locais barulhentos, então não fiquei tão à vontade. Mas todos estão se divertindo, e não quero estragar isso.

E então, Sakuya começou a passar mal. Parece que ela comeu algo durante a festa que não a fez bem. Já era noite, então duvidava que poderia encontrar algo aberto a não ser uma loja de conveniência. Eu me ofereci para ir, e rapidamente achei o remédio.

A loja não estava vazia, então fiquei na fila até chegar a minha vez. Até que ouvi uma voz conhecida, uma que não ouvia havia muito tempo.

— Há quanto tempo, Kae... — soou a voz masculina.

Eu me virei surpresa e me deparei com o primo que não via há muito tempo, mas ele está diferente. Oguro usava piercings no rosto e tinha tatuagens nos braços, vestes de couro escuro e correntes pelo pescoço, além de portar um bastão de aço no ombro. Junto a ele tinha mais dois garotos trajados da mesma forma.

— O... Oguro?

Ele arrancou a caixa de remédios das minhas mãos e a jogou para longe, dando um passo à frente.

— Que tal a gente conversar sobre os velhos tempos em um local mais reservado, sim?

Eu o encarei com espanto, enquanto seus amigos davam risada. Tentei desviar minha atenção para a saída da loja, mas ele segurou meu braço e se aproximou ainda mais.

— Ah... e gostaria que não fosse uma conversa rápida. Afinal, não nos vemos há tanto tempo, não é?

— Para...

— Vamos, comece a andar. Só vamos até logo ali, está vendo?

Ele começou a andar e me arrastar puxando meu braço. Próximo à loja de conveniência não tinha muitos locais iluminados, e ele me levou até um beco parcialmente escuro. Soltou o meu braço e começou a rir com seus amigos.

— Você não parece tão imponente como quando era na escola agora, não é? Deveria olhar para o seu rosto assustado, Kae!

Eles riam como hienas. Mas Oguro não estava brincando, pois segurou meu pulso com força. Meu coração batia forte, todos os meus sentidos diziam que deveria correr dali o mais rápido que pudesse, mas sentia que me alcançariam se tentasse.

Eu não soube o que fazer.

— Vejam, rapazes! Esta é a minha prima prodígio! — Ele levantou os braços. — Ela é uma das melhores da Daiichi, uma escola de elite, sabiam?! Ela é até mesmo capaz de ignorar alguém quando pede ajuda por causa do seu status, não é algo incrível?!

— O... O que está dizendo?!

— Ela se vangloria tanto de sua posição no ranking daquela escola infernal, como se fosse uma deusa! E vejam, vejam como é gloriosa! Ela neste momento está encolhida como um coelho indefeso!

— Pare com isso! Por que está agindo assim, Oguro?!

— Cala a boca! — esbravejou. — Isso é o que você merece por ter me tratado como um idiota naquela escola estúpida! Você me ignorou e por causa disso fui expulso! Sabia que a minha vida virou um inferno depois daquilo?!

— Você me culpar pelos seus erros não vai mudar nada! Tudo o que aconteceu foi por apenas culpa sua!

— CALA A BOCA, KAEDE!!! — berrou Oguro. — EU DEVERIA FECHAR A SUA BOCA DE UMA VEZ POR TODAS!!

— O... O quê?!

Ele tornou a rir novamente.

— Você acha que todo aquele status funciona aqui fora? Aqui é o mundo real, Kaede! O mundo real!

— ...

— Eu vivi um inferno, mas no fim das contas aqui estou. Você não vai me fazer sentir inferior novamente. Vou te dar uma lição do mesmo jeito que fiz com seu irmão.

— ?!

O que está acontecendo?! O que aconteceu com Kiyoshi?! Ele está bem?! E os outros?! Sakuya, Tomoyo... Rentaro, Ayase, Makoto... Himegi, Kuroi, Teru...

Eles estão bem?

Não pude conter o apavoro, entrei em pânico. Não consegui respirar direito, e soluçava, o que gerou mais risadas a eles.

Meu corpo tremia por causa da chuva. Tentei me manter calma, mas era impossível. Eu não... eu não conseguia... o pânico me paralisou...?!

— Pare com isso... por favor... Oguro...

Ele se aproximou cada vez mais, girando seu bastão de aço.

— Mas já está apavorada?

— ...?

— Eu precisei de meses dentro daquele lugar infernal pra entrar em desespero e mais tempo ainda aqui fora pra entender o que é realmente assustador... e quando te vejo, é isso?

Minha mente latejou, não consigo raciocinar.

— Assim você me faz passar vergonha na frente dos meus amigos... — Ele esfregou o rosto. — Como vamos saber se o que fez você chorar foi o meu discurso ou se será a porrada do bastão?

— Para com isso! — O empurrei com toda força, mas isso apenas o fez se afastar poucos metros de mim. — O que acha que vai ganhar querendo me atacar?!

— Ah... agora sim! — Ele tornou a rir. — Estão vendo, rapazes?! Vou quebrar o espírito dela agora, prestem bem atenção!!

Oguro se aproximou com seu bastão, mas o desviei e desferi um chute firme em sua panturrilha direita, que o fez cambalear. Ele tentou me agarrar com o braço livre, mas ataquei seu rosto do ângulo que me encontrava.

Pensei que seria efetivo, mas ele se inclinou no mesmo instante e ganhou distância, avançando novamente com o bastão para me acertar. Cogitei em me afastar, mas um de seus amigos ficou atrás de mim. Não posso escapar!

— Essa garota sabe lutar, Oguro?! — indagou um de seus amigos.

— Pois é... nós praticamos karatê juntos quando era pequeno, mas eu larguei de mão... — cuspiu meu primo. — Pelo visto, resolveu se dedicar às artes marciais... não que isso mude alguma coisa.

— Não me faça rir... — me posicionei ao flexionar os joelhos. — Se pensa que vai me oprimir estando em maior número está muito enganado!

— Eu  te oprimi, Kaede... — Oguro riu. — Você pode saber lutar, mas não tem força contra todos nós. E aí? Vai tentar resolver essa situação com fórmulas e respostas prontas se não funcionar?

— Seu...!

— VOCÊ QUE ESTÁ ME FAZENDO RIR!! — rosnou ele. — Agora sabe o que é se sentir oprimido e descartado?! Só vou parar de atacar quando a ver tremendo de medo, querida prima!!

Vi o exato momento em que ele brandiu seu bastão contra mim.

E neste instante, o tempo se moveu devagar.

***

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