Sinfonias Galáticas Brasileira

Autor(a): Yago.H.P


Volume 1

Capítulo 3: Oficiais em ação

À nossa frente, avistávamos apenas meteoritos errantes, alguns com extensão de quilômetros. Contudo, tudo indicava que atrás de um desses meteoros, cinco naves médias estavam ocultas.

“Mando ativar a camuflagem? Não, provavelmente já sabem nossa localização… Droga!” Explorava diversas soluções em minha mente para remediar a situação, mas todas eram impedidas pela lógica.

— Comandante! — Todos me olhavam com enorme apreensão. — Qual a ordem!?

Merda! Eu não podia mostrar desespero; uma solução era crucial. Todos confiavam no seu comandante, e eu não podia decepcionar.

— Ativem a camuflagem óptica! — ordenei, mesmo que já tivessem nossa localização, precisava tentar algo. — Sofia, prepare a tropa especial.

— Sim, senhor. — Rapidamente Sofia saiu pela porta que ficava atrás do meu “Trono”.

Sofia era minha almirante e líder da tropa especial da nave, um grupo de homens e mulheres treinados e equipados para o combate… E, digamos que os treinamentos rigorosos da maluca por ordens eram, no mínimo, intensos.

Ou seja, tinha plena confiança nas habilidades desses homens e mulheres, sabia que a falha nunca seria uma opção para eles.

Ao ouvir as portas automáticas se fecharem atrás de mim, comecei a elaborar uma estratégia para resolver a situação.

— Porque ainda não ativaram a camuflagem!? — Apesar de já ter dado a ordem, a porcaria da nave ainda permanecia visível.

— Comandante! — O oficial tático Poul, responsável por toda a situação, parecia tão perplexo quanto eu. Ele clicava freneticamente em sua tela holográfica, mas nada acontecia. — Não funciona, acho que estamos sofrendo grande interferência externa.

Sem a camuflagem óptica, estaríamos tão vulneráveis quanto patinhos em um lago, à mercê do caçador malvado. Um inferno longe de acabar, estava cada vez maior.

Então, lembrei da nossa comandante de operações; ela possuía algo que seria bastante útil em situações como essa.

— Suzuhara! — Ela me olhou assustada. — Use seus nanobots HVI. 

— Sim! 

O implante de nanobots "HoloVisor Integrado (HVI)" com seu avançado sistema de projeção holográfica neural era a chave. Integrado diretamente ao cérebro de Suzuhara, permitia a criação e manipulação de hologramas realistas. Melhor dizendo, a fodona da minha oficial podia criar ilusões.

— O que deseja, senhor? — Com os olhos fechados, ela falava, pois assim podia visualizar a interface do HVI.

— Utilize o HoloVisor Integrado para criar naves holográficas. Vamos despistar esses caras.

A estratégia consistia em gerar hologramas de naves ao nosso redor para desorientar seus sistemas de rastreamento. Então, iríamos fazer um salto forçado a curta distância, abrindo a oportunidade de aplicar a camuflagem óptica. 

— Senhor. — Seu olhos permaneciam fechados, entretanto, sua voz ressoava com certo receio — Não reabasteci os nanobots, e gerar hologramas desta escala… Pode sobrecarregar meu cérebro e poder de processamento, correndo o risco de eu desmaiar.

Não havia considerado isso… Droga! Existiam duas maneiras de criar hologramas: usando os olhos implantados para gerar hologramas diretos, porém com alcance e tamanho limitados, ou utilizando os nanobots em seu corpo, que sairiam por suas mãos e agiriam conforme suas vontades, posicionando-se onde ela desejasse. O problema era que algo dessa escala consumiria muitos nanobots, e usar tanto poderia causar estresse em seu cérebro, sobrecarregando-o e podendo resultar em desmaios ou, no pior dos casos, coma indefinido… E, eu não podia simplesmente permitir tal coisa.

— Merda! — Acabei me exaltando, sem notar. — Desculpe, Suzuhara. — Após pedir desculpas, olhei para Poul. — Não tem jeito, queria evitar a luta… Mas, Poul! Modo de defesa!

— É pra já. — Poul, era incapaz de conter sua empolgação, sempre adorava uma boa luta. Rapidamente ativou o modo de defesa. — Modo de  defesa ativo!

— Atenção! Toda tripulação! Quem fala é seu comandante. — Um microfone surgiu à minha frente, permitindo-me comunicar e informar sobre a situação em tempo real. — Estamos à beira de um ataque; mantenham a calma e dirijam-se aos seus postos.

Após minha última palavra, toda a tripulação avançou rapidamente para seus postos. A confiança em minhas palavras garantia que todos seguiriam as ordens sem hesitação.

O modo de defesa transformava a nave, expondo suas placas externas mais resistentes, embora isso a tornasse mais pesada e lenta. Era um modo projetado para suportar ataques diretos e incessantes. Junto com as placas, um escudo de força esverdeado, translúcido, gerado pelos motores de pulso, envolvia a nave. Uma verdadeira maravilha da engenharia, pela qual eu agradecia diariamente aos cientistas.

Pequenas armas emergiam das laterais da nave, enquanto as maiores permaneciam protegidas para evitar danos durante os ataques. Placas de metal desciam sobre as janelas, enquanto telas surgiam para simular a presença das mesmas. A nave se tornava uma fortaleza, protegendo-se de todos os ângulos.

O alarme havia parado de soar a algum tempo, o silêncio reinava, ninguém tinha a coragem de dar um piu, apenas suas respirações eram ouvidas. 

— Suzuhara! — Quebrando o silêncio irritante, chamei por ela. — Verifique o mapa!

— Okay. — Rapidamente ela começou a verificar o mapa, as naves ainda permaneciam no mesmo lugar. 

Porque ainda estavam imóveis? A incerteza sobre a estratégia deles nos deixava vulneráveis. O tempo que passamos decidindo o que fazer, já era suficiente para um ataque pesado, do qual sofreríamos consideravelmente. 

— Senhor!! — Suzuhara virou seu olhar pasmo para mim. — Estão vindo!

Pelo jeito, me escutaram… O verdadeiro inferno iria começar e as naves iriam pelo ares… Meio que já estávamos nos ares, né? Que seja, estava na hora de suportar os ataques, até a oportunidade surgir.

— Se segurem, pois a nave irá tremer. — alertei, tinha plena confiança nas proteções da nave, então apenas esperava os tremores.

Ligeiramente, as cinco naves entraram em nossos campos de visão. 

— Destroyer, corvetas e um cruzador… — Poul lançou-me um olhar desanimado. — Chato, são todas de gerações passadas!

Aquele ardor pela batalha... Era algo que me incomodava de vez em quando. A situação já estava desesperadora, e ele ainda insistia em buscar naves mais modernas? Era loucura, mas talvez essa fosse a razão de ele estar na minha equipe. 

No entanto, sempre percebi que não se tratava apenas de um espírito de luta; era uma fachada, uma forma de ele se fazer parecer forte, uma tentativa de encobrir seus verdadeiros sentimentos de impotência, sempre buscando desafios mais robustos. Mas naquele momento, tudo o que eu desejava era o silêncio para poder refletir.

— Aquiete-se, Poul! — Pela primeira vez falei em um tom sério, proposital. Ele entendeu o recado e calou-se. — Sarah, vá para sala médica. E, atenda aqueles que se machucarem com os impactos.

— Tudo bem. — Ela imediatamente dirige-se para sala médica.

Os impactos poderiam até não causar danos, mas que lançariam as pessoas pelos ares, lançariam.

As cinco naves cercaram rapidamente a Elizabeth. Aguardei por uma tentativa de contato, na esperança de entender suas intenções. Mesmo que não estivesse disposto a cumprir ou entregar, nenhum sinal de comunicação surgiu. A situação permanecia tensa e sem respostas.

À esquerda e à direita da Elizabeth, as corvetas médias destacavam-se com um design aerodinâmico. Suas fuselagens prateadas eram pontuadas por detalhes em azul elétrico, revelando uma tecnologia avançada. Antenas finas se estendiam de suas estruturas, e luzes pulsantes indicavam atividade nos painéis de controle. As corvetas ostentavam uma presença imponente, prontas para a batalha no vasto espaço interestelar. Apesar de a aparência chamar a atenção, eram de quarta geração.

Logo atrás da Elizabeth, o cruzador dominava o espaço com sua imponência. Sua estrutura massiva revelava robustez e força militar. A fuselagem escura era acentuada por linhas de luzes vermelhas, denotando seu poderio. Torres de armamento pesado se destacavam em ambos os lados, prontas para responder a qualquer ameaça. O símbolo da frota 01, me entregava algumas respostas.

— Piratas — disse, e todos me olharam com cara de “Como tu sabes?” — Vocês estão enferrujados, hein? — Apontei para o painel à nossa frente, dividido em cinco imagens, cada uma destacando uma das naves presentes. — São todas diferentes, não seguem um padrão, seus lerdos.

— Real, são até de gerações diferentes — pontuou Victor, ele conhecia bastante de naves, graças ao seu fascínio.

— E olhe ali. — Apontei para a imagem onde a nave com a bandeira da Frota 01 estava. — Suas memórias são tão fracas assim? Algumas dessas naves eram da Frota 01, mas se seus cérebros estão com dificuldade para associar ou sequer ter um vislumbre de lembrança, vou ajudar: elas foram roubadas.

Com isso todos passaram a crer que realmente eram apenas piratas espaciais, que possuíam velharias roubadas.

— Você já foi um pirata, Poul. — Olhei para ele, com um sorrisinho sarcástico. — Deveria saber…

— Eu era um terrorista... Não que eu me orgulhe — Ele abaixo o olhar, mas logo o ergueu, cruzando os braços com cara de bravo. — Muito diferente de piratas!

Antes de eu responder, senti o primeiro impacto que lançou alguns tripulantes pelos ares. Na ponte de comando, estávamos ilesos, apenas balançando com a força do impacto. A corveta à esquerda iniciou o ataque. Sendo de quarta geração, suas armas limitavam-se a projéteis físicos, que, honestamente, não causariam dano ao campo de força da nossa nave.

— Fraquinho — disse Poul. 

— Realmente — Ao terminar a fala, senti o segundo impacto, que me fez balançar com vigor. — Mas esses impactos irritam.

Os ataques continuaram, terceiro, quarto, quinto, sexto... tornou-se tão monótono que parei de contar. Eram como formigas tentando ferir um elefante. Contudo, esse elefante estava pronto para esmagar um formigueiro naquele dia.

Ahh… deu sono. — Suzuhara bocejava, enquanto criava hologramas na sua mão. — Que fome…

Passou-se uma hora, mas nada mudou; as corvetas continuavam disparando sem efeitos aparentes. Parecia quase uma provocação. Estranhei um único fato: apenas as corvetas disparavam, enquanto as naves maiores, que teriam mais potencial para causar danos, permaneciam imóveis. A situação exigia uma análise mais detalhada. 

— Suzuhara! 

A coitada que estava toda desajeitada na cadeira, quase pulou ao escutar, seu coração praticamente ia sair pela boca e seu holograma se desfez instantaneamente.

— Ei! Quer me matar!? — Me olhava com um rosto espantado, enquanto colocava a mão no peito. — Seu maluco!

Meus oficiais tinham um baita respeito por mim, mas a informalidade era a regra. Só ficávamos na linha quando estávamos na ponte de comando e eu passava ordens diretas; aí, o "senhor" e "comandante" eram desencavados do fundo do baú. Contudo, havia vezes que eles esqueciam disso. Não era lá muito fã de ordens e formalidades, mas entendia que, numa frota, essas coisas eram meio que obrigatórias.

Uma parte de mim acreditava nisso, mas na verdade, só cumpria e exigia o cumprimento das formalidades, porque aqueles de patentes mais altas que a minha, enchiam a minha paciência.

Se a situação permitisse, riria bastante dessa reação dela, mas não era o caso. Então, olhei firmemente para ela; ao perceber meu olhar, ela voltou-se para a frente. O humor tinha que esperar diante da seriedade da situação. 

— Análise aquela nave. — Apontei para o cruzador. — É, uma nave forte, mas não se moveu uma légua.

— Deixa eu ver. — Nossa nave tinha um sistema mais avançado, e com isso permitia acessarmos os dados menos restritos de outras naves.

Uma dúvida persistia: como naves antigas iguais aquelas conseguiram invadir nossos sistemas, causando interferências? Deveríamos estar seguros, algo parecia muito fora de lugar.

— Senhor! — Poul virou para mim. — Cuida-

Tudo mergulhou na escuridão total à minha frente, meu corpo parecia dormente, e o único pensamento em minha mente era: como? Como isso aconteceu? Então, uma luz surgiu, e meu corpo recuperou as habilidades motoras.

Ao finalmente poder enxergar ao redor, notei o interior metálico já enferrujado, cabos espalhados por todos os lados, e muitos homens ao meu redor. Eu estava na nave inimiga.

— Senhor… 

— Senhor…

Junto a mim, meus dois homens de confiança, Paul e Victor.

— Teletransporte!? — questionei ao colocar os sentidos no lugar. — Bem, não importa agora.

Não importava mesmo, estávamos cercados em território inimigo, teríamos que lutar por nossas vidas. Minha respiração foi-se acalmando e ficando leve, um sorriso se abriu em meu rosto.

— A quanto tempo… não lutamos juntos? 

Todo aquele nervosismo e receio que me afligiram no início quando as naves ainda mantinham-se às sombras do asteroide, foi-se dissipado ao notar que elas não eram grandes coisas. E, ao ser teleportado para esse local, e ver tantos homens que não pareciam tão vigorosos. Aqueles sentimentos ruins, mutaram e viraram fervor, um fervor ao qual eu sentia em momentos onde minha mente ficava limpa e livre de grandes preocupações.

Haha! Já faz um tempinho… — respondeu Victor, ele não era muito fã de lutar, mas sabia fazer. — Se pá… Foi quando salvamos o idiota do Poul, após se envolver com uma casada hahaha!

Foi hilário ver o Poul, esse idiota, fugindo apavorado da montanha atrás dele, depois de envolver-se com a mulher do cara. Naquele dia, enfrentamos cerca de vinte homens, os seguranças do sujeito. O Poul lutou nu, pois... bem, digamos que foi além de apenas envolver-se com a casada...

— Ei! Eu não sabia que ela era casada! — Ele sabia sim, só não assumia. — Que seja, estava louco por uma luta, já!

Bem, não sabíamos por que estávamos ali, mas tínhamos uma certeza: lutaríamos até nossos corpos estarem exaustos, lutaríamos até que nossas vidas chegassem ao fim. No entanto, levaríamos pelo menos uns trinta conosco.

O ambiente estava gélido; parecia que os aquecedores da nave não estavam ligados ou, se estavam, aquela velharia não tinha muito poder ou, aquela porcaria era tão velha que nem aquecedor tinha.

— Poul, está frio aqui. — Um sorriso maléfico surgiu em minha face, e coloquei as mãos nos bolsos do sobretudo. — Que tal… esquentar as coisas.

— É pra já.

Poul possuía o implante Módulo Pirotécnico Integrado (MPI), o que significava que tinha um reservatório de nanobots pirotécnicos em seu corpo, injetados por meio de uma solução nanotecnológica. Esses nanobots permaneciam latentes até serem ativados. Um sistema de interface neural avançado conectava-se diretamente ao seu chip cerebral. Quando ele desejava acionar seus poderes de fogo, seu cérebro emitia impulsos elétricos específicos, sinalizando os nanobots para entrar em ação.

Os nanobots, uma vez ativados, começavam a catalisar reações químicas controladas em seu corpo. Isso resultava na produção de pequenas quantidades de substâncias altamente inflamáveis e termicamente estáveis.

Poul, oficial tático da Star Fire, também conhecido como:

— Demônio Vermelho! Bebe, hahaha! — A medida que falava, soltava labaredas de suas mãos que incineravam tudo à sua frente. 

Os homens naquela sala sentiram o calor pela última vez. Sem opções além de fugir do fogo, Poul era implacável. Suas chamas atingiram o rosto de um deles, que rapidamente se incendiou, enegrecendo-se, e, logo depois, caindo sem vida no solo de aço.

Outros avançaram em sua direção; o golpe voou em direção ao rosto do oficial, mas ele habilmente desviou, posicionando a mão na direção do face do homem.

— Vai chegar no inferno, já bem quentinho. — O fogo inflamou-se, e o indivíduo sentiu apenas o calor se aproximando. Ao tentar desviar, Poul não permitiu, agarrando sua face. O rapaz debatia-se nos braços do oficial tático para tentar se libertar, mas em vão. Ele continuava a ser incinerado, os golpes ficando cada vez mais lentos, até que o homem desfaleceu. Poul soltou sua face, e seu corpo despencou ao solo. — Menos dois, né?

Outro atacante surgiu por trás, mas Poul apenas inclinou a cabeça ligeiramente, lançando um olhar lateral. Sua percepção afiada o mantinha sempre um passo à frente dos oponentes.

— Atacando pelas costas? — Ele girou a mão e apontou a palma para trás; o adversário tentou parar a tempo, mas era tarde demais. O fogo irrompeu da mão do oficial, carbonizando o agressor instantaneamente. A eficácia de seus poderes era inquestionável. — Menos três.

Ao dizer isso, escutou o engatilhar de inúmeras armas em perfeita sincronia à sua frente. Ao lançar o olhar para o local do barulho, notou a imensidão de armas prontas para lhe trucidar. O momento tenso estava prestes a atingir seu ápice….

Pow!Pow!Pow!

Os tiros irromperam, sobrepondo-se ao som das labaredas de Poul. Balas incessantes voavam na direção do meu oficial, mas pareciam ter esquecido de mim… e, especialmente, de Victor.

Os homens arregalaram os olhos, ao perceberem e não acreditarem no que se desenrolava diante deles.

— Qual foi, meu manos. Não era uma luta corpo a corpo? — ironizou Victor que estava a frente de Poul, ileso.

— Ei! Eu poderia parar as balas! — exclamou Poul, com fogo nos olhos. 

— Deixe ele ter um pouco de diversão, Poul. —  murmurei, enquanto me encostava nas paredes enferrujadas da nave. Corri o risco de pegar tétano; odeio naves velhas. Ainda pior, odeio quem não cuida de sua própria nave.

— Que saco! — Ele não tinha muito o que fazer então, encostou na parede ao meu lado, e cruzou os braços. — Vamos pegar tétano.

Às vezes, me assustava com o quão semelhante Poul era a mim, até mesmo na maneira de pensar. Era bizarro e, ao mesmo tempo, reconfortante ter alguém com uma personalidade tão horrível quanto a minha. Apenas sorri, sentindo uma estranha sensação de aspiração.

— Ei! Porque tá sorrindo, Ezekiel!? 

— Por nada. Victor, pode usar toda sua força. — Permissão dada, Victor iria cumprir.

— Vocês escutaram, cês tão fudido. — Victor estava aproximando-se dos homens armados, um tiro o atingiu, acertando seu peito, e em seguida a bala caiu amassada no chão. A sua resistência era surpreendente.

Os senhores ficaram em choque, e ver as expressões deles foi impagável: olhos arregalados, tremores e até algumas calças molhadas. Hahaha! Foi uma experiência maravilhosa, às vezes me sinto um pouco vilão ao me comportar assim…

De qualquer forma, ao confrontar o medo e não saber como lidar com ele, as pessoas geralmente ficam irracionais, e foi isso que ocorreu quando começaram a alvejar o Victor. As balas atingiam todo o seu corpo, e diante dele formava-se um monte de munições amassadas, como se tivessem batido contra uma chapa de aço espessa. A resistência de Victor me impressionava às vezes.

— O que é esse monstro!? — perguntou o rapaz que já estava todo borrado. 

Bem, qual mal havia em assustar ainda mais um jovem apavorado ao responder? Só de pensar nisso, um sorriso maligno se abria em meu rosto, enquanto eu mantinha as mãos nos bolsos do sobretudo.

— Ele, meu jovem, é apenas um humano no ápice. — Dizer "meu jovem" era estranho, considerando minha idade, mas isso não importava.

Falava a verdade ao jovem. Victor, como todos os meus oficiais, era o ápice humano. O oficial de navegação, ali, indo esmagar uns otários, possuía uma coleção de nanobots altamente resistentes, conhecidos como Titanium, que se integravam ao seu sistema muscular. Ao enviar sinais neurais específicos para os nanomúsculos, ele ativava os Titanium, desencadeando um aumento significativo na força física e resistência. Ou seja, Victor era um monstro de pura força bruta…

— Que vai esmagar vocês, seu otários. — caçoava Poul, que estava apoiado com as mãos nos joelhos.

— Eu disse para vocês reabastecerem seus nanobots. 

— Não ferra, Ezekiel. — respondeu Poul, que sentou no chão, seu corpo estava todo úmido pelo suor, e sua língua de fora. — Meu nanobots não acabaram, é apenas meu corpo que superaqueceu. 

Uma lei básica: toda ação terá uma reação igual, mas oposta. Ao usar seu poder das chamas, seu corpo superaquecia, causando essa exaustão extrema e outros sintomas de isolação. Além disso, usar demais seus poderes, que eram comandados pelo cérebro ou melhor, o chip nele, poderia causar sobrecarga neural. Ou seja, o demônio pouco poderia ficar no inferno, pois seu corpo não aguentaria.

— Peguei você. — Conversando com Poul, tinha me esquecido de Victor. Bem, ele estava fazendo o que fazia de melhor.

Quebrou alguns ossos, torceu pescoços, espremeu crânios. Uma pilha de corpos estava ao seu redor, todos com alguma torção ou distorção bizarra e aflitante. A brutalidade de Victor era impressionante, nem parecia que dirigia a nave com tremenda delicadeza.

O rapaz correu, mas Victor foi atrás. O jovem apavorado caiu no chão, o som de seu corpo chocando-se com o chão de metal, ecoou, até meus ouvidos..

Ui… — Aquilo deve ter doído... Enquanto observava Victor brutalizar corpos alheios, me peguei pensando: "Quem será que comanda este lugar?”

Até agora, não tinha aparecido ninguém realmente forte, apenas esses "minions" que quebravam ao mínimo toque. Não tinha nem graça; eu mesmo fiquei apenas parado observando. Tudo bem que Victor e Poul eram bem fortes, mas mesmo assim... algo ainda estava faltando.

 — Já chega. — De uma porta de aço, um homem em meio a fumaças brancas, saiu falando.

O jovem que estava prestes a ser destroçado por Victor correu no tempo mínimo gerado. O jeito que aquele cara entrou parecia algo triunfal, e seu tom de voz indicava que alguém importante havia surgido. Agora as coisas iam realmente ficar divertidas… 

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Notas:

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