Volume 2
Capítulo 2 — Inscrição obrigatória!
Após um dia cavalgando sob o sol radiante, Guildor e Corbin finalmente chegaram à vila que haviam visitado anteriormente, agora quase reconstruída após a devastação. A vila, embora marcada por cicatrizes do passado, estava em processo de renascimento, com casas sendo reconstruídas e risos ecoando no ar.
— É aqui — disse Guildor, seu olhar se perdendo nas lembranças.
— Uhhh, é aqui que Mats lutou com o lobo então? Interessante... — respondeu Corbin, seus olhos brilhando de curiosidade.
— Exato.
Uma moradora da vila, com um sorriso radiante e olhos cheios de gratidão, aproximou-se deles. — Rei Guildor e príncipe Corbin, que graça recebemos em ter vocês aqui!
— Ah, não precisa nos chamar assim — respondeu Guildor, sentindo as bochechas corarem de vergonha.
— Venham todos, Rei Guildor e Príncipe Corbin estão na vila, VENHAM TODOS! — gritou a mulher, sua voz ressoando como um chamado festivo.
Em questão de segundos, quase toda a população da vila se reuniu ao redor deles, um mar de rostos sorridentes e olhos brilhantes. Todos agradeciam, suas vozes se entrelaçando em um coro de gratidão e alegria, demonstrando o profundo sentimento que nutriram por aqueles que os ajudaram a se reerguer.
— Todos aqui seremos eternamente gratos a vocês, cantaremos em seus nomes e contaremos suas histórias — proclamou um homem, com sua voz firme e cheia de emoção.
— Não precisam agradecer, fizemos só o que qualquer um faria, não precisam se preocupar — respondeu Guildor, tentando desviar a atenção.
— Ninguém nunca se preocupou conosco, meu rei. Vocês foram enviados para nos ajudar quando mais precisávamos, nos libertaram, nos reconstruíram e nos salvaram. Merecem tudo de melhor e seu devido reconhecimento — disse um homem, com sua fala carregada de sinceridade.
Uma garotinha, com os olhos grandes e curiosos, interrompeu a conversa. — Ei, você garoto, cadê o tio legal que estava aqui da outra vez e nos salvou?
— Hã? Mats? Ele não pode vir dessa vez... — respondeu Corbin.
— O QUE? Ele está bem?
— Não se preocupem, Mats está bem. Ele foi em outra missão, mas mandou um presente para vocês dois — disse Guildor, retirando dois colares adornados com as presas do lobo, que brilhavam sob a luz do sol.
— Uhhh, que legal, foi ele que nos deu isso? — perguntou o garoto, seus olhos brilhavam de excitação.
— Foi sim, ele fez questão que eu entregasse pessoalmente a vocês.
— Que demais! Diga a ele que adoramos muito — disseram os dois, sorrindo e emocionados.
— Eu direi, ele virá ver vocês em breve.
“Mats é considerado um herói por aqui. Essas crianças o amam muito, pelo visto. Vejo que você não é só uma inspiração para mim. Espero lhe ver logo. Sempre fomos comparados pela nossa semelhança desde pequenos. Espero também que tenha orgulho de mim. Quero ser um herói também!” pensou Corbin, observando as crianças com um misto de admiração e determinação.
— Vamos, podem ficar onde ficaram, tudo por conta da casa, e o bar está totalmente à disposição de vocês — disse um senhorzinho, seu sorriso caloroso iluminando o ambiente.
— Não se preocupe, eu insisto que paguemos por tudo — disse Guildor, tentando manter a dignidade de um rei.
— Ora, ora, garoto, você é um rei, mas não é por isso. Quem seríamos nós se não fizéssemos o mínimo por quem nos deu esperanças novamente? Não aceitaremos qualquer dinheiro de vocês. E não insistam.
Guildor e Corbin se entreolharam, sem saber o que fazer, e acabaram aceitando a generosidade da vila. A noite se desenrolou em risadas e histórias, com Guildor e Corbin entretendo os moradores com suas lembranças da infância, enquanto a alegria e a paz preenchiam o ar.
Logo ao amanhecer, despertaram e continuaram o caminho para a reunião. Ao chegarem à densa floresta, o Guardião sentiu a presença e o cheiro de Guildor e foi ao seu encontro. Quando apareceu diante deles, saltando do meio das árvores, Corbin caiu para trás do cavalo, assustado, e imediatamente invocou sua armadura e M.D.T.
— Hahahahaha, calma Corbin, esse é o guardião da floresta, nosso aliado — disse Guildor, rindo de sua reação.
— O que? E você não podia ter contado isso antes?
— Programei esse susto que você tomaria, queria ver sua reação. Corbin, se apresente a ele, mas ele só entende se falar do jeito dele.
— Amigo, Guardião, bem-vindo, volta à floresta? — disse o grande Guardião.
— Olá, eu ser amigo, Corbin, ser amigo dele — respondeu Corbin, gesticulando e apontando para Guildor, tentando se comunicar da maneira que o Guardião entendia.
— Você, amigo dele, ser meu amigo também, protetor da floresta.
— Ah sim, eu amigo dele ser, amigo seu ser, proteger floresta, juntos.
Quando Corbin olhou para Guildor, ele estava gargalhando sem conseguir parar.
— O que foi?
— Hahaha, você fez igualzinho ao Mats, parecia um bobo se comunicando — disse Guildor, invertendo a real história.
— Você, falar assim antes, menino sério rir você também — disse o Guardião, desmentindo Guildor.
— HAHAHAHAHAHA, você que falou assim e Mats te zoou, né? — disse Corbin, gargalhando.
— O amigão, aí você me quebra no meio... — respondeu Guildor, ainda rindo.
— Amigo guardião, machucar você? Precisar de ajuda, eu ajudar — disse o Guardião, pegando Guildor e levantando-o pela cintura.
Corbin não conseguia parar de rir da situação.
— Não, amigo, eu estou bem, estava brincando, pode me pôr no chão?
— Eu, por, chão, você.
Corbin e Guildor riram tanto que as lágrimas escorriam de seus olhos, e o Guardião, sem entender, começou a rir também. Assim, os três compartilharam um momento descontraído, enquanto Guildor explicava ao Guardião que estavam passando por ali temporariamente e verificando se tudo estava bem com a floresta e seu protetor, que confirmou estar tudo tranquilo. Então, continuaram sua jornada por mais um dia e meio, até chegarem novamente à vila da reunião, onde a noite já se aproximava. Após passar por toda a verificação novamente, finalmente chegaram aos seus cômodos.
— Tudo bem? — perguntou Guildor, observando Corbin.
— Sim, estou bem. O mundo fora do reino é tão incrível! Você e Mats já passaram por tudo isso, mas consegue imaginar tudo a mais que pode ter no Plano... — disse Corbin, maravilhado.
— É verdade, o mundo aqui fora é incrível. Coisas que nunca vimos, e só ouvimos histórias. Ver diferentes pessoas e culturas é importante para seguirmos crescendo e sendo melhores.
— Foi demais tudo, a viagem! Guardarei para sempre, Guil, principalmente a parte do guardião hahaha. Mas obrigado por me trazer junto.
— É importante para mim que você estivesse aqui. Sem o Mats, você é o mais apropriado para a função.
— Eu? Sou o mais novo de vocês.
— E é também o mais inteligente e estrategista entre todos, incluindo Mats nisso. Qualquer coisa que acontecesse ou falassem, você saberia melhor que qualquer um o que fazer.
— É sério que pensa isso?
— Claro que sim, cara. E mais uma coisa, não conta para ninguém, principalmente para o Mats, sobre o que aconteceu lá na floresta.
— Hahaha, mas é claro que eu vou contar! Obrigado, Guil, por toda ajuda. Sem meu pai e minha mãe, é difícil saber se estou fazendo o certo.
— Ei, você está fazendo muito mais do que qualquer um aguentaria fazer. Na sua idade, eu, Lana, Mats, Jay-Jay e as meninas não fazíamos nem um décimo do que você faz. Você está indo bem demais, Corbin, e vamos encontrar nossos pais, e bem rápido.
— Como tem certeza disso?
— Porque, além de Minev, é o Mats que está atrás disso. Já viu aquele cabeça dura não conseguir algo e desistir?
— Tem razão, ele e nós vamos até o fim, vamos conseguir!
— É isso! Vamos para a reunião. Como é de emergência, temos que nos apresentar e esperar os demais chegarem.
— Certo.
Ao chegarem na sala, quase todos os reinos já tinham chegado, faltando apenas o reino de Cindur. Esperaram por mais algum tempo, mas não houve notícias e nem sinal de Cindur, então decidiram começar a reunião.
— O imperador do Plano mandou convocarmos essa reunião de emergência. Como tem percebido, ele não tem vindo às últimas reuniões e me comunicou o que queria que fosse decidido aqui — disse Drew, o guardião do Imperador do Plano.
— Ele não está com um estado de saúde muito bom, teme pela sua vida, por isso mandou que organizassem um torneio entre os reinos do Conselho. O vencedor seria o imperador sucessor, assim como ele foi eleito.
— O imperador está morrendo? — perguntou Athos, havia preocupação evidente em sua voz.
— Sim, pelo menos ele pensa assim.
— Uma pergunta, o imperador do Plano é escolhido pelo poder do seu reino então? — perguntou Guildor, buscando entender a situação.
— Sim, jovem Rei Guildor, assim foi desde sempre.
— Obrigado, mas qual a missão ou objetivo de ser o Imperador?
— Bom, além de ser considerado o reino mais forte do Plano e ter o respeito e apoio dos demais reinos, o imperador pode convocar as reuniões para discutir qualquer caso que ache importante. Como você é novo, talvez não saiba, mas tudo que é decidido aqui precisa de uma concordância de mais de 50% do poder do voto. Ou seja, somos em 8 reinos no Conselho e o imperador, é necessário para uma aprovação 5 votos. Cada reino tem direito a um voto, mas o voto do imperador tem o peso de três. Então, se apenas o imperador e mais três reinos votarem a favor de algo, já é decidido, independentemente de ser minoria. Suas responsabilidades são sempre zelar pelo Plano e justiça, enfrentar e eliminar as maiores ameaças e cuidar de todos os reinos existentes.
— Entendi, obrigado pela explicação.
— Não precisa agradecer, Rei... continuando, o torneio será realizado em nosso reino, o Reino Priantto, em 1 mês. Cada reino deverá selecionar 5 guerreiros para duelos de um contra um, podendo decidir qual guerreiro lutará em cada luta. Porém, se ele perder, este não poderá lutar mais. Lembrando que os combates vão até a desistência de um dos lutadores ou até serem nocauteados. Mortes causarão uma punição e eliminação do reino do torneio. Todos os tipos de armas e habilidades serão permitidas. O último reino que tiver o lutador em pé vencerá e será o próximo imperador quando o atual morrer.
Após saberem do torneio para se tornar o novo imperador do Plano, os reis e líderes dos reinos presentes na reunião ficaram surpresos e intrigados. A notícia trouxe uma mistura de emoções, desde empolgação até preocupação, um clima de tensão era sentido por todo ambiente. Cada um dos líderes começou a refletir sobre o que isso significaria para o futuro do Plano e como isso afetaria seus próprios reinos.
Alguns viram o torneio como uma oportunidade de mostrar a força e a habilidade de seus guerreiros. Outros como uma chance de provar sua superioridade e afirmar seu domínio sobre os outros reinos. Poucos pensaram em fortalecer os laços entre os reinos e promover a união, ao mesmo tempo em que se preocuparam com a possibilidade de conflitos e rivalidades surgirem durante o torneio.
A tensão na sala de reunião do Conselho era palpável, com cada líder e membro da família real pensando em suas próprias estratégias e preocupações. Enquanto alguns estavam empolgados com a oportunidade de provar seu valor e liderança, outros estavam preocupados com as possíveis consequências e desafios que o torneio traria. A competição pelo título de novo imperador do Plano prometia ser intensa e cheia de reviravoltas.
Guildor levantou a mão. — É obrigatória a participação?
— Nada foi mencionado, rei, mas podemos abrir uma votação para sabermos se todos aqui presentes são obrigados a se inscrever no torneio. Mas não vejo o porquê alguém não gostaria de participar — respondeu Drew.
— É, sabe, eu não sou a favor da violência, nem tenho interesse em ter mais poder ou não, pessoalmente. E sei que quem ganhar daqui será um ótimo Imperador — respondeu Guildor, sua voz firme.
— Interessante, mas respeitoso. Vamos fazer a votação. Quem é a favor de ser obrigatório a participação de todos para o torneio levantem a mão.
Um a um, as mãos foram levantadas, até se totalizarem 5 mãos erguidas.
— Bom, como representante do Imperador, eu sou contra. Sendo assim, temos 5 votos. Precisaríamos de mais um voto para não ser obrigatório.
— Cheguei atrasado, mas eu voto contra a inscrição obrigatória. Consegui ouvir o que falavam de longe, graças ao meu Guardião — disse Sejo, o rei de Cindur.
— Ora, uma reviravolta! Então está decidido, não é obrigatória a inscrição de vocês para o torneio. De qualquer forma, todos receberão o convite em breve.
— Vejo que não está com o mesmo guardião, rei de Inorram. Onde está o que veio à outra reunião, Mats Inorram, rei Guildor? — perguntou Athos, sua expressão era séria.
— Ora, rei Athos, vejo que seu guardião também mudou.
— Zariel está do lado de fora do prédio, cuidando dos arredores, mas não respondeu minha pergunta.
— Bom, Mats está resolvendo alguns assuntos e não pôde vir.
— E esses assuntos seriam ser o inimigo público número 1 do Conselho? — disse Athos, mostrando uma carta de procurado.
“O que? Mats procurado? O que você fez?” pensou Guildor, a preocupação crescendo em seu peito.
— Qual a veracidade disso? O que ele fez?
— Ainda não é oficial. Eu trouxe para o Conselho liberar a divulgação e começar as buscas por ele. Ele dizimou e matou uma vila inteira a sangue frio.
— Ele não faria isso! E como pode ter certeza de que foi ele?
— Ora, este é um retrato falado, feito por um sobrevivente do massacre na vila de Luminara. Disse que a pessoa possuía olhos roxos e brilhantes. E ao ver o que Mats fez na última reunião com minha guardiã, e também não estando mais com você, creio que ele fugiu. Mas ainda não tornarei isso oficial por enquanto. Meus investigadores estão procurando mais informações, mas eu colocarei o mundo inteiro atrás dele quando eu for imperador, se for verdade, é claro — disse Athos com ódio de tal barbárie.
— A menos que você seja o novo imperador e bloqueie com seu voto — cochichou no ouvido de Guildor.
— Vou investigar isso. Peço que me dê mais tempo também. Se ele fez isso, terei o prazer de votar a favor — respondeu Guildor, com determinação em sua voz.
— Te vejo no torneio, Inorram — disse Athos, antes de se retirar.
— Certo, com tudo isso dito, a reunião está encerrada. Receberão as inscrições do torneio nos próximos dias. Vejo vocês em algumas semanas — finalizou Drew.
Todos saíram e voltaram aos seus aposentos, Guildor e Corbin ficaram encarando a carta.
— Acha que é verdade? — perguntou Corbin, havia preocupação evidente em seu tom.
— Claro que não, mas por que inventariam algo assim?
— Talvez Mats esteja chegando perto de descobrir algo e queiram espantá-lo, ou então queiram forçar nossa entrada no torneio por algum motivo.
— Bem pensado, Corbin.
— E outra, só Mats está sendo procurado? Minev está com ele, mas nem foi citada. Eles não se separariam por nada, ou seja, eles não a conhecem ou sabem que ela está com ele. Mais um blefe, seja lá de quem for.
— Bem pensado. Mas de qualquer forma, precisamos descobrir mais.
— Vamos participar do torneio?
— Ainda não sei. Não tem por que. Vamos resolver isso antes de tudo.
— Certo.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios