Volume 8
Capítulo 19: Sétimo Andar de Aincrad
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PASSAMOS PELO PONTO DE VERIFICAÇÃO de segurança com o passe da «Kio», subimos a enorme escadaria em espiral até o terceiro andar, informamos no balcão de check-in para onde estávamos indo e seguimos para o Quarto 17, no lado sul do andar.
Me ocorreu que estávamos visitando muito mais o aposento da «Nirrnir» do que a suíte de platina pela qual havíamos desembolsado tanto dinheiro na Estalagem Ambermoon, mas isso só duraria até o fim dessa cadeia de missões. E, de acordo com meus instintos, o clímax estava próximo. As coisas tinham saído bastante dos trilhos quando libertei o lykaon, mas seguindo o padrão de uma boa narrativa, uma inspeção no estábulo deveria revelar provas irrefutáveis de irregularidades. Então, o julgamento de Falhari, o Fundador, entraria em ação, algo inesperado aconteceria, um grande evento da história ocorreria, e mergulharíamos em uma batalha imensa que, se vencida, marcaria o fim da missão. Pelo menos, essa era minha suposição.
Se eu tinha alguma preocupação, era o fato de que a missão da "Maldição de «Stachion»", no andar anterior, tinha ignorado completamente a lógica tradicional das histórias. Mas eu queria acreditar que isso só aconteceu porque os PKers tinham interferido de forma permanente, matando o lorde da cidade. Eles não tinham aparecido em momento algum na missão da Lady Nirr, então só me restava rezar para que essa história terminasse bem.
Enquanto pensava em tudo isso caminhando pelo corredor escuro até o Quarto 17, bati à porta e respondi à voz que veio de dentro.
— Kirito, Asuna e «Kizmel».
Um trinco pesado e refinado foi destravado. A criada de batalha, «Kio», abriu a porta e franziu a testa assim que me viu.
— Kirito, você andou bebendo durante o dia?
— Hã…? S-Sim… Mas não o suficiente pra ficar com cheiro ruim…
Afinal, as bebidas deste mundo só tinham gosto de álcool; elas não produziam acetaldeído no corpo. Se o jogo estava simulando os efeitos do álcool também, então não fazia sentido «Nirrnir», que parecia não ter mais que doze anos, beber taças de vinho como se fossem água, sem nenhum sinal de embriaguez.
Mas meu palpite estava completamente errado.
— Não é o álcool que eu sinto, e sim anis. Você esteve bebendo ouzo na cidade?
Anis? Me perguntei, até perceber que devia ser o nome daquele sabor herbal característico da bebida forte. Havia uma mistura de plantas fictícias nesse mundo, como narsos e celusian, e plantas reais, como zimbro e álamo. Não consegui identificar, naquele momento, se anis era real ou fictício, mas de qualquer forma, ela estava certa — eu havia tomado ouzo na taverna do Menon, então confessei.
— S-Sim, bebi.
— Eu sabia. Não vou dizer pra você evitar, mas é uma bebida forte e melhor guardada para o período da noite.
— S-Sim, senhora.
Inclinei a cabeça em reverência e lancei um olhar de lado para minhas companheiras. A Asuna tinha bebido o dobro do que eu — e a «Kizmel» pelo menos o triplo —, mas as duas mantinham uma expressão tão séria que parecia que nem sabiam do que eu estava falando.
Sentir que consegui resistir ao impulso de dizer "Elas também beberam!" me fez pensar que eu estava amadurecendo como pessoa. Mas antes que eu pudesse refletir mais sobre isso, uma voz jovem chamou do fundo do grande aposento.
— Bem-vindos de volta, Kirito, Asuna, «Kizmel».
«Kio» estendeu a mão direita, nos indicando o enorme sofá. Como de costume, «Nirrnir» estava esparramada nas almofadas com um ar sonolento. Quando me viu, suas narinas se contraíram de forma adorável.
— Sim, você está com cheiro de ouzo. Isso me traz lembranças. Faz muito tempo que não bebo ouzo — disse ela.
Essa me pegou de surpresa. Ouzo era uma bebida várias vezes mais forte que vinho, e ela disse que fazia "muito tempo" que não tomava. Quantos anos ela teria quando bebeu aquilo? Aincrad podia não ter leis contra menores de idade beberem, mas parecia algo que os pais dela deveriam estar cientes. Então lembrei que os pais da «Nirrnir» já não estavam mais por perto. «Kio» podia estar atuando como sua protetora, mas uma criada não era a mesma coisa que uma guardiã. E quem era eu para agir como um pai? No fim das contas, eu era só um mensageiro.
Olhei para o ponto de interrogação flutuando sobre a cabeça de «Nirrnir».
— Então… Como foram as negociações com a família Korloy?
— Houve alguns atritos, mas como eu esperava, no fim eles concordaram em permitir uma inspeção de emergência. Ela vai começar dez minutos após o término da última luta diurna na arena, então será às cinco horas, independentemente de quanto a batalha se prolongue. Você está pronto, Kirito?
— P-Pronto quando você estiver… Mas eu não vou inspecionar os estábulos sozinho, né?
— Claro que não. Na verdade — disse «Nirrnir», fazendo uma careta —, eles acrescentaram a condição de que eu também estivesse presente. Então todo o grupo de inspeção será composto por dois de nossos assistentes, dois soldados armados, você, «Kio» e eu.
— Aham…
Fiquei mais tranquilo com mais gente envolvida, mas não consegui entender o que os Korloy estavam planejando.
— Mas por que eles exigiriam isso? Quanto mais gente inspecionando os estábulos, maior a chance de encontrarmos alguma prova de irregularidade, não é? — Perguntei.
De volta ao seu local habitual, Kio fez uma careta e disse.
— Foi uma armadilha feita de propósito, só para incomodar.
— Hã...? Mas os estábulos ficam no subsolo deste mesmo prédio, não? Não pode ser tão longe a ponto de ser um incômodo pra você...
«Nirrnir» podia ser uma jovem refinada, mas ainda era forte o suficiente para subir e descer escadas, pensei. Mas «Kio» me lançou um olhar feroz.
— Não é disso que estou falando.
— Então é do quê...?
— Não é algo com o qual você precise se preocupar, Kirito — disse a própria «Nirrnir», encerrando a discussão. Fiquei em silêncio, e ela me fez outra pergunta. — Dito isso, onde está Argo?
— Ah, ela disse que ia ver a arena dos monstros — respondi. Asuna rapidamente acrescentou.
— Se precisarem de mais alguém para a inspeção, eu posso ir no lugar dela.
— Não, a inspeção ficará bem. Tenho outra tarefa para você, Asuna, e para você também, «Kizmel».
— Sim? O que for preciso.
Ei, não promete demais! Pensei com apreensão. Mas o pedido de «Nirrnir» era surpreendentemente simples.
— Quero que vigiem este quarto para mim. Normalmente, nem eu nem «Kio» deixamos este lugar sem ninguém, mas há pouco tempo, quando saímos juntas, alguém envenenou meu vinho.
— E-Envenenaram?! — exclamei, lembrando que «Kio» havia dito que os Korloy estavam tentando matar «Nirrnir». Ela mesma havia dito que preferia uma tentativa direta a armadilhas e venenos.
Aparentemente, ela estava falando literalmente.
— M-Mas você ficou bem?
— Bem, estou viva agora, não estou? — disse «Nirrnir», dando de ombros. — Mas se «Kio» não tivesse notado o furo da agulha na rolha, talvez eu tivesse bebido o veneno sem perceber. Coloquei uma fita bonita na garrafa e a dei de presente para o «Bardun» — disse ela, rindo com a lembrança.
Asuna afirmou.
— Muito bem. «Kizmel» e eu faremos a guarda do seu quarto enquanto estiver fora.
— Agradeço — respondeu a garota. Ela então olhou para «Kizmel». Normalmente, nessa situação, a elfa negra faria uma de suas saudações élficas. Em vez disso, disse, com preocupação.
— Isso significa... Que o pedido para você participar pessoalmente da equipe de inspeção fazia parte de um plano desses? E agora eles pretendem encurralá-la nos estábulos subterrâneos, de onde você não poderá escapar?
— Também considerei essa possibilidade — disse «Kio», com um breve ar abatido. Depois balançou a cabeça. — Mas não faz sentido os Korloy fazerem algo assim. A morte precisa parecer obra de mãos desconhecidas. Se atacarem a Lady «Nirrnir» e todos souberem, pelas leis do Grande Cassino, a família Korloy perderá para sempre seu direito de sucessão.
— Entendo... Mas ainda assim, você está entrando em território inimigo. É melhor tomar cuidado.
— É exatamente o que pretendemos fazer.
«Kizmel» e «Kio» trocaram um olhar firme e determinado. Demorei mais do que devia para perceber o quanto elas eram parecidas. Nesse momento, houve uma batida na porta e a voz abafada de um homem se fez ouvir.
— «Kio-san», é «Huazo». As lutas do período diurno acabaram.
— Entendido. Já estamos saindo — respondeu ela, com firmeza, verificando se sua estocada estava presa na lateral esquerda do quadril. Ela se virou para mim e perguntou.
— Kirito, só está com essa espada curta?
— Não, claro que não — respondi, olhando para mim mesmo, com a camisa azul vibrante e calças brancas. Abri meu manequim de equipamentos e ajustei rapidamente.
Com um leve "whoosh", minha fiel espada apareceu presa no cinto. Combinava nada com minha roupa de resort, mas era melhor estar com ela ali do que nas costas, imaginei.
«Nirrnir» se endireitou no sofá assim que viu a «Sword of Eventide» comigo.
— Oooh. Essa é uma espada da nobreza de «Lyusulan». Você a roubou?
— O quê...?!
Que acusação! Pensei, indignado como o Kibaou sempre ficava — mas me controlei.
— C-Claro que não. Foi uma que... Quer dizer, uma recompensa por um trabalho.
— Hm. Bem, esteja preparado, caso seja necessário — disse «Nirrnir». Ela ergueu os pés e logo se pôs de pé com agilidade. «Kio» havia preparado uma capa grossa, que colocou sobre a garota. O veludo preto parecia sufocante para um andar tão quente, mas eu tinha que admitir: o capuz enorme ficou bem fofo nela.
Apressei-me para acompanhá-las até a porta. Asuna e «Kizmel» me lançaram olhares que diziam: "Tome cuidado". A missão era apenas guiá-la pelos estábulos subterrâneos, então não devia haver perigo — mas, como «Nirrnir» já havia avisado, não havia garantias de que tudo daria certo.
Fiz um sinal de positivo para elas e saí do aposento.
Esperando no corredor, havia um jovem de rosto marcante, consideravelmente mais alto que eu. Ele não parecia um tratador de animais, então presumi que fosse um dos guardas que acompanhavam a investigação. Diferente dos guardas na entrada do cassino, ele usava apenas um uniforme cinza-escuro e uma couraça peitoral, em vez de uma armadura brilhante e ostensiva. O emblema da família Nachtoy — um lírio negro sobre um fundo branco — estava costurado em ambos os ombros, e a arma em seu cinto era uma espada fina, que parecia um ponto intermediário entre uma rapiera e uma espada longa.
— Obrigada, «Huazo» — disse «Nirrnir». — Onde está «Lunnze»?
Ele se endireitou e respondeu.
— Esperando diante dos estábulos, com os outros.
— Ah. Então, vamos.
Ela se virou, fazendo a capa girar, e começou a caminhar pelo corredor, seguida por «Kio» e «Huazo». Eu fiquei por último, o que chamou a atenção do soldado, que se inclinou e sussurrou para «Kio».
— Onee-san, quem é ele?
— Me chame pelo meu nome enquanto estiver em serviço.
— Sim, «Kio-san». Me desculpe.
Hã? Eles são irmãos?! Fiquei chocado. Mas agora eu podia ver que o cabelo cortado rente de «Huazo» tinha o mesmo tom castanho-escuro do de «Kio». Me aproximei um pouco mais para poder ouvir a resposta dela.
— Este é Kirito. Ele é um aventureiro que Lady «Nirrnir» contratou para nos ajudar a resolver este assunto.
— Mesmo que sejamos mais do que capazes de lidar com isso sozinhos, sem precisar depender de um forasteiro.
— Precisamos encontrar provas de irregularidades no curto período de uma inspeção. Um forasteiro tem mais chances de notar certas coisas que nós tomamos como garantidas.
Pelo que «Kio» dizia, ela não tinha contado o «Huazo» sobre minha infiltração nos estábulos Korloy, nem que eu havia libertado o lykaon que era a prova viva da trapaça deles. Prometi a mim mesmo, mais uma vez, que precisava realizar a próxima tarefa corretamente para compensar isso.
✗
«Nirrnir» nos guiou por um corredor escuro, mas não em direção às escadas espirais que levavam à entrada do cassino. Em vez disso, seguimos mais para o interior do hotel. Passamos por um local que tinha um leve cheiro de água de banho, depois viramos à direita e, em seguida, à esquerda, parando diante de uma porta no fim do corredor.
A dona do hotel puxou uma chave antiga de dentro da capa, inseriu na fechadura e girou. Ouviu-se um clique pesado que pareceu alto demais. Além da porta havia uma escadaria espiral fracamente iluminada. Esta era bem mais estreita do que a da frente do prédio. «Nirrnir» desceu com passos seguros.
«Kio» e «Huazo» seguiram sua mestra, então fiquei por último, esperando a porta se fechar antes de descer timidamente os degraus. Não havia pilar central na escadaria; os degraus saíam direto das paredes e não havia corrimão. Espiei pelo meio e não vi nada além de escuridão lá embaixo. Se estivesse vazia do terceiro andar do Grande Cassino até o primeiro, a queda seria de pelo menos nove metros. Um passo em falso e uma queda de cabeça no chão de pedra significariam morte certa.
Ainda é melhor do que descer pelo lado de fora do Palácio da Árvore Harin, disse a mim mesmo, mantendo a mão firmemente apoiada na parede enquanto descia com os outros. Já estava perdendo a conta das voltas que havíamos dado quando finalmente enxerguei o chão, e pude respirar aliviado.
Havia uma porta semelhante no primeiro andar, que «Nirrnir» destrancou novamente. Ela girou a maçaneta e empurrou, revelando um corredor que parecia com um que eu já havia visto. Havia quatro portas na parede à direita e uma na esquerda.
— Eu irei primeiro, minha lady — disse «Kio», passando à frente da mestra e parando diante de uma porta na parede direita. Ela fez uma pausa, ouvindo com atenção, antes de abrir a porta.
Um pequeno feixe de luz avermelhada escapou pela fresta. «Kio» atravessou a moldura, seguida por «Nirrnir», com o capuz puxado para baixo, e depois «Huazo».
Enquanto eu os seguia, o último a deixar o corredor, murmurei.
— Ah, é aqui...
Era um espaço que parecia adequado para armazenamento, largo o suficiente para caber uma carruagem. Na verdade, era mesmo destinado a uma. Esta era a entrada de carregamento de monstros que eu havia visto antes de invadir os estábulos Korloy. O motivo de o corredor parecer familiar era porque tinha sido construído com as mesmas especificações do lado dos Korloy.
O compartimento de carga, que estava completamente escuro quatro horas antes, agora estava escancarado, deixando entrar uma quantidade quase ofuscante de luz alaranjada. A porta aberta estava voltada para o oeste, diretamente alinhada com o sol poente, que entrava pela abertura exterior de Aincrad.
No centro do enorme compartimento, dois grupos estavam frente a frente, recortados pela luz do sol.
Os três mais próximos de nós usavam o mesmo uniforme cinza-escuro de «Huazo». Um carregava uma espada, enquanto os outros dois tinham chicotes enrolados.
Além deles, havia dez figuras em uniformes vermelho-escuro com peitorais dourados. Todos empunhavam espadas. Os emblemas em seus ombros traziam um dragão vermelho sobre um fundo negro. Assim, os três mais próximos de nós eram soldados e tratadores de Nachtoy participando da inspeção surpresa, enquanto os outros dez pertenciam aos soldados de Korloy.
De repente, ouviu-se o estalo de um chicote, e os soldados de vermelho se afastaram, permitindo que outra silhueta avançasse, com o sol às costas.
— Faz tempo, Lady Nirr — disse uma voz grave e firme, pertencente a um homem alto e magro, de cabelos e costeletas brancos. O cavalheiro idoso usava um terno impecável de três peças, em marrom-escuro, e seu bigode e barba estavam cuidadosamente aparados. Media cerca de um metro e oitenta, quase tão alto quanto «Huazo». Para ser honesto, era uns 50% mais imponente que «Cylon», o senhor de «Stachion».
— E vejo que você também está com boa aparência, «Bardun» — respondeu «Nirrnir». Ela deu um passo à frente, mas parou a cerca de dois metros antes da linha de luz do sol que cruzava o chão.
Então o homem mais velho era o mestre do clã rival dos Nachtoys, «Bardun Korloy». Por precaução, mantive meus olhos fixos nele, o que fez surgir um cursor amarelo com o nome «BARDUN».
Sobre «Bardun», «Nirrnir» havia dito: "Ele é obcecado por acumular todo o ouro possível para comprar breves momentos de vida, e perdeu a noção de todo o resto." Mas, com base na figura que ele representava ali, não parecia estar à beira da morte ou desesperado por ouro.
«Bardun» deu mais um passo à frente e falou com aquela voz rica e expressiva.
— Minhas mais sinceras desculpas pela impropriedade da minha família. Ela fez com que um monstro registrado para competir nas lutas de hoje não pudesse aparecer. Certamente, não esperava que alguém nesta cidade fosse ousado e perverso o bastante para invadir meus estábulos e libertar o monstro.
O ousado e perverso aqui presente queria encolher o pescoço de culpa, mas eu precisava manter a pose. Como de costume, «Nirrnir» manteve-se inabalável e respondeu com a maturidade que transcendia sua idade.
— Aquele cachorrinho seu estava vencendo tantas lutas que suponho que algum comerciante rico o quisesse como cão de guarda. Mas, se você o retirou para vendê-lo em segredo, isso poderia ter lhe dado uma última chance de enriquecer.
— Como ousa sugerir tal coisa! — gritou alguém — mas não foi «Bardun» nem nenhum de seus soldados. Atrás do líder idoso, um homem baixo, roliço e de meia-idade, vestindo fraque preto, deu um salto à frente. Ele berrou.
— Está insinuando que a família Korloy participa do coliseu apenas para lucrar? Retire essa acusação agora mesmo!
Acima da cabeça do homenzinho, o cursor dizia «Menden». Pela roupa, parecia ser um mordomo, mas havia uma rapiera requintado preso ao lado esquerdo, e, para falar a verdade, ele parecia mais o dono de uma mansão do que um empregado. «Kio» se adiantou até o lado de sua mestra e retrucou.
— Lady «Nirrnir» não disse nada disso, senhor «Menden». Vamos prosseguir com a inspeção, por favor.
— Inspeção, ela diz! Criada insolente! Está sendo permitida a examinar os estábulos graças à generosidade do mestre «Bardun»!
— Chega, «Menden» — ordenou «Bardun», erguendo a mão. O mordomo silenciou imediatamente.
— A culpa é nossa, por termos permitido que o criminoso se infiltrasse e fugisse. Se estiverem dispostos a considerar o estábulo como compensação por permitirmos a substituição do monstro, ficaremos felizes em deixá-los entrar.
— Sim, senhor — disse «Menden», levantando a mão num gesto teatral, o que fez com que os soldados de Korloy, dispostos cinco de cada lado, girassem noventa graus e se posicionassem junto à porta na parede oposta.
«Bardun» apontou para a porta, entalhada com o mesmo emblema do dragão vermelho. Sua atitude parecia dizer: "Entrem, se puderem." Mas nada no chão de pedra bloqueava nosso caminho.
Será que ele vai ordenar que os soldados ataquem?, pensei.
«Kio» moveu a mão. Instantaneamente, «Huazo» e seus três seguidores alinharam-se atrás dela. Corri para ocupar a retaguarda, e o tratador de animais de uniforme cinza bem à minha frente sussurrou.
— Chegue mais perto.
De lado, nós cinco estávamos tão próximos que pareciam um só corpo, como uma parede humana. Seria difícil caminhar assim, mas aparentemente era o necessário. Dei um passo largo e preenchi o espaço entre mim e o tratador.
Os seis de nós estávamos alinhados bem apertados e, com o segundo sinal de «Kio», começamos a avançar. Demos passos curtos e frequentes, avançando aos poucos. À nossa direita, «Nirrnir» caminhava no mesmo ritmo lento, envolta em sua capa preta.
Após cerca de dois metros, saí da sombra da parede da doca de carga, e a luz vermelha do sol atingiu minha bochecha esquerda. Virei o rosto naquela direção, onde o sol gigantesco era visível pela abertura externa de Aincrad, bem ao longe. Mesmo ao entardecer, o calor era intenso — imaginei que fosse efeito do andar do verão eterno.
— Último! Encoste mais! — sibilou novamente o tratador à minha frente. Olhei para trás, alarmado. Mas mal podia obedecer — a frente da minha camisa já roçava nas costas dele de tempos em tempos. Fechei completamente o espaço entre nós, me preparando para uma possível queda.
Você não conseguia andar nessa formação a menos que todos marchassem no mesmo ritmo. Fiz o melhor que pude para acompanhá-los, contando mentalmente. Um, dois, um, dois. Parecia aquelas corridas de centopeia dos dias esportivos na escola primária.
À frente, os soldados de Korloy tentavam conter risadinhas debochadas. Seu mestre, «Bardun», mantinha o rosto impassível, mas até seu mordomo, «Menden», não conseguia esconder o sorriso por trás do bigodinho bem aparado.
Que tipo de missão é essa, afinal? Pensei, continuando a marcha apertada, até que atravessamos o sol vindo da entrada da doca de carga e voltamos à sombra. Novamente, a responsável sibilou.
— Já pode recuar agora.
Dessa vez, consegui ouvir um pouco melhor, e meu primeiro pensamento surpreso foi: É uma mulher? Recuo lentamente e olho para o cursor sobre a cabeça da responsável, que dizia "«LUNNZE»", mas não podia ter certeza apenas com isso. Por outro lado, parecia que eu lembrava de «Kio» ter mencionado esse nome antes…
Nesse instante, «Nirrnir» tropeçou à minha direita. Por puro reflexo, me joguei à frente e a segurei.
— Lady «Nirrnir»! — gritou «Lunnze».
Isso chamou a atenção de «Kio». Mas «Nirrnir» apenas segurou firme minha camisa e sussurrou, ofegante.
— Estou bem. Vá.
— Sim, minha lady — respondeu «Kio», apressando-se até a porta. Atrás dela, cercado por «Huazo» e «Lunnze», segui com «Nirrnir».
Passei os olhos pelas fileiras de soldados de vermelho escuro à medida que passávamos. Alguns ainda exibiam sorrisos zombeteiros, mas outros nos olhavam com ódio puro. Certamente não iriam nos atacar… Mas éramos sete contra doze. Mantive os olhos atentos dos dois lados, pronto para qualquer coisa.
Atrás dos soldados à direita estava «Bardun Korloy». Nossos olhos se encontraram.
De perto, seu terno de três peças estava impecável, e o cabelo e a barba, perfeitamente arrumados. Mas os muitos sulcos na testa e ao redor da boca o faziam parecer mais velho do que minha impressão inicial.
Ainda assim, o poder em seu olhar, vindo das órbitas encovadas, era mais afiado que um arpão de aço. «Nirrnir» era tão mais jovem que poderia ser sua neta, ou até bisneta. Qual era o sentimento em seus olhos cinzentos ao encará-la… Ódio? Ou inveja?
— Rápido, Kirito — disse «Kio», me trazendo de volta ao foco. A criada de combate estava ao lado da enorme porta vermelha em forma de dragão, observando-me. Assenti com a cabeça e apressei o passo.
Após passar por «Kio» e pela porta, me vi em um corredor escuro familiar. Caminhei cerca de dois metros à direita e parei, perguntando a «Nirrnir», ainda apoiada em meu braço.
— Você está bem? Se estiver se sentindo mal, deveria deixar a inspeção conosco e voltar para seu…
— Já estou melhor.
«Nirrnir» se afastou do meu braço e se encostou na parede. Mas, pelo que pude ver por baixo do capuz, seu rosto estava visivelmente mais pálido que o normal, e a barra de HP sobre sua cabeça estava cerca de 10% menor. Um ícone de penalidade desconhecido abaixo da barra provavelmente era a causa do dano, mas… O que significava um círculo negro cercado por triângulos espinhosos?
Enquanto eu tentava entender aquilo, «Kio» nos alcançou no corredor e se aproximou de «Nirrnir», entregando-lhe algo.
— Aqui, minha lady.
Era um frasco preto, pequeno o bastante para caber na palma da mão. Sem rótulo ou identificação. Não sabia o que havia dentro. «Nirrnir» apenas balançou a cabeça e se endireitou, afastando-se da parede.
— Estou bem. Logo estarei melhor. Vamos apressar a inspeção.
— Claro.
Ela fez um leve aceno com a cabeça e guardou o frasco, mas pude ver a expressão preocupada no rosto de «Kio». Eu também estava preocupado, claro. Ficava cada vez mais evidente que «Nirrnir» sofria de alguma enfermidade, e provavelmente por isso raramente deixava seu quarto no hotel.
Foi só então que entendi por que «Kio» descreveu a exigência dos Korloy de que «Nirrnir» estivesse presente como "um transtorno maldoso".
O ícone de penalidade negra não desaparecia, e seu HP seguia caindo, lentamente. Queria que ela voltasse para o quarto imediatamente, mas sabia que ela não me ouviria. Só nos restava seguir suas instruções e encontrar evidências de irregularidades o mais rápido possível.
— Vá na frente, Kirito — sussurrou «Kio».
Obedeci e examinei o corredor. Havia quatro portas lado a lado na parede oposta à entrada, mas qualquer coisa que servisse como evidência — como um frasco contendo Tinta Rubrabium — não estaria largada em um lugar como esse. Se fôssemos encontrar algo, teria que ser no subsolo.
Troquei um olhar com «Kio» e «Nirrnir» e segui mais adiante. Por uma porta esculpida diretamente na parede de pedra, havia uma escada em espiral precária. Sem corrimão, mas eu já a havia usado uma vez, e, ao contrário da outra, essa tinha apenas cerca de cinco metros de altura. Desci os degraus rapidamente, atento a qualquer ataque surpresa, e cheguei ao porão.
Pelo que pude ver, o corredor ladeado por celas estava vazio. Avancei um pouco e olhei para trás, vendo «Kio», «Nirrnir», «Huazo», «Lunnze» e os outros dois entrarem atrás de mim.
— Hmm. Então estes são os estábulos dos Korloy — murmurou «Nirrnir», abaixando o capuz e analisando o local, depois cheirando o ar. Seu rostinho se contorceu. — A limpeza e ventilação deixam muito a desejar. Estão tratando mal seus monstros.
— V-Você consegue perceber isso? — perguntei, surpreso.
«Nirrnir» fez uma careta.
— Tem cheiro de sangue.
Antes que eu dissesse algo, uma voz grave soou atrás de nós.
— Me perdoe, Lady Nirr. Se tivesse me dado mais um dia, teria mandado limpá-los.
«Bardun Korloy» e seu mordomo, «Menden», entraram no corredor atrás de nós, acompanhados de cinco soldados. Felizmente, haviam deixado a maior parte das tropas no andar de cima, mas isso significava que agora havia quatorze pessoas nos estábulos. O corredor era razoavelmente largo, mas mesmo assim eu me sentia espremido.
Se não fosse coincidência o fato de haver sete membros tanto do lado Nachtoy quanto do lado Korloy, talvez estivéssemos diante de um evento de batalha. Desconsiderando «Nirrnir» e «Bardun», eles tinham dois treinadores com chicotes, o que indicava mais capacidade de combate que a nossa. Se começasse uma luta, eu teria que neutralizar dois, ou com sorte três, dos soldados logo de início.
Enquanto minha mente fazia cálculos, «Bardun» falou novamente.
— Como precisamos preparar o cronograma noturno da arena de monstros às sete horas, só posso dar duas horas para a inspeção, Lady Nirr. Vá em frente, fuce meus estábulos à vontade. Mas minha habilidade de «Employment» já foi aplicada a alguns desses monstros. Não posso garantir sua segurança se entrar nas celas deles, e, se ferir algum, terei que exigir indenização por violação das nossas leis.
— Muito bem — disse «Nirrnir», dando de ombros diante da ameaça de «Bardun». — E se qualquer um dos seus homens interferir com a nossa inspeção, consideraremos isso uma violação do nosso acordo. Nesse caso, retirarei minha permissão para o uso de um monstro substituto. Isso significa que você precisará preparar um novo Rusty Lykaon antes da luta final desta noite. Se isso está claro, poderia, por favor, retornar à entrada da escada?
— Rrrrgh — resmungou «Menden», o mordomo. Mas «Bardun» fez um pequeno sinal, e os cinco soldados recuaram até a extremidade do corredor.
Quando «Nirrnir» ficou satisfeita, voltou-se para mim com olhos vermelho-escuros. Apesar de ser apenas uma NPC, eu praticamente podia sentir sua mensagem não dita: "Estou contando com você daqui em diante."
Parte de mim pensou: "Tem certeza disso?" Mas a situação chegou a esse ponto por causa das minhas ações, e eu tinha a responsabilidade de consertar. Felizmente, o limite de tempo era bem generoso para uma missão de investigação. Eu só precisava encontrar alguma evidência de irregularidade nas próximas duas horas — muito provavelmente mais corante Rubrabium.
Mais uma vez, examinei a área.
O corredor tinha bons quinze metros de comprimento. Havia seis celas de cada lado, totalizando doze, cada uma contendo um dos monstros usados nas lutas diurnas e noturnas. O fim era uma parede de pedra simples, e eu não via nenhum depósito ou sala de descanso. Portanto, qualquer evidência estaria escondida nas celas. O aviso de «Bardun» sobre os monstros atacarem era pertinente, mas, neste ponto, eu teria que entrar e contar com a sorte... Mas... Não.
A situação pode ter sido inesperada, mas, pensando bem, teria chegado a esse ponto mesmo que eu não tivesse feito nada. O plano original era borrifar o descolorante no Rusty Lykaon durante a luta na arena, revelando que sua pelagem havia sido tingida. Mas, nesse cenário, os Korloy também não teriam admitido culpa. Muito provavelmente, teríamos que vir aqui procurar provas da violação das regras de qualquer forma. Eu devia assumir que estava de volta à trilha principal da missão da Lady Nirr.
Nesse caso, era muito provável que entrar nas celas dos monstros levasse ao fracasso da missão. Afinal, não havia como evitar ser atacado por um monstro cujo «Employment» (domesticação) tivesse expirado. O Rusty Lykaon, que na verdade era um Storm Lykaon, só havia escapado porque estava ao ar livre. Preso na cela, ele certamente teria me atacado.
A evidência principal não estava dentro de uma cela, mas fora dela. Nesse caso, provavelmente estava no depósito do primeiro andar por onde eu havia passado — ou talvez atrás da escada espiral. E isso significava que o modo como os soldados Korloy bloquearam a porta da escada era muito suspeito.
— Me desculpe, Lady «Nirrnir», mas acho que a prova pode estar no térre...
Parei ali, de maneira bem forçada.
— O quê? — disse minha mestre, arqueando uma sobrancelha com ceticismo. Pedi desculpas novamente, então me virei rapidamente.
No fim do longo corredor havia uma parede de pedra cinza, nada mais. Mas quando infiltrei este lugar, apenas quatro horas atrás, não havia algo ali? Uma porta... Não, uma entrada quadrada. Lembrava de ter visto algo que achei estranhamente pequeno.
— Lá está! — murmurei, correndo pelo corredor.
No caminho, reconheci que uma das celas à esquerda não era apenas uma câmara pequena, mas também a sala de espera usada para carregar o próximo monstro para a arena. Mas isso não era um problema agora. Passei direto por ela, indo até a parede dos fundos e pressionando as mãos contra a pedra cinza.
Os blocos empilhados, sem emendas, estavam frios e duros, e não se moveram, por mais força que eu aplicasse. Mas sem dúvida havia uma portinhola ali. Se era uma porta escondida, então provavelmente um desses blocos funcionava como interruptor para abri-la. Geralmente ficavam nos cantos e tinham algum tipo de marca como dica.
Primeiro olhei para a parede à direita, depois à esquerda. Um dos blocos de pedra na borda esquerda refletia ligeiramente a luz da lamparina, diferente dos outros. Rapidamente, passei os dedos por sua superfície e percebi que o centro estava liso e desgastado, diferente da textura áspera ao redor. Agora certo, pressionei o bloco.
Com uma sensação de clique pesado, ele entrou cerca de dois centímetros.
Senti vibrações fracas pelas solas dos sapatos. A parte central da parede começou a tremer, afundando audivelmente no chão.
Em menos de cinco segundos, surgiu uma abertura com menos de um metro de altura e largura na parede. Lá dentro, estava tudo escuro como breu, mas eu detectei imediatamente cheiros complexos no ar. Entre eles, havia um traço daquela especiaria doce e pungente. Eu tinha quase certeza de que o corante Rubrabium estava ali.
Mesmo que eu não tivesse vindo aqui antes, sabia que teria encontrado a porta escondida dentro do limite de duas horas. Mas não podia negar a possibilidade de ter entrado nas celas primeiro. Nesse sentido, minha incursão não planejada ao estábulo mais cedo foi o alívio no meio da tempestade... Ou uma bênção disfarçada... Ou...
Virei as costas para a parede, pensando inutilmente em qual expressão era a mais adequada para a situação, e acenei para os outros, que estavam no meio do corredor.
— Há um depósito escondido aqui!
Imediatamente, tanto «Nirrnir» quanto «Kio» sorriram. Correram até mim, seguidos por «Huazo» e «Lunnze».
Esperei ao lado da abertura na parede, suprimindo a vontade de entrar correndo no depósito e procurar o frasco de corante. Se eu me precipitasse e estragasse tudo, as consequências seriam piores do que apenas uma bronca. Eu precisava obter a prova não só diante de «Nirrnir» e seu grupo, mas também à vista de «Bardun Korloy».
Falando nisso — estiquei o pescoço para olhar além dos outros e vi que o grupo de «Bardun» ainda estava em posição na outra extremidade do corredor. Seu depósito secreto havia sido descoberto em pouco tempo, mas eles não pareciam preocupados. Isso fazia parte do plano deles? Não... Eles não estavam tranquilos. Pareciam estar esperando algo.
Franzi a testa, estreitando os olhos para o teto acima. Não havia armadilhas caindo ali, claro. Se houvesse buracos no chão, eu teria caído primeiro, e tudo o que havia dos lados eram grades de ferro.
À minha direita, havia um grande monstro parecido com uma cabra, espreitando ao fundo de sua cela. Não reagiu ao contato visual; seu «Employment» ainda estava ativo.
À esquerda, deveria estar vazio, pois foi ali que libertei o Rusty Lykaon. Verifiquei por precaução, mas, é claro, havia...
Algo ali. Longo e estreito, enroscado na escuridão. Uma corda enrolada, talvez? Foquei no volume, só por precaução — e mal o cursor vermelho apareceu, a sombra se lançou para longe, deixando o objeto para trás.
Ela deslizou silenciosamente pelo chão, se encolheu por um instante, e então saltou como uma mola desenrolando-se, emergindo no corredor central através das barras da cela. O corpo estreito brilhava como prata sob a luz da lamparina.
Era uma cobra — a tal Serpente-Alguma-Coisa que vi quando entrei aqui escondido pela primeira vez. Mas, da última vez, ela estava na cela com grades mais apertadas, uma cela ao lado. Por que agora estava em uma cela comum? E por que ficou parada quando passei por ela antes — e esperou até agora para atacar?
Coloquei a mão no cabo da espada, sem respostas para essas perguntas. Ao sacar minha arma, gritei.
— «Kio», cobra!
Sem hesitar, dei um passo largo à frente e cortei de baixo para cima, da esquerda para a direita. A lâmina afiada da «Sword of Eventide» mal conseguiu arranhar o corpo da cobra. Mas a criatura fina, com pouco mais de dois centímetros de largura, só produziu um som metálico: kching!
É muito resistente! Cerrei os dentes e empurrei com toda a força. A espada deslizou pela superfície da cobra, soltando faíscas, até finalmente atingir um ponto entre as escamas, cortando o terço traseiro da criatura.
Mas o voo da cobra não parou. Ela ajustou sua trajetória, contorcendo-se no ar, e caiu em direção a «Nirrnir».
— Hah!
«Kio» soltou um grito agudo e, então, cravou sua estoc, já fora da bainha, com uma velocidade fenomenal. A arma extremamente fina brilhava com um efeito branco pálido. Aquilo era a habilidade com espada «Linear» — não, era o golpe de impulso avançado «Streak».
A estoc avançou com a mesma velocidade que Asuna, a especialista, e perfurou o centro dos dois terços restantes da cobra, que voava serpenteando pelo ar.
A força extra do ataque reverberou pela sala como uma onda de choque. Aquele golpe teria atravessado uma armadura de placas pesadas.
Mas era poder demais para aquele momento. Em vez de apenas cravar o corpo da cobra, o golpe a partiu em dois. A parte com a cabeça ainda estava viva de alguma forma, e caiu sobre «Nirrnir».
— Hissss!
No mundo real, ela nunca poderia ter silvado tão alto, mas essa sim, com a boca escancarada ao máximo. Presas longas e afiadas brilhavam ameaçadoras à luz.
Atrás de «Nirrnir», «Huazo» e «Lunnze» saltaram em direção à sua jovem mestra, os rostos tomados pelo desespero. Mas não chegariam a tempo. As presas curvas mergulharam sobre o ombro do manto negro. De repente, tão rápido que mal consegui acompanhar, a mão direita de «Nirrnir» disparou e agarrou a cobra no ar — os 45 centímetros que restavam dela, pelo menos.
Sua velocidade de reação era inacreditável. Já seria difícil o bastante repelir uma cobra em voo com uma espada… Mas pegá-la com a mão nua? Nem eu, nem Asuna conseguiríamos isso.
— Lady Nirr, apenas—
Segure firme! Eu estava prestes a gritar. Mas a pequena parte do corpo que ainda podia se mover — uns dez centímetros, no máximo — se curvou o quanto pôde e cravou as presas fundo no pulso de «Nirrnir». Um instante depois, sua barra de HP caiu a zero, e o corpo encurtado da cobra explodiu em partículas azuis.
— Lady «Nirrnir»!! — gritou «Kio», lançando sua estoc ao chão e estendendo os braços para a mestra. Atônito, vi os lábios finos de «Nirrnir» se curvarem em um sorriso irônico. Ela sussurrou, com a voz quase inaudível.
— Muito bem, «Bardun».
E então, a jovem mestra do Grande Cassino, «Nirrnir Nachtoy», desabou nos braços estendidos de «Kio».
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