Volume 8
Capítulo 22: Sétimo Andar de Aincrad
22
— NOSSA SENHORA... — murmurou «Kio», apertando os olhos ao ver o fragmento verde que eu lhe estendia.
Ela o pegou da minha palma, deu uma cheirada e o ergueu diante da luz do lampião. Cerca de um terço do pedaço retangular estava carbonizado, mas o restante ainda reluzia de forma opaca.
Eu havia encontrado aquele fragmento entre os estilhaços da lente e do espelho do refletor, antes de sairmos da arena. Ao subirmos as escadas, toquei nele e surgiu o nome INCENSO KERUMILA, junto a uma breve descrição: INCENSO FEITO A PARTIR DE FLORES KERUMILA SECAS E MOÍDAS. Isso não explicava muita coisa.
«Kio» examinou o fragmento por alguns segundos antes de abaixar a mão.
— Isso se chama incenso kerumila. Exala um aroma que não existe igual neste mundo quando exposto ao fogo, mas também faz as chamas emitirem uma luz venenosa. É uma ferramenta de assassino que enfraquece lentamente seu alvo com o tempo.
— Argh, que conceito nojento — comentei, fazendo uma careta.
Ao meu lado, Asuna havia tirado a máscara, mas ainda usava o vestido preto de gala.
— Mas agora identificamos o último truque dos Korloy — disse ela friamente. — Eles queimavam esse incenso nas lâmpadas dos refletores, e era assim que aplicavam a luz enfraquecedora só no monstro que queriam atingir, certo?
— Aquele velhote pensou em tudo mesmo — admiti, apesar de mim mesmo. «Kio» desviou o olhar, visivelmente abalada.
— Inspecionei a arena em intervalos regulares. Pensar que deixei passar um mecanismo tão relevante... Não sou digna de servir à Lady «Nirrnir»...
— O-Olha, não dá pra te culpar por não ter notado. Não havia nada especial acoplado às luzes. Eles só colocavam esse incenso kerumila sobre as lâmpadas quando queriam enfraquecer os monstros — apontei, tentando consolar, mas «Kio» não se animou com meu argumento.
— Quando a Serpente a atacou, eu poderia tê-la derrotado com uma estocada simples, sem precisar de técnica de espada. Talvez o monstro não tivesse se libertado. Na verdade, eu deveria ter conferido o conteúdo de todas as jaulas antes da inspeção. Principalmente depois que a Lady «Kizmel» comentou que a insistência de «Bardun» em exigir a presença da Lady «Nirrnir» provavelmente era uma armadilha...
Eu achava que «Kio» era bem mais velha que eu, mas vê-la tão desolada a fazia parecer bem mais jovem. Ainda assim, não era hora de se distrair com isso. Precisávamos manter a moral alta para discutir os próximos passos.
— Escuta, Kiocchi, no fim das contas o plano deu certo, então vamos focar no lado bom, né? — disse outra voz.
Era Argo, sentada no sofá com uma taça de vinho na mão. Quando Asuna e eu voltamos correndo para o Quarto 17, no terceiro andar do Grande Cassino, Argo e «Kizmel» já tinham retornado do quarto de «Bardun». A missão de infiltração fora um sucesso, aparentemente, mas tudo o que encontraram foi um mapa antigo sobre a mesa. Nada que parecesse um meio de comunicação à distância.
A voz de Argo tinha algo de relaxante, e «Kio» assentiu, erguendo a cabeça. Passou os dedos pelos cantos dos olhos e forçou um sorriso.
— Sim, é claro. O plano de apostas da Asuna e do Kirito deu certo, e Argo e a Lady «Kizmel» encontraram o artefato encantador dos Neusianos... digo, Elfos Caídos. Temos tudo o que precisamos para salvar a vida da Lady «Nirrnir». Não deveria estar lamentando o que poderia ter sido.
Ela se espreguiçou e caminhou até a mesa, pegando a garrafa aberta e um copo limpo. Encheu-o até a metade e bebeu tudo de uma vez, soltando um longo suspiro.
Aliviado por vê-la recuperar o ânimo, dei uma olhada rápida no horário. Eram 22h55 — dez minutos depois de bighorn vencer a última luta da arena. Assim como na noite anterior, Lind e Kibaou haviam perdido mais de cinquenta mil fichas de uma vez. Provavelmente estavam no bar do porão com seus companheiros de guilda, ou em alguma taverna próxima, afogando as mágoas antes de voltarem para suas estalagens. Precisávamos entrar em contato com eles antes disso, explicar por que o bilhete com as dicas funcionou dessa vez e pedir ajuda para derrotar «Aghyellr», o boss deste andar.
A grande dúvida era: Quando «Bardun Korloy» perceberia que seu item de comunicação havia sumido? Após a destruição da luz debilitadora na arena, após perder cem mil fichas — tecnicamente, 142.629 — e o meio de contato com os Elfos Caídos que haviam prometido prolongar sua vida, era impossível prever o que ele faria. Claro, ele não tinha qualquer prova de que os responsáveis por destruir os refletores, ganhar na última luta e invadir seu quarto vazio éramos nós quatro — ou alguém ligado à família Nachtoy. Mas se provas fossem suficientes para fazê-los desistir, eles não teriam colocado uma cobra venenosa rara para tentar matar «Nirrnir».
«Huazo» deveria nos avisar quando «Bardun» voltasse da arena para o quarto. Precisávamos discutir algo antes disso.
«Kio» me devolveu o pedaço parcialmente queimado do incenso kerumila, e eu o guardei no inventário, por precaução. Fui até Argo e perguntei.
— Então... Que tipo de ferramenta ele usava para se comunicar com os Elfos Caídos?
— Tá bem na sua frente.
— Hã?
Pisquei e olhei para a mesa. Só havia a garrafa de vinho aberta, quatro copos e um mapa de pergaminho. O mapa mostrava todo o sétimo andar, o que poderia ser útil para montar uma estratégia, mas não havia ferramenta alguma à vista — a não ser que...
— Espera... Isso? O mapa?
— Acertou — disse ela com um sorriso maroto, e eu a encarei com desconfiança.
— Mas... Como você soube que isso era o meio de comunicação do «Bardun» durante a busca? Eu teria ignorado completamente.
— Você se esquece de que eu tinha a Kizucchi ao meu lado — respondeu Argo, erguendo a taça em direção à cavaleira élfica sentada no outro sofá. «Kizmel» nos lançou um sorriso orgulhoso e apontou para o canto inferior esquerdo do mapa.
— Olhem aqui.
— Hm...
Nos inclinamos tanto que nossas cabeças quase se tocaram. No canto do pergaminho, havia uma marca estranha desenhada com tinta vermelho-escura: duas linhas em zigue-zague entrelaçadas. Achei que já tinha visto aquilo antes.
— Ah! Gelo e relâmpago! O símbolo dos Caídos! — exclamou Asuna.
— Ooooh — murmurei, surpreso. Era o mesmo emblema gravado na adaga dos Elfos Caídos que o PKer deixou cair no sexto andar: a «Dirk of Agony».
— Onde exatamente estava isso no quarto? — perguntei à Argo.
— Na terceira gaveta de cima de uma escrivaninha enorme — respondeu ela.
Se não estivesse à vista, talvez ele não notasse que havia sumido tão rápido. De qualquer forma, não podíamos perder tempo.
— Como se usa isso, «Kizmel»? — perguntei prontamente, mas a cavaleira apenas me lançou um sorriso breve e enigmático.
— Entendo que esteja com pressa, mas sugiro que se sente primeiro.
— Ah... Hum, certo.
Sentei-me ao lado de «Kizmel», e Asuna se posicionou ao lado de Argo, com «Kio» do outro lado. A cavaleira pigarreou e passou a ponta dos dedos sobre o mapa.
— Isto pode parecer um pergaminho, mas não é. É feito a partir de mobs raríssimos que aparecem em mansões e castelos abandonados, chamados Scyia. Eles são mortos de uma maneira específica, depois secos e usados como papel.
— Scyia...
Nunca encontrei um monstro assim no beta teste, e não sabia se o nome significava algo. Asuna e Argo também pareciam confusas, então deixei que «Kizmel» continuasse explicando sem interromper.
— Scyia sempre aparecem em pares. Quando você derrota os dois e cria papel com eles, as folhas ficam ligadas por um poder misterioso. Quando se pinga sangue em uma, a mancha aparece no mesmo local da outra.
Ainda não fazia muito sentido para mim, mas, ao ouvir aquilo, Asuna exclamou.
— Ah! Então eles desenharam exatamente o mesmo mapa nos dois papéis, e se o dono de um mapa pingar sangue sobre ele, poderá indicar essas coordenadas ao dono do outro mapa!
— Aha... — murmurei.
— Muito interessante — comentou Argo.
Um instante depois, «Kio» entrou na conversa.
— Então, se ele pingar sangue em algum ponto deste mapa, a mancha aparecerá no mapa gêmeo, e os Elfos Caídos surgirão naquele local...?
— Parece ser o caso. No entanto — disse «Kizmel», franzindo a testa — isso não indicaria um horário para o encontro. Talvez eles apenas vão até o local e esperem até que o outro lado apareça...
Isso realmente parecia ineficiente. Será que os Elfos Caídos, ocupados com seus truques e planos, ficariam esperando por horas a fio?
— Então, se escrever neste mapa com sangue, isso aparecerá no outro mapa, «Kizmel»? — perguntei.
A cavaleira balançou a cabeça.
— Não. Ouvi dizer que apenas manchas de sangue fresco, pingadas diretamente do dedo, são transferidas. Claro, é possível escrever letras grandes se pingar sangue o bastante... Mas creio que as manchas desaparecem com o tempo…
— É mesmo? — comentei, imitando Argo sem perceber, arrancando uma risadinha dela.
— Kii-boy, se não mostrar respeito para a Aneki aqui, ela não vai te ensinar a ver as horas com isso — resmungou.
— O quê? Você descobriu como, Argo?! — exclamou Asuna, de olhos arregalados. Ela juntou as mãos como se estivesse rezando. — Por favor! Conta pra gente! A gente faz o Kirito ficar de castigo no corredor, se quiser!
— Aaaah, qual é — reclamei. «Kizmel» e «Kio» riram juntas. Se isso fosse animar a empregada, ficar de castigo no corredor nem parecia tão ruim — se não fosse pelo fato de que eu também estava curioso.
— Tá bom, tá bom. Eu compro um doce de batata assada pra compensar. Só me conta o segredo.
— Por que batata doce...? — Argo resmungou, fazendo biquinho de insatisfação. Mas logo superou e apontou para a metade direita do mapa. Na verdade, ela não apontava para o mapa em si, mas para a estrutura de Aincrad. Foi então que percebi que havia pequenos pontos colocados em intervalos regulares ao redor do piso circular.
— Tá vendo que tem vinte e quatro desses? Aposto que usam isso pra marcar o horário.
— Oh...! — exclamamos Asuna e eu juntos.
Quase gritei "É um relógio!", mas me segurei, pois não sabia se «Kio» ou «Kizmel» saberiam o que era um relógio. Não que não houvesse relógios mecânicos em Aincrad — havia uma torre de relógio enorme na «Town of Beginnings», no primeiro andar — mas eu não me lembrava de ter visto relógios analógicos nos castelos élficos.
«Kio» e «Kizmel» entenderam imediatamente o que Argo quis dizer.
— Entendi. Cada ponto marca uma hora, é isso?
— Então as horas do dia ficam à direita, e as da noite à esquerda — comentaram, cada uma completando a ideia.
Foi aí que percebi que o "relógio" do mapa não seguia o modelo tradicional de doze horas, mas sim o de vinte e quatro. Isso significava que o ponto no topo era meia-noite, e o da base era meio-dia.
— Ah, então eles pingam sangue em dois lugares: um para marcar a localização e outro para o horário — disse Asuna, compreendendo. Ela ergueu os olhos do mapa e nos encarou. — Então... Quando e onde vamos invocar os Elfos Caídos?
— Calma lá, A-chan — disse Argo, fazendo uma careta. Ela olhou para a direita, onde ficava o relógio do jogo. — Se vocês marcarem pra daqui a uma hora, os Elfos não vão chegar a tempo, imagino. Além disso, temos coisas pra resolver antes, não é?
— Ah, é mesmo... Precisamos negociar com a DKB e a ALS para convencerem eles a saírem logo de manhã. Kirito, você disse que tinha um plano pra isso — como pretende colocar aqueles caras na linha?
Quatro pares de olhos se voltaram para mim. Dei de ombros.
— Vai ser fácil. Vou dizer que, se derrotarmos o boss do andar até o fim do dia depois de amanhã — ou melhor, até o meio-dia de depois de amanhã — eu vendo a «Sword of Volupta» pra quem tiver lutado com mais empenho, por duzentos mil col.
— Hã?! — gritou Argo, reagindo primeiro. Ela girou o que restava do vinho na taça e gritou: — Tá falando sério?! Isso não é piada?! Essa espada quebradona vale cem mil chips! Dez milhões de col! E você vai vender por duzentos mil?!
— Lind-Kiba não vão ceder se eu não fizer uma oferta bem atrativa. Além disso, duzentos mil col é o valor que investimos para conseguir a espada, então estaríamos recuperando nosso investimento.
— Mesmo assim... Podia ao menos pedir trezentos... Ou quatrocentos mil... — insistiu ela, já soando mais como a Argo que eu conhecia.
Foi então que «Kio» levantou a mão, e todos se calaram. Havia uma expressão séria em seu rosto, apesar de há pouco parecer ter se livrado das preocupações.
— Asuna, Kirito, Argo, Lady «Kizmel». A verdade é que... Há algo que preciso explicar sobre essa espada...
Mas, mais uma vez, foi interrompida. Houve uma batida rápida e discreta na porta e, antes que alguém respondesse, a pessoa do outro lado a entreabriu. Era «Huazo».
— «Bardun» voltou para o quarto dele, onee-san!
— Finalmente! — exclamei, fervendo de ansiedade pela notícia tão esperada. Levantei-me do sofá e disse: — Vamos ouvir o que você tem a dizer depois. Primeiro precisamos trocar isso — falei, dando um tapinha no bolso do paletó do smoking que ainda vestia.
Asuna também se levantou.
— Vou com você. Precisamos estocar comida e outras coisas de qualquer jeito.
✗
Cinco minutos depois, eu estava colocando uma reluzente ficha dourada no balcão, no valor de cem mil VC. Os NPCs ao redor começaram a murmurar em voz baixa — ou pelo menos era o que eu imaginava.
A atendente atrás do balcão pareceu congelar por um momento, mas logo recuperou o sorriso radiante.
— Vai trocar por um prêmio? Qual item deseja?
— Aquele!! — gritei, apontando para o topo da lista no quadro, enquanto Asuna puxava a gola do meu terno para trás. Pelos buracos da máscara de borboleta, seus olhos tinham a expressão de uma irmã mais velha repreendendo seu irmão tolo. Ela me puxou de volta e tomou meu lugar no balcão. Abriu o panfleto de prêmios que segurava e apontou delicadamente para a ilustração de uma espada.
— Queremos a «Sword of Volupta».
— Claro — disse a mulher com um sorriso perfeito, virando-se imediatamente. A exposição de prêmios estava fixada na lateral do enorme pilar no centro do espaço atrás do balcão em formato de cruz, e a espada de cem mil fichas brilhava no topo, fora do alcance sem uma escada — ou pelo menos era o que eu supunha.
Em vez disso, ela pressionou um botão ou algum outro mecanismo oculto na parte inferior da vitrine, fazendo com que toda a estrutura descesse com um estrondo pesado. Em cinco segundos, a base tocou o chão e parou.
Ainda assim, a espada estava a mais de dois metros de altura, e a atendente teve que se esticar ao máximo, primeiro retirando a bainha de couro preto logo abaixo da espada. Entregou-a a outro NPC que esperava ao seu lado e, enfim, alcançou a «Sword of Volupta».
Na minha imaginação, ela seria muito pesada; felizmente, a mulher conseguiu retirá-la do suporte sem deixá-la cair e deslizou a longa espada de platina e ouro dentro da bainha que o outro segurava. Ela se encaixou com um clique no punho, momento em que a atendente pegou a bainha e levantou o conjunto inteiro.
Então voltou ao balcão e estendeu o prêmio.
— Esta é a «Sword of Volupta». Por favor, aceite seu prêmio.
Antes que qualquer um de nós se movesse, Asuna me lançou um olhar. Pelo visto, estava me dando a honra. Apressei-me até o balcão, deslizando as mãos sob a bainha e colocando força com cuidado. A espada deixou os dedos dela.
Ela não era... Pesada. Mas também não era leve. Seu peso era praticamente igual ao da «Sword of Eventide +3», minha arma atual. Segundo «Landeren», o ferreiro ranzinza do acampamento dos elfos negros no terceiro andar, ela era especialmente afiada, mesmo entre as obras-primas de «Lyusula», o que também significava que era delicada. Eu havia colocado todos os pontos em sharpness, o que a tornava mais leve que a média entre as espadas de sua classe.
Se a «Sword of Volupta» era larga e espessa, o fato de ter um peso semelhante ao da «Sword of Eventide» provavelmente significava...
Interrompi aquele pensamento incômodo antes de chegar a alguma conclusão e dei um passo para trás.
— Obrigado. Eu aceito este item.
A atendente de gravata borboleta pegou habilmente a ficha do balcão, e ela e sua colega inclinaram-se profundamente. Achei que ali terminava nossa missão — mas mal tive esse pensamento, e a mulher tirou vários cartões pretos de trás do balcão e os estendeu com ambas as mãos.
— Estes são passes para a praia particular operada pelo cassino. Por favor, aproveitem.
Quase gritei "Issssso!", mas tinha certeza de que Asuna me puxaria pela nuca de novo, então limitei-me a um sorriso cavalheiresco ao pegar os cartões. Eles não eram de plástico, claro, mas tinham um material áspero que não parecia madeira, papel nem metal. A superfície preta era decorada com um logotipo que combinava uma flor e um dragão — provavelmente o símbolo do cassino. Contei quatro cartões; havíamos conseguido cento e quarenta mil fichas, então fazia sentido.
Guardei os cartões no bolso do peito e agradeci novamente. As mulheres se curvaram mais uma vez e responderam em uníssono perfeito.
— Aguardamos ansiosamente sua próxima visita ao Grande Cassino Volupta.
Uma salva de palmas explodiu ao nosso redor, me pegando de surpresa. Vários clientes do cassino estavam reunidos em volta do balcão de trocas, aplaudindo e sorrindo para nós.
Normalmente, eu me empolgaria e acenaria para o público, mas naquela altura, os Korloy já estariam recebendo a notícia de que a «Sword of Volupta» — o prêmio que brilhava intocado no topo do quadro do Grande Cassino por séculos — agora tinha dono. Não era certo que «Bardun» desceria novamente do terceiro andar, mas eu definitivamente não queria encontrá-lo.
— Obrigado, obrigado — murmurei, levantando a mão direita para abrir caminho pela multidão, com a espada debaixo do outro braço. Seguimos para o salão da escadaria, onde me escondi atrás de um pilar, abri meu inventário e joguei a «Sword of Volupta» dentro.
Tínhamos completado a parte mais difícil da série de missões da noite: conseguir as fichas necessárias para adquirir a espada. Parte de mim queria verificar imediatamente as propriedades dela, para ver se eram realmente tão apelonas quanto diziam, mas ainda havia outra tarefa a cumprir.
— Onde eles estão agora, Asuna? — perguntei, levantando o olhar.
Os ombros nus da minha parceira subiram e desceram.
— A ALS e a DKB estão se lamentando em um restaurante a leste da praça do cassino, segundo me disseram. Liten e Shivata conseguiram atrair os dois para o mesmo lugar.
— Entendo. Devemos muito a eles... Vamos ter que pagar um jantar decente algum dia.
— Eu sugeriria o Menon’s, então — disse Asuna, com um sorriso brincando no canto da boca — certamente ao imaginar Shivata sendo forçado a carregar uma montanha de pratos pelo cozinheiro. Eu também queria ver isso, claro. Mas para que isso acontecesse, precisávamos completar uma missão ainda mais difícil: derrotar o boss do andar e recuperar as chaves sagradas.
— Certo... Vamos — falei, me preparando mentalmente para o próximo passo, quando Asuna puxou meu smoking para me deter.
— Eu gostaria de trocar de roupa.
— Ah... Claro.
Numericamente e visualmente, o vestido dela oferecia pouca defesa; fazia sentido que ela não quisesse sair usando aquilo. E, sendo sincero, eu também não queria que aqueles brutamontes do grupo da linha de frente vissem minha parceira vestida daquele jeito. Mas levaria tempo demais voltar ao terceiro andar, trocar de roupa e depois descer novamente.
— Bem, ah... Acho que posso te esconder assim...
Chamei Asuna até a parede e a bloqueei com meu corpo, abrindo o paletó do smoking para oferecer um pouco mais de cobertura.
Por trás da máscara de borboleta, Asuna piscou algumas vezes, então levantou a mão de forma extremamente elegante e a fechou em um punho.
— Mas aí você vai poder me ver de perto!
Foi no momento em que o impacto do soco atravessou a barreira do sistema e atingiu meu lado direito que percebi, tardiamente.
Ah, é mesmo...
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